As atuais metas nacionais para reduzir a emissão de carbono colocam o mundo no caminho de alcançar 2,7°C de aquecimento ainda neste século. A previsão foi publicada pela ONU (Organização das Nações Unidas) na última terça-feira (26).

O documento Lacuna de Emissões 2021: O calor está em alta destaca que as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) – definidas pelos países para mitigar a emissão dos gases de efeito estufa – junto às demais ações, não são suficientes para manter as emissões abaixo de 1,5°C neste século.
Segundo o relatório, mesmo com o cumprimento das ações atualmente propostas pelos países, o cenário de aquecimento é o mais provável. Ainda assim, não é o único possível. O documento sugere novas ações para reduzir o aquecimento global em 0,5°C.
Como o aquecimento chega em Santa Catarina 6p5m16
Caso o aquecimento global siga nos níveis esperados pelo relatório e chegue aos 2,7°C de aquecimento, a tendência é que eventos extremos sejam acentuados no Estado. Chuvas, secas, frio e calor tendem a se tornar mais intensos.
“O que vai acontecer é acentuar os extremos, como aumentar os períodos de estiagem. Isso pode prejudicar por ser uma região agrícola. O inverso também pode acontecer, com tendência de ter chuvas intensas de curta duração”, comenta Clovis Correa, meteorologista da Epagri/ CIRAM.
Qualidade do mar e qualidade do ar são outras questões que devem ar por uma piora, além de serem condições difíceis de serem resolvidas. Clovis explica que o CO2 tem uma vida útil alta na atmosfera, enquanto o metano é mais prejudicial mas a menos tempo.
Segundo o meteorologista: “Nos níveis atuais, vamos ficar de 50 a 100 anos para voltar à normalidade. Caso chegar neste nível [previsto pela ONU] vamos ter uma concentração de químicos capaz de manter aquela condição de clima por muitos e muitos anos”.
O meteorologista alerta que outros fatores, como o desmatamento da Amazônia, podem reduzir a quantidade de chuva no Estado, já que Santa Catarina depende de muita umidade que vem daquela região.
Líderes mundiais vão debater o tema 5y4p4q
O relatório foi produzido pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e lançado poucos dias antes da Cúpula da ONU sobre Mudança Climática, a COP26.
A reunião acontecerá Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro. Líderes de todo o mundo vão debater as metas do Acordo de Paris e o que foi feito até agora para evitar graus elevados de aquecimento.
Pelo menos dez lideranças brasileiras estarão na COP26, entre eles o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (sem partido). A delegação brasileira é a segunda maior no evento mas não deve contar com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
NDCs brasileira 6l4n73
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas) é o principal compromisso internacional do Brasil sobre mudanças climáticas. Ali, estão expostos as metas, prazos e ações do país para evitar que o aquecimento chegue a níveis alarmantes.
A última versão do documento foi lançada em dezembro de 2020 no Brasil, e prevê que o país reduza 43% das emissões até 2030. A atual meta da NDC, apresentada ao Acordo de Paris, prevê emissões nulas até 2060.
Juntas, segundo o relatório, as contribuições dos países vão retirar 7,5% das emissões de gases previstas até 2030. A ONU destaca que a redução necessária para que o mundo fique dentro do cenário de 2°C de aquecimento é de 30% e de 55% para 1,5°C.
O relatório alerta que o Brasil, ao lado do México, apresentou metas que levam ao aumento de 0,3 giga toneladas de gás carbônico na atmosfera.