Após cumprir agenda presidencial em ville, no Norte de Santa Catarina, Jair Bolsonaro (sem partido) falou com exclusividade à equipe da NDTV nesta sexta-feira (6).

A questão das urnas eletrônicas e supostas fraudes no sistema eleitoral foram temas marcantes na conversa. Ao repórter Alexandre Mendonça, Bolsonaro destacou os esforços para implementação, nas próximas eleições, do voto impresso e contagem pública dos números.
Ainda, voltou a alfinetar o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, declaradamente contra o voto impresso.
O presidente também ressaltou a importância econômica de Santa Catarina para o país e traçou um panorama geral da gestão do governo até o momento. Elogiou a equipe dos ministérios, afirmando que todos foram escolhidos “com critério técnico e com o coração verde e amarelo”. Confira:
NDTV: Qual foi a grande mensagem que o senhor resolveu trazer, principalmente para os empresários de ville?
Bolsonaro: Fui convidado pelos empresários. Falei, por 43 minutos, a mensagem verdadeira: para onde estava indo o Brasil e para onde estamos indo agora, atravessando uma série de problemas. Educação na pandemia; economia, que deu uma caída boa no ano ado… Temos mais problemas agora também, porque tem uma crise hidrológica sem tamanho no Brasil, geada… Mas, apesar dos problemas, temos uma equipe excepcional, pessoas escolhidas com critério técnico e com o coração verde e amarelo. Então, a gente enfrenta esses problemas e vence. E traz mais que uma mensagem de esperança: a certeza de que nós podemos mudar o destino do Brasil.
NDTV: Terminando a questão da pandemia, que nós estamos vendo a vacinação avançando bastante, quais são as medidas necessárias para fazer o Brasil voltar a crescer? Que áreas podemos dominar mais?
Bolsonaro: Nós temos uma pequena reforma istrativa, que é para o futuro. Estamos também vencendo etapa de algumas privatizações, que não são fáceis. Não é você pegar e botar na prateleira e vender. Tem um critério, é complexo, muitas am pelo parlamento, depende muitas vezes do parecer do Tribunal de Contas da União.
Nós, com essas reformas, e cada vez mais tirando o Estado de cima do empresário, de quem queira empreender, nós vamos liberando a economia, tornando ela mais ágil. A desburocratização foi enorme no nosso governo, a desregulação também.

Nós acabamos com aquela burocracia, aquela máquina estatal para multar o homem do campo via Ibama. Acabamos com a sombra daquela incerteza de um homem acordar e ver sua propriedade ser demarcada como propriedade indígena ou quilombola. Potencializamos, dentro da lei, porque só podia mexer via decreto ou portaria, a questão da posse e do porte de arma de fogo.
Nós terminamos 2020 com mais empregados com carteira assinada que em 2019. O grande problema foi o informal: com as medidas exageradas por parte de alguns governadores e prefeitos, a informalidade foi para a lona. Fomos obrigados a criar o auxílio emergencial. A gente sabe da importância do Bolsa Família para uma parcela de aproximadamente 16 milhões de brasileiros e, como a inflação veio com a pandemia no mundo todo, a média de R$ 192 está muito baixa. Então, a ideia é, no mínimo, dar um reajuste de 50% para o Bolsa Família. Mas temos que fazer isso com responsabilidade.
O Tarcício, nosso ministro da Infraestrutura, mesmo com menos recursos, realmente tem feito um trabalho excepcional pelo Brasil. Então, a mensagem é acreditar no governo. A gente acredita e, se Deus quiser, a gente vai entregar lá na frente um Brasil muito melhor do que aquilo que eu recebi em janeiro de 2019.
NDTV: Como você vê a participação do nosso Estado, que tem uma economia bastante diversificada, nesse cenário de retomada econômica no Brasil?
Santa Catarina eu acho que foi o Estado que melhor se saiu durante a pandemia. Praticamente não fechou ou fechou muito pouco. E a contribuição de vocês é enorme. Sabemos que só uma pequena parte retorna para o Estado. Por outro lado, metade do orçamento, quase R$ 1 trilhão e meio, vai para juros e encargo de dívida. Realmente, isso é muito complicado e difícil de se equacionar. Esperamos, num futuro próximo, realmente começarmos a sair desta verdadeira escravidão no tocante aos juros no Brasil.
NDTV: Com relação às urnas eletrônicas, a gente tem acompanhado, desde semana ada, suas lives e também o que aconteceu na votação na Câmara. O que o senhor acha que pode acontecer daqui pra frente? Qual seria o próximo o para fazer com que as eleições sejam realmente seguras no ano que vem?
Bolsonaro: O povo, em sua maioria – e eu também – nós queremos eleições limpas, auditáveis, com a contagem pública de votos. A gente não consegue entender como uma pessoa do lado de lá, no caso o presidente do TSE, ser contra isso. O que ele tem a esconder? Nós mostramos, de forma didática, como um hacker ficou por oito meses dentro dos computadores do TSE, tendo o à chave-fonte. Isso nós demonstramos com s do próprio diretor de informática do TSE. Está tudo comprovado. Só ele bate nessa tecla.

