“É inaceitável 33 milhões de pessoas ando fome”, afirmou o candidato ao Senado Federal, Afranio Boppré (PSOL), em entrevista ao programa SC no Ar, da NDTV, nesta sexta-feira (23).

O economista e professor defende que o Brasil não é um país que produz pouco, mas um país com distribuição desigual de recursos. Ele diz que os supermercados despejam toneladas de alimentos vencidos diariamente no lixo, e ao mesmo tempo, o país voltou ao mapa da fome.
“A geladeira do brasileiro de baixa renda cada dia tem menos comida, menos ovo, menos carne, menos legume, menos frutas e nós precisamos entender que isso é um desvio da natureza econômica de uma sociedade”, destaca. “O combate à desigualdade social é um valor da esquerda. E ele a pela garantia de direitos também.”
Para defender os direitos dos cidadãos, Boppré afirma que é necessária a revogação total da reforma trabalhista de 2017. O candidato considera que foi um “golpe” contra os trabalhadores e cita a demissão de uma mulher grávida.
“Quando uma mulher era demitida e 50 dias depois ela descobria que estava grávida, podia ajuizar e garantir o seu retorno porque a lei trabalhista protegia a mulher. Hoje, se ela não apontar dentro de 30 dias [a gravidez], ela perdeu o direito de retornar”, aponta. Para ele, “nada do que prometeram aconteceu”, por isso a lei precisaria ser revisada completamente.
Revogação do teto de gastos 6q3x6h
O candidato defende, ainda, a revogação do teto de gastos, uma emenda constitucional de 2016 que visou o reequilíbrio fiscal. “Tomaram uma decisão para congelar os investimentos públicos na área de saúde e educação por 20 anos. Isso é inissível. Ao contrário, o Brasil precisa se voltar para políticas públicas da área social”, ressalta Boppré.
Vetado do palanque 4h6o41
A apresentadora Márcia Dutra apontou que o professor apoia o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que não estava no palanque durante o comício do petista no último domingo (18), em Florianópolis, porque teria sido vetado.
Boppré confirmou que o candidato Dário Berger (PSB) disse que “se o Afrânio subisse no palanque ele não subiria”, e argumentou que, como há uma coligação formal do PT com a candidatura de Berger, foi respeitada, mas considerou “uma falta de sensibilidade, porque o comício não é do candidato a senador, mas do Lula”.
Em relação à dificuldade dos partidos de esquerda formarem uma única frente, Boppré afirmou que faz parte da democraria, assim como há outras cinco candidaturas de esquerda, mas pontou que não era o seu desejo.
“Eu trabalhei muito para que houvesse a unidade do campo democrático popular em Santa Catarina. O próprio candidato Dário Berger dizia que não queria ser mais candidato a senador. Tentou ser candidato a governador pelo MDB. O partido dele não aceitou. Ele tentou ser candidato a senador na nossa frente, também não conseguiu e acabou tomando uma decisão de ser candidato a senador. Afrente se dividiu em três pedaços”, diz.
“Ser rígido é investir na educação” 26h6d
A jornalista questiona se o candidato é a favor de leis mais rígidas, diante do aumento da criminalidade. O professor afirma que “o Brasil é o terceiro o país do mundo com maior índice de encarceramento. Não adianta achar que é prender e deixar lá dentro mofando até morrer. Não, é preciso que se tenha políticas na área social”.
Para ele, “ser rígido é investir na educação, é investir em condições de moradia, é urbanizar a vida da nossa população de periferia, dando dignidade, dando saneamento. Isso é ser rígido”.
Ele também afirma que a saída temporária dos presos é uma necessidade para ressocialização. “É um processo que no mundo inteiro. Ele aproxima o convívio com a família para que essas pessoas possam ser gradativamente ressocializadas.”
Afranio Boppré (PSOL) 682y2g
Afrânio Tadeu Boppré é economista e professor. Nasceu em 1960, em Florianópolis. É filho de Noemi e Walter, casado com Maria Cristini e pai de Gabriel.
Ele é graduado pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e doutor em Geografia. Em 1992, foi eleito vice-prefeito (PT) da Capital na chapa de Sérgio Grando (PPS).
Foi suplente a deputado estadual na legislatura de 1999 e convocado em 2003. Elegeu-se deputado estadual pelo PT (2003-2007). Foi eleito vereador (PSOL) em 2012 e reeleito em 2016 e 2020.