Litoral Norte de SC pode ‘afundar’ com aquecimento global? Mapa traz previsão alarmante 4fo4z

Análise do Climate Central, organização de análise climática, adverte que parte da costa corre risco de inundar até 2030, caso tendências de aquecimento global persistam 3s1qz

O aquecimento global é um dos temas mais debatidos da atualidade, e um dos principais medos é de que cidades possam ser tomadas pelo mar com o aumento das temperaturas e, consequentemente, o derretimento de geleiras. A preocupação também existe no Brasil, e o Litoral Norte de Santa Catarina corre risco real de sofrer com o problema.

Imagem gerada por inteligência artificial de cidade litorânea tomada por inundação causada pelo aquecimento globalLitoral Norte de Santa Catarina pode ter sérios problemas de inundações com o aquecimento global (imagem gerada por inteligência artificial).  – Foto: Reprodução/Bing Image Creator

A organização sem fins lucrativos Climate Central, especializada em análise climática, divulgou em sua plataforma um mapa interativo que revela regiões potencialmente afetadas pelo aumento do nível do mar. Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú poderiam enfrentar significativas inundações em várias localidades já em 2030.

O mapa, baseado em dados do IPCC ( Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), avalia, com base em topografia, áreas mais suscetíveis a inundações e erosões. Esses problemas são particularmente comuns na região, dada sua natureza litorânea e a presença de rios que cortam as cidades. Um aumento de apenas um metro no nível do mar já seria suficiente para causar danos significativos.

O principal impulsionador desses riscos costeiros é a emissão de dióxido de carbono (CO2), um dos principais contribuintes para o aquecimento global. Simplificadamente, o aumento da concentração desse gás na atmosfera eleva a temperatura global, acelerando assim o derretimento de geleiras.

Confira a previsão do Climate Central de inundações causadas pelo aquecimento global em 2030: 3h2q6s

Para o professor da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), oceanógrafo e geógrafo, Marcus Polette, a falta de adesão efetiva dos países ao Acordo de Paris de 2016 (COP-21), que visa fortalecer a resposta global às crises climáticas, é uma das principais razões por trás dessa previsão.

“O compromisso do COP-21 era de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e fazer esforços para limitar o aumento a 1,5°C acima desses níveis”, pontua o professor ao ND Mais. “Está claro que estamos cada vez mais vulneráveis às mudanças climáticas.”

Itajaí, em Santa Catarina, tomada por alagamentosEnchentes são relativamente comuns na região por chuvas, que causam cheia dos rios. – Foto: Prefeitura de Itajaí/Reprodução/ND

Além de identificar as áreas mais suscetíveis a inundações com o aquecimento global, devido ao aumento do nível do mar, o mapa do Climate Central também projeta como essas regiões seriam afetadas em diferentes anos, caso as tendências de aumento do nível da água persistam.

Praias como Cabeçudas, Atalaia e Brava, em Itajaí, assim como bairros situados às margens do rio Itajaí-Açu, como Cordeiros e Murta, seriam inundados até 2030. O mesmo ocorreria na Meia Praia, em Navegantes, e na Barra Sul de Balneário Camboriú. Olhando mais adiante, para 2100, o panorama seria ainda pior, com vastas áreas submersas.

Confira a previsão do Climate Central de inundações causadas pelo aquecimento global em 2100: 5e6c4x

Polette explica que essa projeção é resultado da ocupação dos municípios em planície costeira de origem fluvial. Alguns bairros, por exemplo, foram construídos sobre a várzea do rio Itajaí-Açu, tornando-os particularmente vulneráveis a inundações, e mais ainda com o aquecimento global.

“Essas áreas são drenadas pela maior bacia hidrográfica de Santa Catarina, bem como pelo rio Itajaí-Mirim”, destaca Polette. “O crescimento urbano ocorreu de forma espontânea, e somente em 2001, com a implementação do Estatuto da Cidade, é que os municípios com mais de 20.000 habitantes foram obrigados a desenvolver Planos Diretores até 2006, com revisões em 2016.”

Rio Camboriú, localizado em Camboriú (SC) e Balneário Camboriú (SC)Rio Camboriú é um dos que podem contribuir para o alagamento de cidades no Litoral Norte. – Foto: Divulgação/Emasa

No entanto, segundo o professor, alguns critérios desses planos ainda não foram integralmente implementados, especialmente no que diz respeito à avaliação da vulnerabilidade das áreas propensas a eventos climáticos extremos. Portanto, seria crucial estabelecer estratégias para o uso seguro do solo nessas locais.

“É fundamental ter base científica, identificando áreas que devem ser conservadas ou até mesmo preservadas”, enfatiza. “Isso inclui a criação de áreas de escape para inundações, prática já comum na Europa, e a implementação de medidas para prevenir a erosão costeira, que tende a se agravar.”

Imagem ilustrativa de termômetro indicando temperatura elevadaAumento de temperaturas globais é um dos fatores mais preocupantes das mudanças climáticas. – Foto: Reprodução/Freepik/ND

Para Polette, o Litoral Norte ainda está distante da urgência para mitigar os impactos das mudanças climáticas e o aquecimento global. Isso não apenas colocaria em risco a submersão de áreas urbanas, mas também ameaçaria setores econômicos fundamentais, como agricultura e o turismo.

“[Possibilidade de] infestações de vetores, mudanças nos padrões de cultivo agrícola e, até mesmo, de impactos significativos nos municípios cuja economia depende do turismo de sol e praia”, conclui o professor.

Os mapas interativos disponibilizados pelo Climate Central podem ser ados no site da entidade. Os usuários têm a opção de visualizar projeções do aquecimento global para diferentes anos, níveis do mar e comparativos de temperatura global, além de analisar os impactos diretos do derretimento das geleiras.

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