Gilberto Gil completa neste domingo (26) 80 anos. A data é um bom motivo para relembrar a carreira de um dos grandes artistas brasileiros. O cantor é um dos criadores do movimento tropicalista e vencedor de inúmeros prêmios internacionais.

Gil foi ministro da Cultura do governo Lula entre 2003 e 2008. Na política, também foi vereador na cidade de Salvador entre 1989 e 1992.
Em seu Instagram, o cantor fez uma reflexão: “Vendo o panorama geral da minha vida, eu fiz tudo para ser quem eu sou, para estar no lugar em que estou e sentir a vida de modo a estar em conformidade com ela. É o que sempre digo: conformidade conforme a idade. Tenho a idade que tenho hoje e uma vida em conformidade com ela”.
Nascido em Salvador, na Bahia, no ano de 1942, Gilberto Gil viveu a sua infância na cidade de Ituaçu. Em 1951, voltou para a capital e começou a aprender acordeão por influência de Luiz Gonzaga e do gênero musical baião. João Gilberto e a bossa nova inspiraram Gil a aprender a tocar violão, por conta disso ganhou o primeiro instrumento de sua mãe.
Gil começou a compor suas primeiras canções no violão, no ano seguinte. É neste momento que as suas primeiras bossas começam a ganhar forma. Compôs também jingles no estúdio JS Discos, realizando a primeira gravação de uma música autoral, Bem Devagar, tocando acordeão com o conjunto vocal As Três Baianas.
O cantor também lançou seu disco de estreia, Gilberto Gil – sua música, sua interpretação. Ganhou destaque na televisão, no programa O Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina, e é contratado pela Philips para gravar o primeiro LP. Com isso, decidiu largar o emprego em 1966, a fim de se dedicar à música.
Tropicalismo e ditadura militar
Em 1967, Gil e outros artistas da MPB criaram o Tropicalismo. Este era um movimento de vanguarda da música popular brasileira, de influência modernista. Após a música “Divino, Maravilhoso” – cantada por Gal Costa em parceria com seu irmão Caetano Veloso – alcançar o terceiro lugar do 4° Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, a canção origina um programa experimental dos tropicalistas.
Dias antes do natal, o programa foi apresentado pela última vez por Gil e Caetano. Os músicos foram presos por conta das medidas do Ato Institucional n° 5 (AI-5), implantado pela Ditadura Militar [1964-1985], que barrou a liberdade artística e dos cidadãos a partir da censura.
Os artistas foram acusados de ofender a bandeira e o Hino Nacional. Foram soltos e seguiram para Salvador, onde ficaram em confinamento até saírem do Brasil. Gil e Caetano ficaram exilados em Londres, após realizar um show de despedida no Brasil. Neste ano também foram lançadas algumas músicas como Aquele Abraço, um dos maiores sucessos de Gil.
De volta para o Brasil em 1973, junto com outras figuras da MPB, se apresentou no Midem, em Cannes, na França. Por ação novamente da censura, Gil e Chico Buarque foram impedidos de cantar no evento Phono 73, da Philips, em São Paulo. Apesar da censura, no final do ano, Gil se apresentou com Gal no Olympia, em Paris.

Prêmios e indicações
Em 2005, ganhou o Prêmio Multishow de Música Brasileira, pela música “Vamos Fugir” (Gilberto Gil/Liminha), com Skank. No ano seguinte, recebeu das mãos do Rei Carl Gustaf 16 o Prêmio Polar de Música, concedido pela Academia Real de Música da Suécia, por suas contribuições para a arte. Ganhou o Grammy de melhor disco de World Music por “Eletracústico” em 2006.
Em 2007, o disco Gil Luminoso proporcionou a Gil uma indicação ao 50° Grammy, concorrendo como melhor álbum novamente na categoria World Music. Em 2010 ganhou dois Grammy latinos, nas categorias de melhor álbum de música popular brasileira Bandadois e de melhor álbum de Native Brazilian Roots.
Ganhou o Grammy latino na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, em 2012, com o Especial Ivete, Gil e Caetano. Por fim, em 2019 levou o prêmio Chamber Prize, da Dinamarca, com o álbum “OK OK OK”.