O presidente Joe Biden afirmou nesta sexta-feira (30) que os Estados Unidos e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) “não se deixarão intimidar” pelo presidente russo, Vladimir Putin, e alertou que a aliança atlântica defenderá “cada centímetro” de seu território.

Na Casa Branca, Biden falou a Putin, apontando seu dedo para a câmera de televisão: “Os Estados Unidos estão completamente preparados, com nossos aliados da Otan, para defender cada centímetro do território da Otan.”
“Senhor Putin, não mal interprete o que estou dizendo: cada centímetro”, acrescentou.
As declarações de Biden ocorreram logo após uma cerimônia realizada em Moscou, presidida por Putin, para anunciar que a Rússia havia anexado quatro territórios da Ucrânia, apesar das tropas ucranianas, armadas pelo Ocidente, continuarem lutando para recuperar seu controle.
O presidente russo insinuou que como os territórios haviam sido declarados parte de seu país, o Kremlin poderia recorrer legitimamente a armas nucleares para defendê-los.
“Ameaças imprudentes”, classificou Biden, que acredita que Putin tenta mostrar força quando na realidade “está tendo problemas”.
Biden mencionou também uma votação no Congresso nesta sexta-feira para aprovar mais 12,3 bilhões de dólares de ajuda militar para a Ucrânia.
“Vamos manter este rumo. Vamos seguir fornecendo equipamentos militares para que a Ucrânia possa defender a si mesma, seus territórios e liberdade”, disse.
Sobre a explosão no gasoduto Nord Stream, Biden afirmou, como outros líderes ocidentais, que se trata de “um ato deliberado de sabotagem”.
Não apontou quem pensa estar por trás do ataque, mas descreveu como “desinformação e mentiras” as acusações russas de que Washington estaria envolvido.
“Trabalharemos com nossos aliados para chegar a fundo no que exatamente, precisamente, aconteceu”, declarou a jornalistas.
“No momento apropriado, quando as coisas se acalmarem, enviaremos mergulhadores para averiguar exatamente o que houve”, explicou.
Acrescentou ainda que os Estados Unidos já estão cooperando com aliados para “melhorar a proteção desta infraestrutura crítica”.
Alto funcionário dos EUA indica risco de Putin usar arma nuclear, embora não pareça ‘iminente’ 241s3m
Existe o risco de o presidente russo, Vladimir Putin, recorrer às armas nucleares, embora não haja sinais de um uso “iminente”, disse nesta sexta-feira (30) o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan.
“Existe o risco, dado todo o falatório e o brandir de armas nucleares de Putin, que o considere e temos sido claros sobre quais seriam as consequências”, disse Sullivan aos jornalistas.
“Atualmente, não vemos indícios do uso iminente de armas nucleares”, acrescentou, destacando que Washington estava se comunicado em particular, mas “diretamente com a Rússia sobre o tipo de resposta decisiva que os Estados Unidos teriam”.
Rússia veta resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre anexações; Brasil e China se abstêm 4vu1j
A Rússia vetou nesta sexta-feira (30), no Conselho de Segurança da ONU, a resolução de condenação dos referendos de anexação, realizados por Moscou em cinco regiões da Ucrânia, em uma votação na qual Brasil, China, Gabão e Índia se abstiveram.
O texto, proposto por Estados Unidos e Albânia, e submetido à votação dos 15 países-membros do Conselho, obteve 10 votos a favor, um contra (da Rússia) e quatro abstenções.
A resolução condenava “os referendos ilegais”, que “não têm validade” e “não podem formar a base de nenhuma alteração do status destas regiões”, incluindo “qualquer pretensa anexação”.
Também pedia que a Rússia “retire imediatamente, completamente e sem condições todas as suas forças militares” da Ucrânia.
Diante do “ato ilegal de anexar” territórios da Ucrânia, o Conselho devia dar uma “resposta”, segundo havia pedido antes da votação a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
O representante russo, Vassily Nebenzia, considerou por sua vez que esta resolução é uma “ação hostil do Ocidente” e uma “provocação” e assegurou que os referendos “cumpriram as normas e os princípios da legislação internacional”.
O texto agora seguirá agora para a Assembleia Geral da ONU, onde não há direito a veto, diferentemente do Conselho de Segurança, onde cinco membros permanentes – Rússia, China, Estados Unidos, França e Grã-Bretanha – dispõem desta prerrogativa.
Conheça as cinco regiões da Ucrânia anexadas pela Rússia desde 2014 3e4ex
A Rússia anexou total, ou parcialmente, cinco regiões da Ucrânia, após referendos denunciados por países ocidentais, da região do Donbass (nordeste) à península da Crimeia (sul).
