Mais de 5.800 animais foram resgatados mortos no Litoral de Santa Catarina, segundo levantamento divulgado pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos. Os números são referentes ao trecho que corresponde as cidades de Itapoá, no Norte do Estado, até Laguna, no Sul.

De acordo com o levantamento – que corresponde ao período de 1 de janeiro a 16 de dezembro -, ao todo foram resgatados 6.694 animais. Desses, 830 foram encontrados com vida, enquanto 5.864 já estavam mortos, ou seja, 87% do número total de ocorrências.
De acordo Jefferson Dick, coordenador da unidade de estabilização de animais marinhos da Univali, apesar da quantidade, o projeto registrou uma redução de aproximadamente 40% nos números em comparação ao ano ado.
“A quantidade pinguins e de tartarugas-verdes encalhadas no litoral catarinense foi menor, se comparado com o ano ado. Este foi um dos fatores que contribuíram para a queda”, conta.
No ranking dos animais resgatados, as aves marinhas aparecem em primeiro lugar, com 4.435 registros, seguidas das tartarugas (1.780) e dos mamíferos (479). A Grande Florianópolis foi a região que registrou o maior número de resgates, com 1.449 animais, sendo 206 vivos e 1.243 mortos.
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Pinguins são os mais encontrados 2v267
Ainda de acordo com o levantamento, em 2019, o pinguim-de-magalhães foi a espécie mais encontrada com 2.695 ocorrências. Já entre os animais vulneráveis ou em perigo de extinção, a tartaruga-verde encabeça a lista com 1.473 ocorrências.
Segundo Jefferson, como os animais marinhos são silvestres, as espécies não têm como hábito procurar por ajuda. Por esse motivo, ao ficarem fracos, eles procuram nadar para longe e acabam morrendo em alto mar. Com a corrente marítima, eles são trazidos até as praias onde são recolhidos pelas equipes do projeto.
“Entre os pinguins, a maioria das mortes é por causa natural, principalmente na época de migração, onde só os mais fortes conseguem sobreviver. Já entre a tartarugas-verde, grande parte das mortes está relacionada com a pesca. Elas ficam presas às redes e acabam morrendo afogadas”, explica.

Além disso, o coordenador destaca que geralmente são encontrados pedaços lixo, como plástico, no intestino das tartarugas.
Entre os animais vivos, cerca de 50% são reabilitados 4b285i
Em 2019, 830 animais marinhos foram resgatados com vida pela equipe do PMP. Destes, segundo Jefferson, cerca de 50% são reabilitados e devolvidos à natureza, um número considerado positivo se levado em conta a maneira com que os animais são encontrados.
“Quando estes animais chegam nas unidades de estabilização, entram extremamente debilitados. Então, para nós, conseguir salvar pelo menos 50% dos animais já é um ponto positivo”, comemora.
Após serem recolhidos, os animais são encaminhados para uma das cinco unidades de estabilização do projeto que realiza um tratamento inicial. Depois, são transferidos para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, em Florianópolis, onde são reabilitados e, finalmente, devolvidos à seu habitat natural.
Veja alguns animais encontrados no nosso litoral 1y451z
- Espécies com maior número de ocorrências:
Pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus): 2.695
Gaivota (Larus dominicanus): 644
Biguá (Phalacrocorax brasilianus): 151
Bobo-pequeno (Puffinus puffinus): 158
Atobá-pardo (Sula leucogaster): 153
Lobo-marinho-do-Sul (Arctocephalus australis): 106.
- Raras (algumas em perigo de extinção):
Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea): 12
Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata): 8
Baleia-minke (Balaenoptera acutorostrata): 1
Cachalote-pigmeu (Kogia breviceps): 1
Falsa-orca (Pseudorca crassidens): 1
Elefante-marinho-do-Sul (Mirounga leonina): 1.

- Vulnerável ou em perigo de extinção:
Tartaruga-verde (Chelonia mydas): 1.473
Toninha (Pontoporia blainvillei): 244
Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta): 230
Albatroz-de-bico-amarelo (Thalassarche chlororhynchos): 101
Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea): 19
Baleia-franca-austral (Eubalaena australis): 1.
O que é PMP-BS? 4v1b52
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O projeto é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. Em Santa Catarina, seis instituições são parceiras no projeto: Univali, Udesc, Instituto Australis, Associação R3 Animal e Univille.