Um ano após incêndios, pinus começam a ser retirados do Parque Estadual Serra do Tabuleiro 4le59

A espécie invasora é propagadora de chamas por sua resina inflamável, além de provocar o extermínio da flora nativa por consumir espaço, nutrientes, água e luz solar. by6n

As marcas visíveis dos incêndios que ocorreram em setembro do ano ado no Parque Estadual Serra do Tabuleiro, na Baixada do Maciambu, em Palhoça, estão nos troncos de árvores queimadas e mortas que podem ser encontradas pela imensa área de mais de 800 hectares consumidas em dias seguidos de fogo criminoso. Quem não se abalou com o fogo foram os pinheiros, ao contrário. Mesmo com os troncos queimados, eles brotaram, continuam crescendo e ameaçando a biodiversidade da maior unidade de conservação de Santa Catarina.

Pinus estão por toda a parte, a espécie se reproduz com facilidade e rapidez – Foto: Anderson Coelho/NDPinus estão por toda a parte, a espécie se reproduz com facilidade e rapidez – Foto: Anderson Coelho/ND

Os pinheiros, ou pinus, são condutores e propagadores dos incêndios por possuir uma resina inflamável. Em todos os locais onde o fogo se propagou havia pinheiros que, como um pavio, conduziram as chamas com a ajuda do vento. Para evitar que um foco de incêndio se transforme em uma tragédia ambiental é indispensável a supressão da espécie exótica da área do parque.

A eliminação dos pinus está prevista no Plano de Contingência aos Incêndios Florestais na Baixada do Maciambu, que começou a ser elaborado ano ado mas que ainda não foi concluído. Também faz parte do Plano de Restauração Ecológica da Baixada do Maciambu e do Plano de Manejo do Parque Estadual Serra do Tabuleiro, que abrange oito municípios.

Nessa semana, começou uma operação para a derrubada dessas árvores exóticas graças a uma parceria de uma empresa de Florianópolis. Com essa cooperação, a empresa conseguirá um selo verde e o parque irá se livrar de parte de um grande problema. De acordo com Carlos Cassini, coordenador do parque, por cinco anos a empresa parceira patrocinará a derrubada de pinus durante 14 dias a cada ano e para começar, 14 hectares de pinus serão exterminados.

Durante duas semanas serão eliminados 14 hectares de pinus – Foto: Anderson Coelho/NDDurante duas semanas serão eliminados 14 hectares de pinus – Foto: Anderson Coelho/ND

Na área onde haverá a derrubada, com a parceria de uma empresa de São José, estão sendo plantadas mudas de árvores nativas em substituição às destruídas pelo fogo e pelos pinus. No local, que tem uma extensão de aproximadamente dois quilômetros, será implantada uma trilha para contemplação e também que servirá para o o de veículos quando houver incêndios.

Competição desigual 1y2o25

O pinus é uma das espécies invasoras mais agressivas presentes no parque. As outras duas são o eucalipto e o capim braquiária. No entanto, o pinus é ainda mais ameaçador para o ecossistema local. Onde ele nasce nada mais cresce. A vegetação nativa morre ou não consegue se desenvolver porque a árvore estrangeira consome a água e os nutrientes do solo, além de crescer muito, fazer sombra e impedir que os raios de sol cheguem a quem está sob ela.

E tem mais: as sementes de pinheiro voam longe, onde caem brotam e é desse jeito que em alguns pontos do Serra do Tabuleiro a paisagem é diferente, restinga e mata atlântica são coadjuvantes. “As ações não podem parar. Não vamos conseguir eliminar todos os pinus, mas eles devem ser reduzidos ao mínimo”, comentou Carlos Cassini, coordenador do parque.

Proteção natural 5z3q2k

Na Baixada do Maciambu, durante os incêndios os cordões arenosos protegem a vegetação porque o fogo não consegue atravessar. Isso quando não há pinheiros por perto. Onde os pinus estão o fogo se alastra com facilidade e rapidez, seja pelos seus galhos ou pelas suas folhas que se acumulam no solo.