A contagem pública existe. Eu te pergunto: do que adianta vir observadores internacionais verem as eleições aqui? O que eles vão ver? Nada. Eleição é igual “mulher de César”: tem que ser honesta, tem que parecer honesta. Não tem qualquer obstáculo para você implementar o voto de papel ao lado da urna. Ninguém vai botar a mão do papel: ele cai dentro da urna. No final daquele domingo começa a contar os votos. Simples. Por que o excelentíssimo ministro Barroso é contrário? Muito amor pela esquerda? Pelo Lula? Ou outros interesses inconfessáveis existem nessa negativa por parte dele? O que ele tem que entender é que ele não é o dono do Brasil. Nós todos temos limites e obviamente nós devemos nos aliar ao que a maioria do povo deseja.
NDTV: A gente viu que o presidente do Supremo, o ministro Luiz Fux, cancelou a reunião entre os poderes. Como fica daqui para frente?
Bolsonaro: Primeiramente, ele não tinha marcado comigo. Ele tinha marcado lá atrás e eu não compareci porque eu baixei no hospital. Agora, eu estou aberto para o Fux conversar. Ele estava bastante tenso. Eu quero paz, eu quero tranquilidade e respeito ao povo brasileiro. E o voto real é a alma da democracia. O que nós queremos são eleições democráticas, limpas, honestas e com a contagem pública de votos. Quem quer democracia de verdade? Sou eu! É o povo brasileiro! Inclusive, deve haver um grande movimento em 7 de setembro em São Paulo e talvez eu vá para lá conversar com, pode ter certeza, mais de 1 milhão de pessoas.
O que falta a uma pessoa do Supremo, no caso do ministro Barroso, se render à vontade popular? Será que ele é o dono da verdade? Quem acredita no Barroso quando ele diz que as urnas são invioláveis? Qualquer garoto recém-formado em informática sabe que existe como entrar até nos computadores da Nasa, menos aqui no Brasil.
NDTV: O senhor acha que não é por acaso que Lula foi tornado elegível?
Bolsonaro: Bem, olha só… Tiraram da cadeia, tornaram elegível, pra quê? Teve alguma intenção nisso, né? E não sabemos onde o Brasil pode chegar se tivermos eleições duvidosas. Ninguém quer problema, eu estou me antecipando ao problema, porque eleição é coisa séria. Obviamente, você viu na última live, o hack entrou, o TSE assinou que isso é verdade e quando a Polícia Federal pediu o log – ou seja, as ‘pegadas’, as ‘digitais -, ele disse que a empresa terceirizada os apagou. Está na cara que apagou as provas da invasão e possivelmente as provas de fraude.
Quer uma coisa importante? Últimas eleições de São Paulo. Com 0,39% dos votos apurados, 22 mil votos aproximadamente, foi tirada uma fotografia que mostrou do 1º ao 8º lugar. Quando destravou o sistema e apontou os 100%, desconsiderando as casas decimais, a classificação era a mesma e os percentuais eram exatamente os mesmos. Isso pode acontecer? Pode. É a mesma coisa que você ganhar 10 vezes consecutivas na Mega-Sena.
NDTV: O STF não pediu essa documentação para avaliar e saber o que realmente aconteceu?
Bolsonaro: Eu não vou falar do Supremo. É parte do TSE e do próprio Barroso. Realmente, ninguém quer saber disso. Nós temos dois laudos da Polícia Federal pedindo que os votos sejam em papel. Repito: um papel que ninguém bota a mão. Tem a impressora, digita o número do pessoal e cai numa urna. Além desse terceiro processo que o próprio TSE diz que o hacker ficou oito meses nos computadores. Ele teve o ao código-fonte e não foi descoberto. O hacker, depois das eleições, depois do segundo turno, falou: ‘eu estive aí’. E o TSE assinou embaixo, bateu o martelo, e comprovou que o hacker esteve por oito meses dentro dos computadores do TSE. Antes, durante e depois das eleições.
NDTV: Como fica agora o relacionamento com os membros do STF?
Bolsonaro: Para mim, sem problema nenhum. O meu ramo com o parlamento, com o Supremo, é a mesma coisa. Agora, o ministro Fux falou que está cancelada a reunião – reunião que não tinha sido marcada. Mas se ele quiser conversar comigo, sem problema nenhum.
Ministro Fux, estou à disposição para falar com vossa excelência, sem problema nenhum. Afinal de contas, eu sou democrata e quero eleições limpas no ano que vem.
NDTV: Nesses dois anos e meio, você acha que avançou bastante no que o senhor pretendia fazer?
Bolsonaro: Avançou. Houve alguns equívocos, mas está bem conduzido. Nunca os parlamentares tiveram tanta chance de aportar recursos para suas bases. É dever deles, é direito deles. Eu, quando parlamentar, também tinha por volta de R$ 15 milhões todo ano. Se bem que, no meu tempo, a emenda não era impositiva, agora é impositiva…Esse tratamento com o parlamento faz realmente você ter um melhor relacionamento e aprovar muitas coisas lá dentro.