Eles agitam o bairro do Limoeiro desde os anos 1960 e agora também brilham com suas brincadeiras na tela do cinema e no streaming. A turminha mais famosa da literatura brasileira fez parte da infância de várias gerações e não pretende largar o posto de uma das histórias mais amadas pelas crianças tão cedo.
A série em quadrinhos “Turma da Mônica”, criada por Mauricio de Sousa, ganhou novo fôlego com o lançamento do primeiro filme em live action, em 2019. Mais de dois milhões de espectadores acompanharam o plano infalível de Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão, para encontrar o cachorro Floquinho, após ele desaparecer.

FOTO Filme Turma da Mônica: Gabriel Moreira, Kevin Vechiatto, Giulia Benite e Laura Rauseo interpretam Cascão, Cebolinha, Mônica e Magali, respectivamente (Paris Filmes)
O sucesso nas telonas impulsionou a produção de uma sequência, que saiu no fim do ano ado e arrecadou mais de R$ 10 milhões nas bilheterias. Em 2022, a turma também foi parar no streaming. A série lançada no dia 21 de julho apresenta novos personagens, como Carminha, que chegou para balançar o bairro do Limoeiro.
As produções, no entanto, são pouco perto de tudo que o criador Mauricio de Sousa prometeu para os fãs de Mônica e companhia. Na última semana, ele anunciou que planeja mais 13 projetos no universo da história, entre filmes, animações e séries. Além disso, os quadrinhos continuam a todo vapor!
Como tudo começou 49g2z
Ao contrário do que muitos devem pensar, os primeiros personagens criados por Mauricio de Sousa foram Bidu e Franjinha, os mascotes da turma, e não a menina que dá título ao grupo. Inspirados nos animais de estimação do próprio quadrinista, eles apareceram em tirinhas do jornal Folha da Tarde em 1959. Depois foram lançadas revistas e gibis, enquanto novos integrantes se juntavam à turma.

O de maior destaque foi Cebolinha, o menino que troca o “R” pelo “L”. Inicialmente desenvolvido para ser coadjuvante de Franjinha, logo roubou a cena e ganhou as próprias tirinhas. Na sequência vieram Piteco, Astronauta, Horácio, Penadinho e outros personagens… todos masculinos.
Após receber queixas pela falta de mulheres nas histórias, Mauricio criou a Mônica, em 1963. Assim como grande parte de seus personagens, Mônica foi inspirada na vida real, na filha do autor. Carismática, inteligente e um pouco mandona, a “dona da rua” conquistou os leitores e tirou o posto de protagonista de Cebolinha no fim da década de 1960.
Nos anos seguintes, a “Turma da Mônica” deixou as tirinhas dos jornais para ter as próprias revistas em quadrinhos, em meados de 1970. Desde então, Mauricio não parou mais: escreveu e desenhou gibis focados em quase todos os personagens, licenciou a produção para o audiovisual e para o mercado de games, vendeu brinquedos inspirados na turma e abriu até um parque de diversões temático.
Personagens inesquecíveis 46l56
Os personagens conquistaram o imaginário das crianças de tal forma que se tornaram até símbolo de campanhas publicitárias. Quem nunca pediu para os pais comprarem o miojo da “Turma da Mônica”? E o extrato de tomate do Jotalhão, o elefante verde protetor das matas? Jotalhão virou o garoto propaganda de uma marca em 1969 e segue no “trabalho” até hoje.
As histórias acompanham o cotidiano dos personagens e geralmente começam com alguma situação fora do normal: alguém desapareceu, um morador novo chegou no Limoeiro… mas tramas repetitivas também fazem parte dos quadrinhos. A mais famosa, claro, é o Cebolinha inventar um plano infalível para roubar Sansão, o coelhinho azul da Mônica.
Assim como a grande maioria dos quadrinhos, “Turma da Mônica” é recheado de metalinguagem e humor por vezes exagerado. Os personagens têm características extremamente marcantes; Magali, por exemplo, adora comer (principalmente melancia) e vive roubando comida dos amigos, enquanto o Cascão tem medo de água e evita tomar banho a todo custo.

FOTO Tirinha metalinguagem: A metalinguagem também é muito presente nas tirinhas; os personagens brincam inclusive com os ilustradores (Mauricio de Sousa Produções)
Outras turmas criadas pela Mauricio de Sousa Produções também caíram no gosto do público. Uma das mais queridas é a do Chico Bento, que vive numa fazenda no interior. Tem ainda a turma da Tina, que foca na rotina de um grupo de adolescentes, e a turma do Astronauta, com histórias que se am no espaço sideral.
Um ícone da literatura infantil 3z5qp
“Turma da Mônica” é a história em quadrinhos nacional mais publicada no exterior. Os gibis foram traduzidos para 14 idiomas e exportados para mais de 30 países. Entre os personagens principais, cada um já ganhou cerca de duas mil edições em revistas.
Personalidades reais já foram retratadas dentro do universo dos quadrinhos. O Pelezinho, por exemplo, é uma homenagem ao maior jogador de futebol da história, o rei Pelé. Desenvolvido a partir de conversas com o próprio atleta, Pelezinho apareceu pela primeira vez em tirinhas em 1976. O garoto de sete anos é o único capaz de superar o Cascão no esporte.
Em 2008, Mauricio lançou uma versão da história em formato que remete ao mangá. É uma releitura da “Turma da Mônica”, desta vez com os personagens já adolescentes. As tiragens superaram 500 mil exemplares.

Mauricio de Sousa foi reconhecido pela longa trajetória e por criar alguns dos personagens mais icônicos da literatura infantil brasileira. Em 2011 ele tomou posse como membro da Academia Paulista de Letras, se consagrando como o primeiro quadrinista a ocupar uma cadeira.
O quadrinista também aproveita a popularidade da “Turma da Mônica” para investir em projetos de conscientização. Um deles diz respeito aos cuidados com o meio ambiente. Chico Bento foi escolhido como embaixador da ONG WWF e já foram publicadas diversas tirinhas e outros materiais incentivando as crianças a pensarem em ações para contribuir com o futuro do planeta.
O que vem por aí 6743i
Os fãs da turma podem se preparar: o futuro reserva novas aventuras envolvendo Mônica, Cebolinha e toda a galera! A Mauricio de Sousa Produções está trabalhando em 13 projetos para os próximos anos. Para 2023, já está confirmado um live action do Chico Bento e a série “Franjinha e Milena em Busca da Ciência”, que será lançada pela HBO Max.
A querida “Turma do Penadinho” também vai ganhar filmes para chamar de seus. Os projetos ficaram engavetados durante a pandemia, mas a previsão é que cinco longa metragens focados nos monstros e assombrações que tentam se divertir no cemitério sejam lançados. Jeremias, o primeiro personagem negro da “Turma da Mônica”, também será protagonista de uma obra audiovisual.

A série em exibição atualmente é a última da “Turma da Mônica” com o elenco dos filmes live action. Novos atores devem assumir os personagens para a versão jovem da história, que terá quatro filmes. Uma série infantil, voltada para crianças entre três e cinco anos, será lançada em outubro.
Para quem tem saudades das tirinhas e quer relembrar a infância, há um aplicativo para smartphone chamado “Banca da Mônica”, com histórias antigas e recentes.