Mantos verdes encobrem paraísos ecológicos, nos quais vidas marinhas e terrestres se misturam em Florianópolis. Por baixo das árvores, em meio a lama, sedimentos e água salobra, a vida renasce nos manguezais. A Capital tem cinco espalhados pela Ilha. Bem no meio da cidade, está o manguezal do Itacorubi, considerado o segundo maior manguezal urbano do País, de acordo com o Instituto Mangue Vivo.

O local integra o Parque Natural Municipal do Manguezal do Itacorubi – Fritz Müller. O espaço, conforme a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), é uma unidade de conservação de proteção integral. Conta com 216,47 hectares entre o Itacorubi e parte dos bairros Agronômica, Córrego Grande, João Paulo, Santa Mônica e Trindade.
Se o tamanho impressiona hoje, imagina como era essa área há algum tempo, antes do manguezal do Itacorubi sofrer interferência humana, que fez ele diminuir de tamanho. Fotos de satélite de 1938 mostram como o manguezal era bem maior.
“De lá pra cá, ele começou a encolher, teve muita vegetação suprimida, foi aterrado e sofre com ligações clandestinas de esgoto. Por muitos anos, ao lado do manguezal funcionou o aterro sanitário da Capital. Até hoje o manguezal sofre com os resíduos deste aterro”, informa o oceanógrafo Silvio de Souza Junior.
Boa parte das mudanças se deram a partir da década de 1950. “Foi quando a avenida da Saudade foi erguida em cima do manguezal, assim como boa parte do bairro Itacorubi, Santa Mônica e da avenida Beira-Mar Norte. Praticamente fecharam os três lados do manguezal, deixando apenas livre parte da saída para o mar”, pontua Souza Junior.
Consciência ambiental é a chave 54h5o
O oceanógrafo Silvio de Souza Junior acrescenta que, mesmo diante desses entraves, o manguezal resiste. “Hoje temos uma consciência ambiental muito maior. Isso tem sido a chave para ações que mantêm os manguezais vivos. Mesmo ando por tudo que ou, o manguezal do Itacorubi respira vida. Centenas de espécies como peixes, aves, crustáceos, mamíferos e répteis que vivem, crescem e se reproduzem ali”, diz.
Os manguezais têm um papel importante também na purificação das águas. “Eles acabam funcionando como filtros. A água contaminada com esgoto chega pelos rios e, ao entrar em contato com a água salgada, sedimentos acabam indo para o fundo. Assim, essa água é filtrada antes de ser despejada ao mar. Esse processo é importante demais para a ecologia. O manguezal influencia em todo o ambiente que está em sua volta, principalmente na questão da pesca e até eventos climáticos”, ressalta Souza Junior.
Em nota, a Prefeitura de Florianópolis afirmou que está atuando diligentemente para preservar o manguezal do Itacorubi, coibindo danos e infrações ao local protegido, como supressão de vegetação, construções clandestinas e lançamento irregular de efluentes.
O poder público ressalta que “o maior desafio para a preservação do manguezal consiste na conscientização da população, para que todos contribuam para a manutenção de suas funções ambientais para as presentes e futuras gerações, tratando-se de ambiente fundamental para a fauna e flora locais”.
Floripa 350 y4k5m
O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.