Culto, refinado, elegante, politicamente conservador e culturalmente progressista (modernista). Jorge Lacerda, cujo centenário de nascimento transcorre neste domingo, 20, era médico, jornalista e advogado, descendente de gregos, e, antes da política, fez da cultura um apostolado de sua vida, trabalhando no jornal A Manhã (RJ), onde fundou e dirigiu o suplemento Letras & Artes. Conviveu com grandes artistas e escritores brasileiros do século 20, entre os quais Carlos Drummond de Andrade, Oscar Niemeyer e Adonias Filho, e só deixou a atividade quando resolveu dedicar-se à carreira política. Foi deputado federal e depois governador de Santa Catarina (1956-1958).
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Embora tenha sido apenas jornalista – nunca se dedicou à criação literária -, a qualidade de sua formação intelectual apareceu nos discursos sofisticados e eloquentes e em inúmeras ações de governo, como o início da construção do Instituto Estadual de Educação – cuja entrada tem uma estátua em sua homenagem, instalada em 29 de janeiro de 1961 –, a reforma do Museu de Arte de Santa Catarina e o apoio decidido a grupos culturais, como o Sul e o Litoral. O IEE, de projeto arquitetônico nitidamente inspirado em Brasília, teve a contribuição de Oscar Niemeyer, começou a ser construído em seu governo, mas só foi inaugurado em 1964, pelo governador Celso Ramos.
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A morte prematura do governador, num acidente aéreo (1958) em que também perdemos as figuras do senador Nereu Ramos e do deputado Leoberto Leal, interrompeu uma carreira política e cultural das mais produtivas e orgânicas de nossa história.
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Jorge Lacerda não foi o único governador culto, mas certamente o único que, antes de istrar o Estado, teve uma significativa vivência cultural. Outros, como Antônio Carlos Konder Reis (1975-1979 e 1994-1995), Jorge Bornhausen (1979-1982) e Esperidião Amin (1983-1987 e 1999-2003), sempre se cercaram de intelectuais, prestigiando e estimulando a área da cultura.
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De 2003 para cá istração cultural do governo foi sucateada, por falta de uma política específica e pela completa bagunça na gestão setorial. Santa Catarina, em nome de Jorge Lacerda, merecia mais atenção à cultura, com ampla participação dos produtores culturais, superando esse atraso de mais de uma década, causado principalmente pelas ingerências político-partidárias.
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No dia 29 deste mês, às 20h, a Assembleia Legislativa promove o lançamento de “Jorge Lacerda: jornalista, humanista e estadista”, alentado trabalho de pesquisa do jornalista Moacir Pereira. A obra tem o selo da Insular, com apoio da Associação Catarinense de Imprensa, Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e Academia Catarinense de Letras.
Direitos Humanos
Entre os dias 27 e 30 deste mês, o Instituto de Pesquisas e Estudos Jurídicos e Culturais realiza o 1º Congresso Internacional de Direitos Humanos, na Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis, o Cesusc. Na programação do evento estão confirmadas conferências, palestras, debates e oficinas, filmes e exposições sobre o tema. Na abertura estão confirmadas presenças do jurista espanhol Baltasar Garzón e da ministra Ideli Salvatti. Informações e inscrições no site www.ipej.org.br/congresso.
Sabor Brasil
A Banda Sabor Brasil, um dos grupos vocais de mais sucesso do Estado, vai embalar o lançamento do livro Mulheres 2, do jornalista e escritor Paulinho Schüler, nesta terça-feira, 22, no Iguatemi. No repertório, sucessos de Luiz Meira, Milton Nascimento e Tom Jobim. A apresentação ocorre na Praça de Alimentação do shopping, a partir das 20h.
Abençoada
Para fortalecer a Organização Saúde Criança Florianópolis, um grupo de arquitetos e designers se mobilizou para produzir uma mostra especial, na quarta edição do Com Arte É Melhor. Cada profissional customizou uma cadeira, que será vendida na mostra, dia 22, no Bistrô d’Acâmpora. Entre as peças especiais, estará uma cadeira homenageando Nosso Senhor do Bonfim, produzida pela arquiteta Cíntia de Queiroz.
De menos
Aquela história do “trocar a carne bovina pelo ovo”, que causou tanta polêmica, está bem visível nos supermercados. Não só com a carne bovina, mas também a suína, que quase dobrou de preço nos últimos tempos. E os açougueiros têm a explicação na ponta da língua: “Os frigoríficos exportam demais, sobra pouco para o mercado interno e quem paga a conta é o consumidor comum”. Amigo da coluna ouviu a justificativa na noite de quinta-feira (16).
Demais
Há inúmeros preços – como os das carnes – que têm explicações variadas, por causa de sazonalidade, quebra de safra etc. Mas há outros que só podem ser atribuídos à ganância e à especulação. Caso, por exemplo, de produtos de limpeza. Por que um pacote de 500 gramas de sabão em pó foi reajustado em 150% nos últimos meses? O nome disso não é inflação. É safadeza.
Desmoralização
“Falsário inventa vaga de vereador e consegue tomar posse em cidade do Paraná”. Destaque do jornal O Estado de S. Paulo, na sexta-feira (17). Um retrato de como a atividade política está desmoralizada no Brasil: o indivíduo exerceu o mandato por quase dez meses.
Teatro no circo
O folclore ilhéu, o contato com o próximo, as brigas familiares, as regras de etiqueta e o universo feminino estarão no palco do Circo da Dona Bilica, neste fim de semana, com os espetáculos “O misterioso sumiço do boi de mamão” e “Chá Preto” (foto). O primeiro, no sábado e domingo, às 17h. O segundo, no sábado, às 20h.