Saiba mais sobre essas áreas ocupadas, as quais representam 19,4% do território ucraniano, incluindo os 11,9% conquistados desde a ofensiva russa lançada em 24 de fevereiro, conforme estimativas do “think tank” americano Institute for the Study of War (ISW).
– Lugansk e Donetsk – 5e192c
Essas duas regiões de maioria russófona formam o Donbass, a bacia industrial da Ucrânia.
Entre 2014 e 2022, um conflito nessa região opôs separatistas leais a Moscou e forças ucranianas. Em fevereiro de 2022, porém, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência dos separatistas e justificou a invasão da Ucrânia pela necessidade de salvar as populações de língua russa de um suposto genocídio.
Antes da guerra, a região de Lugansk tinha 2,1 milhões de habitantes. Faz fronteira com a Rússia por três lados e, segundo a ISW, mais de 99% de seu território está sob controle de Moscou desde a ofensiva.
Das quatro regiões onde os referendos foram organizados nos últimos dias, Lugansk é a que se encontra mais controlada pela Rússia, mas à custa de pesadas perdas militares.
Desde a contraofensiva ucraniana, no início de setembro, que libertou grande parte da região vizinha de Kharkiv, as forças ucranianas ganharam algum terreno em Lugansk.
A região vizinha de Donetsk tinha 4,1 milhões de habitantes antes da guerra, e sua capital, homônima, é a terceira maior cidade do país.
Antes da invasão russa, cerca de metade da região estava sob controle separatista. Atualmente, pelo menos 58% de seu território está nas mãos de Moscou e de seus aliados, incluindo a cidade portuária de Mariupol, destruída pelo cerco e bombardeio russo.
– Zaporizhia – 1c2565
Esta região que faz limite com o Mar Negro abriga a maior central nuclear do país, no rio Dnipro, e antes da guerra tinha 1,63 milhão de habitantes.
Segundo o ISW, 72% de sua superfície está ocupada por Moscou e por sua istração militar. Sua maior cidade, de mesmo nome, Zaporizhia, está em mãos ucranianas, mas seu principal porto, Berdyansk, está sob controle russo.
A gigantesca central nuclear da área foi tomada pelo Exército russo em março. Desde então, os dois lados se acusam mutuamente de bombardearem a região, com risco de um acidente nuclear. Constantes pedidos de desmilitarização foram feitos, até agora sem sucesso.
– Kherson – 1n451z
Em torno de 83% desta região, a mais ocidental sob o controle de Moscou, e sua capital homônima foram tomadas pela Rússia nos primeiros dias da guerra.
Esta região de grande importância agrícola é estratégica para Moscou, porque faz fronteira com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Sua captura, juntamente com a da costa de Zaporizhia e Donetsk, proporciona à Rússia uma continuidade territorial em todas as regiões ucranianas sob seu controle, incluindo a Crimeia, assim como com o território russo.
A Ucrânia lançou ali uma contraofensiva e teve alguns sucessos nos últimos meses. Em particular, danificou as pontes sobre o rio Dnipro ao redor da cidade de Kherson para cortar as linhas de abastecimento russas.
Além disso, os ataques contra funcionários russos e pró-russos aumentaram na área, deixando vários mortos.
– Crimeia – u1s3
Anexada pela Rússia em 2014, esta península turística e vinícola envenenou as relações entre Kiev e Moscou, após a queda da União Soviética em 1991.
Povoada, principalmente por russófonos, a Crimeia foi “presenteada” à Ucrânia soviética em 1954, por Nikita Khrushchev, então líder da URSS, de origem ucraniana.
Quando a URSS entrou em colapso em 1991, a Crimeia se tornou parte da Ucrânia independente.
Em 16 de março de 2014, em um suposto referendo denunciado pela comunidade internacional, 97% dos habitantes votaram “a favor” da anexação à Rússia, segundo Moscou.
A anexação foi ratificada dois dias depois por um tratado assinado por Putin.
Dos dois milhões de habitantes da Crimeia, 59% são russos; 24%, ucranianos; e 12%, tártaros, uma comunidade de tradição muçulmana estabelecida desde o século XIII.
Ao tomar a Crimeia, a Rússia recuperou o grande porto de Sebastopol, onde sua frota militar está instalada desde o século XVIII. Além disso, o porto oferece-lhe uma saída para o Mar Negro e, portanto, para o Mediterrâneo e para o Oriente Próximo.
Desde maio de 2018, a península está unida à Rússia continental por uma ponte de 19 km de comprimento.
Usada como base logística de retaguarda pela Rússia e afastada dos combates, a Crimeia se viu afetada por várias explosões desde agosto. Mais tarde, a Ucrânia reconheceu o lançamento desses ataques.