A série de incêndios que atingiu o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro desde o início de setembro trouxe danos gigantes para a fauna e flora da região. Para o coordenador do parque, Carlos Cassine, a estimativa é que cerca de 15 anos sejam necessários para recuperar a vegetação do local.

Carlos explicou que todo o projeto e plano de ação para a recuperação da flora estão sendo feitos por um grupo que se formou logo depois do primeiro grande incêndio, no início de setembro. O grupo é composto por diversos voluntários, entre eles três professores da UFSC, um professor da Udesc e três organizações que contam com especialistas da área ambiental.
Plano de recuperação e linha de ação 2o16v
O plano de recuperação da vegetação, que contará com quatro linhas de ação, deverá ser concluído em duas ou três semanas.
As linhas de ação definidas pelo grupo são as seguintes: criação de um viveiro de mudas com as espécies nativas do local; retirada da plantação de pinus, que é uma espécie de pinheiro que libera resíduo tóxico quando queima; limpeza para retirada do lixo do parque e comunicação com o entorno do parque, para eventuais problemas que aconteçam no futuro.
No momento, como o parque ainda não possui um viveiro, será realizada uma parceria com a Engie Brasil Energia. As sementes das mudas que serão replantadas serão levadas para o viveiro da empresa, em Capivari de Baixo, e após o crescimento levadas de volta ao parque para o plantio.
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O projeto do viveiro no Parque Estadual Serra do Tabuleiro será feito por um profissional com mestrado em botânica e a previsão orçamentária é que tenha um custo entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
De acordo com Cassine, a verba para o projeto poderá vir de uma ajuda do MPF (Ministério Público Federal). O órgão está trabalhando junto com o parque na recuperação da flora. Também há a possibilidade de utilização da verba de compensação ambiental.
A verba de compensação ambiental é proveniente de empresas que realizam retirada de vegetação nativa para instalação de seus empreendimentos e são obrigadas a compensar esse impacto ambiental com o plantio em áreas desmatadas.

Além do projeto do viveiro, a ideia é trabalhar com a educação ambiental para fazer os novos plantios. Cassine afirmou que muitas escolas da região procuraram o parque com o anseio de auxiliar na reposição da vegetação.
O projeto ainda prevê o trabalho voluntário, que será supervisionado por uma equipe do Instituto ÇaraKura.
O coordenador do parque ainda fez questão de frisar que no momento a prioridade é elaborar e finalizar o projeto de recuperação, para em seguida procurar verbas e investimentos.
Vegetação rebrotando 4g4w33
Na última sexta-feira (25) foi feita uma nova vistoria no parque com acompanhamento de uma equipe técnica. Durante as análises no parque, constatou-se que há muita vegetação rebrotando e se recuperando dos estragos do fogo.
Há bromélias, pés de butiá e até mesmo algumas árvores queimadas que estão rebrotando e recuperando a vida do parque. No caso das árvores, elas estão rebrotando do tronco, uma vez que o fogo não chegou a matar a raiz, apenas destruiu a parte superior.
Carlos Cassine ainda afirmou que a expectativa é que as plantas arbustivas, de cerca de dois metros, atinjam o tamanho que tinham em até cinco anos. Mas, isso ocorrerá apenas com as espécies que resistem ao fogo. As que não resistem deverão ser replantadas para recompor a vegetação por completo, e necessitarão de um tempo maior.
Baseado em um grande incêndio que aconteceu em 2006, ou seja, 13 anos atrás, a expectativa é que dentro de 15 anos, até o ano de 2034, a vegetação esteja recuperada, praticamente com uma área de floresta fechada.
Laudo do IGP e dano ambiental de R$ 8 milhões 3i201z
Na última segunda-feira (21), o IGP (Instituto Geral de Perícias) concluiu o laudo sobre a série de incêndios na Serra do Tabuleiro. O laudo concluiu que o fogo foi causado por ação humana, mas não conseguiu identificar se o ato foi criminoso ou não.

Desta forma, de acordo com o delegado Diogo Parma, foi sugerido o arquivamento do inquérito.
Além da constatação de ação humana, o laudo também estimou um dano ambiental da ordem de R$ 8,235 milhões. Cassine afirmou que não teve o ao laudo e disse desconhecer o valor.
Para o coordenador do parque, o investimento necessário para a recuperação do local é cerca de 82 vezes menor do que o apontado pelo IGP. Com o projeto do viveiro e o trabalho voluntário, a estimativa é de que R$ 100 mil, provenientes da verba de compensação ambiental, sejam suficientes para recuperar a flora.