“Aqui nós temos área de banhado intercalada com cordões arenosos, que protegem naturalmente a restinga. A própria restinga também retém o fogo porque é uma vegetação úmida. Onde ela está sozinha dificilmente o fogo invade, a não ser quando o solo está muito seco”, explica o geógrafo Luiz Pimenta, coordenador do Centro de Visitantes do Parque Estadual Serra do Tabuleiro.

Há coleta de resina em dezenas de árvores. A prática é proibida – Foto: Anderson Coelho/NDHá coleta de resina em dezenas de árvores. A prática é proibida – Foto: Anderson Coelho/ND

Resina inflamável e comercial 2n115s

A seiva do pinheiro é uma resina altamente inflamável que favorece a propagação das chamas. Ela é utilizada pela indústria para a fabricação de tintas, borrachas, cosméticos e outros produtos. A extração da seiva na área do parque não é permitida, no entanto, há dezenas de árvores sendo exploradas. A extração é feita a partir de um corte no tronco do pinus e a seiva é depositada em um saco plástico preso na árvore. Segundo Carlos Cassini, ainda não se sabe quem são as pessoas que estão coletando a resina dos pinheiros.

Domingo no parque 5f3v1u

No domingo (18), um grupo de voluntários vai participar do evento nacional ‘Um dia no parque’ que ocorrerá em unidades de conservação de todo o País. No Parque Serra do Tabuleiro, a missão dos participantes será o de arrancar as mudas de pinus que estão espalhadas na área da nova trilha. “Queremos que a pessoas criem um vínculo com o parque. Quem vir aqui, conhecer e entender como funciona esse ecossistema vai ajudar a cuidar do parque”, afirmou Carlos Cassini.

Onde há pinheiros a vegetação nativa desaparece – Foto: Anderson Coelho/NDOnde há pinheiros a vegetação nativa desaparece – Foto: Anderson Coelho/ND

O que foi feito após os incêndios 5so36

O ano de 2019 foi encerrado com o prejuízo de 1,3 mil hectares destruídos pelo fogo provavelmente intencional. Nesses mais de 12 meses, desde os incêndios de setembro, o Plano de Contingência aos Incêndios Florestais na Baixada do Maciambu, onde está localizado o parque no município de Palhoça, ainda não foi concluído e está em fase final de elaboração.

De acordo com Carlos Cassini, a elaboração do plano aproximou as entidades e tem facilitado as ações antes mesmo da conclusão do documento. Como exemplo ele citou o tempo de resposta do Corpo de Bombeiros. “Temos contato direto com eles que atendem prontamente e a gente entra com eles (na área de incêndio) e faz o combate”, disse.

Nos incêndios do ano ado, várias pessoas apareceram para ajudar no combate ao fogo, entre elas bombeiros civis e brigadistas voluntários. Mas não havia equipamento e foi improvisado o uso de baldes de água. Depois da crise que devastou a vegetação e matou uma diversidade de animais, foram adquiridos pelo parque equipamentos como bolsa costal e abafador e um kit pick-up composto por uma bolsa com capacidade para 500 litros de água e uma bomba para ser transportado na carroceria de uma camionete.

A Defesa Civil de Palhoça está colaborando com a abertura de caminhos para facilitar a entrada de veículos para o combate a incêndios, uma grande dificuldade enfrentada durante os sinistros ados. Por sua vez, a Defesa Civil Estadual está fornecendo capacitação online em psicologia de desastres para os voluntários e quando for permitida a capacitação presencial o Corpo de Bombeiros aplicará as práticas de combate.

Luiz Pimenta e Carlos Cassini (à direita) trabalham pela conservação do parque – Foto: Anderson Coelho/NDLuiz Pimenta e Carlos Cassini (à direita) trabalham pela conservação do parque – Foto: Anderson Coelho/ND

Incendiários processados 6v4f6b

A Polícia Civil concluiu que os incêndios do ano ado foram criminosos, porém não identificou os autores. Nos primeiros meses de 2020, novos incêndios atingiram a reserva, mas desta vez os culpados pelo crime ambiental foram identificados. Cinco pessoas estão sendo processadas pelos três incêndios registrados no parque, um deles fechou a BR-101 em janeiro.

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