Berço de reprodução da vida marinha, a floresta de mangue faz parte de todo o território brasileiro, ultraando dez mil km² do Amapá até Santa Catarina.

Aqui no nosso Estado, por exemplo, temos a famosa Baía da Babitonga, com cerca de 130 km², o que corresponde a mais de 80% dos manguezais catarinenses. Sabe o que isso significa na prática? Que toda essa extensão é área de preservação permanente.
É que uma das leis que compõem o Código Ambiental determina que toda essa extensão seja protegida para preservar a biodiversidade, as questões geológicas, os recursos hídricos e a vida marinha que se desenvolve nessas florestas de mangue.
Mas, mesmo com toda essa proteção, o ecossistema tem sido afetado de várias formas: poluição dos rios, desmatamento nas encostas, construções irregulares, esgotos despejados e uma série de ações que colocam os manguezais em risco.
De olho na importância desse bioma para a natureza, a escola desempenha um papel fundamental de direcionar a conscientização dos alunos para a preservação dessas áreas.
Na Escola Municipal Professor Reinaldo Pedro de França, na zona Sul da cidade, o projeto “Nosso quintal é o mangue” tem reconhecido a riqueza ambiental do bairro onde a unidade está inserida.
Com vista privilegiada para a Baía da Babitonga, as crianças da Educação Infantil até o 5º quinto ano do Ensino Fundamental têm vivenciado os cuidados e a importância do mangue na prática.
Projeto que começou ainda no ano ado, com estudo por meio dos módulos, neste ano virou tema das salas de aula e parte do planejamento pedagógico dos professores da unidade.
“Nosso objetivo é tornar o Morro do Amaral um local mais aconchegante e ajudar a cuidar desse lugar”, destaca a diretora Elaine Cristina Prim Gonçalves, que teve a ideia de tornar o tema institucionalizado.
“Muitos (alunos) abrem a janela de casa e estão na beirada do mangue. Com esse trabalho todo, eles estão dando valor para o alimento que serve para eles ali e que vende para muitos restaurantes. Eles estão valorizando mais e agora eles estão preocupados em preservar o que eles têm aqui.”
A conscientização da escola mobilizou as turmas dos quartos anos – ou “Turma do Manguezal”, já que o projeto deu nomes diferentes para cada sala – a levarem para fora dos muros escolares todo o estudo que eles fizeram sobre o tema.
Com a criação de cerca de 30 placas, o trabalho pedagógico vai servir de alerta de cuidado para a comunidade e turistas que costumam visitar a região.
“Eles têm essa conscientização e preocupação em preservar, porque o descarte do lixo não é deles. São pessoas de fora que trazem esse lixo, por isso as placas de conscientização e preservação”, comenta a professora responsável pela turma, Gleice Mara Ramos Fontes.
Ainda no início da vida escolar, os 40 alunos da Educação Infantil já têm contato com o tema da preservação do mangue local. Com a missão de conhecer mais sobre a toninha, espécie de golfinho, os pequenos estudam a vida marinha e a importância dos cuidados de preservação.
“Um dos habitats da toninha é na Baía da Babitonga e nós temos o privilégio de estar bem pertinho do nosso espaço”, observa a professora Patricia Maria de Oliveira Siqueira Morandim.
Com as salas temáticas, além dos quartos anos, que estudam os manguezais, e da Educação Infantil – que aprende o lúdico com as toninhas -, o primeiro ano desenvolve os estudos sobre o guará; o segundo ano, sobre a vida marinha; o terceiro, os caranguejos; e o quinto, a história dos sambaquis.
A intenção é que os estudantes possam construir um conhecimento completo sobre a realidade do mangue local. “Todos já observaram a baía, mas não com esse olhar que a escola está direcionando”, conclui a técnica pedagógica da unidade, Adriane Bandeira de Jesus.
Preservação na prática 3o2n27

Tem muita coisa que se aprende na escola e que influencia diretamente no comportamento dos alunos no dia a dia – e o incentivo à preservação do meio ambiente é um deles. Jhony da Silva, 9, é aluno do quarto ano e morador do Morro do Amaral.
Ao lado dos avós, o estudante já perdeu a conta de quantas vezes voltou para casa com lixo que recolheu dentro do mangue ou pelas ruas do bairro.
“Litro, plástico, muita coisa a gente coloca no bico da ‘batera’, traz para casa e coloca num lugar que não vai mais para a água”, diz o estudante. “Já saí de casa com uma sacolinha e volta sempre cheia.”
Com o exemplo do Jhony, vale lembrar que o papo de preservação das florestas de mangue é muito sério. Por isso é importante sempre saber:
- Os mangues são locais de reprodução da vida marinha, principalmente como criadouro de peixes, caranguejos e crustáceos.
- Costuma ser fonte de renda das famílias ribeirinhas que vivem da pesca.
- Aliado necessário na luta contra o aquecimento global, os manguezais absorvem grande parte do gás carbônico que está na atmosfera e o levam para o solo e a água por meio das plantas aquáticas que ficam no entorno.
- Os manguezais também são um convite para promoção do ecoturismo, com eios para observação dos animais que vivem no local.