Atualmente invisível a olho nu, o rio da Bulha, canalizado sob a avenida Hercílio Luz, em meio ao Centro de Florianópolis, tem origem no maciço do Morro da Cruz, a uma altitude de 285 metros do nível do mar. Assim como ele, diversos rios, córregos e canais têm as nascentes dentro do Parque Natural Municipal do Morro da Cruz, segundo a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente).

Em busca de soluções ambientais para as águas que compõem as bacias hidrográficas do maciço do Morro da Cruz e seu percurso até o mar, um seminário foi realizado pelo Comitê do Maciço, no Marista Escola Social Lucia Mayvorne, durante toda a tarde de sábado (25)
“Aqui temos unidades de conservação, nascentes fundamentais, rios que nascem aqui e drenam toda a cidade. É importante que a cidade lá embaixo saiba disso e que nos ajude a restaurar os rios que já perdemos, além de reflorestar a cidade inteira para que possamos enfrentar o desafio das mudanças climáticas”, explica o professor do Centro de Ciências Biológicas da UFSC, Paulo Horta, que palestrou com a temática “As mudanças climáticas e as águas”.
A partir das bacias hidrográficas do maciço, foram destacados a relevância do sistema de drenagem, o manejo adequado do esgotamento sanitário e a correta gestão dos resíduos sólidos, que compõem o “caminho das águas” em direção às baías da cidade. Essa discussão enfatizou a importância do Parque Natural Municipal do Morro da Cruz, considerado o “pulmão” da região central.
O evento abordou os principais desafios enfrentados pela comunidade em torno do maciço, questões ligadas a toda a cidade, como é o caso da drenagem e o esgotamento sanitário. “Parte das nossas bacias hidrográficas param nas baías, e antes de chegar até lá, am no meio da cidade. A cidade tem um problema de drenagem urbana e isso aparece muito forte no maciço. Então é um dos problemas que precisamos resolver”, declara o membro do Comitê, Márcio Cardoso.
Preservação deve ser trabalho conjunto 5z3i2e
O seminário também contou com a participação do fórum dos pescadores artesanais das baías Norte e Sul. Coordenador do fórum, Sandro Garcias explicou que o cuidado com as nascentes é fundamental para a continuidade da atividade da pesca e para a saúde pública.
“Não dá para ficar somente na beirada da água limpando. O problema é um só. É fundamental que trabalhemos juntos. Precisamos fazer algo e já estamos atrasados”, relata.

À tarde, através de debates divididos em três grupos, ocorreu a construção de uma carta aberta à sociedade. O evento foi uma realização coletiva do IVG (Instituto Vilson Groh), Marista Escola Social Lucia Mayvorne, comitê popular comunitário do Maciço Morro da Cruz, e representantes de entidades como a Floram e o Crea, e o apoio do Grupo ND.
Além disso, a academia também esteve presente com a intenção de promover conhecimento sobre o assunto. “Esse trabalho, juntamente com a comunidade, é o que faz a diferença. Assim como esse projeto muito bonito, que trabalha sobre a questão das águas, eu vejo a comunidade como vários afluentes que estão se juntando e tomando força”, frisa o pró-reitor de extensão e relação externa do IFSC, Valter de Oliveira.