Enquanto russos decidem entre guerra ou prisão, regiões ocupadas na Ucrânia votam anexação e3065

Presidente Vladimir Putin convocou os reservistas a irem à guerra, o que gerou fuga massiva da Rússia 4c5y2l

Em Moscou, Mikhail Suetin esperava ser detido na manifestação contra o envio de milhares de reservistas à Ucrânia. No entanto, ele não previu que lhe entregariam uma ordem de mobilização para ir ao front.

Ataque russo mata pelo menos 23 pessoas na cidade de Vinnytsia, no Leste da Ucrânia – Foto: Sergei Supinsky/AFP/NDAtaque russo mata pelo menos 23 pessoas na cidade de Vinnytsia, no Leste da Ucrânia – Foto: Sergei Supinsky/AFP/ND

Horas depois de Vladimir Putin anunciar na quarta-feira (21) a mobilização de 300 mil homens e mulheres, Mikhail, músico de 29 anos, foi protestar na avenida Arbat.

Assim como outras 1.300 pessoas em todo o país, foi detido.

“Eu esperava os procedimentos habituais: a prisão, a delegacia de polícia, o tribunal”, relata o jovem, entrevistado por telefone na quinta-feira (22) pela AFP.

“Mas me dizer: ‘Amanhã você irá para a guerra’, (…) isso sim foi uma surpresa”, afirma o músico.

Segundo a ONG especializada independente OVD-Info, Suetin não é o único manifestante que recebeu ordem de mobilização na delegacia de polícia, após ter sido detido.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse aos repórteres que não havia nada de “ilegal” nisso.

Suetin conta que, após sua prisão, os policiais o conduziram a uma sala onde queriam que ele assinasse uma intimação para ir a um centro de mobilização do exército.

“Ou assina isso ou a dez anos na prisão”, o opositor da ofensiva russa contra a Ucrânia, lançada no dia 24 de fevereiro, detalhou a ameaça.

Durante a última terça-feira (20), na véspera da mobilização, o parlamento votou duras penas de prisão para os desertores e para quem se recusar a juntar-se ao exército.

No entanto, o texto ainda não entrou em vigor.

Suetin recusou-se a a convocação por conselho de seu advogado e foi liberado na manhã desta quinta-feira (22).

Entretanto, os policiais avisaram que o poderoso Comitê de Investigação da Rússia, encarregado das investigações criminais mais importantes, seria informado sobre a rejeição, o que lhe traria “grandes problemas”.

– “Infelizmente, assinei” – 35145u

Andrei, que completou 19 anos na semana ada, também foi na quarta-feira para as manifestações em Moscou. Ele foi preso e recebeu a mesma intimação para mobilização.

Ao contrário de Suetin, o adolescente assinou sob “ameaça” o documento, o qual a AFP teve o a uma cópia digital.

“Claramente eu não poderia escapar. Olhei ao redor, e decidi que não poderia resistir”, ele disse por telefone à AFP. “Infelizmente, assinei”, conta o adolescente.

Andrei acaba de iniciar seu estudos na Universidade. Apesar de Kremlin e o ministro da Defesa, Serguei Shoigou, assegurarem que nenhum estudante seria convocado e que as forças russas privilegiariam reservistas com habilidades específicas ou experiência militar, o jovem ainda foi intimado.

“Mas como se diz aqui, a Rússia é um país onde a expansão do possível é infinita”, ele constata com amargura.

Andrei, que ainda busca um advogado, acabou decidindo não ir ao centro de mobilização no horário previsto, quinta-feira às 10h00, apesar de não saber quais serão as consequências.

“Não disse nada aos meus pais, porque eles vão se preocupar”, explica. “Vou contar quando tiver uma ideia mais evidente do que vai acontecer  comigo”, acrescenta o rapaz.

Regiões ocupadas da Ucrânia votam anexação à Rússia, e G7 avisa que não reconhecerá resultado 5x1412

As autoridades leais a Moscou nas regiões ocupadas da Ucrânia iniciaram nesta sexta-feira (23) os referendos de anexação à Rússia, criticados pelos líderes do G7, que prometeram “nunca” reconhecê-los.

Os referendos, chamados de “farsas” pela Ucrânia e o Ocidente, representam uma nova escalada do conflito, iniciado em 24 de fevereiro.

“Nunca reconheceremos esses referendos que parecem ser um o rumo à anexação e nunca reconheceremos essa suposta anexação se ela acontecer”, declararam os líderes do G7 (integrado por Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá e Japão).

Enquanto isso, a comissão de investigação da ONU sobre a Ucrânia garantiu nesta sexta-feira, após visitar 27 cidades e questionar mais de 150 vítimas da violência, que “crimes de guerra foram cometidos” no país.

No mesmo dia, a exumação de 447 corpos de uma vala comum em Izium, cidade recapturada das mãos dos russos no nordeste, revelou “sinais de tortura”, inclusive com a “amputação de genitais” em pelo menos 30 cadáveres.

Mas as críticas internacionais e de Kiev não impediram Moscou de seguir adiante com os referendos na Ucrânia.

As votações nas regiões de Donetsk e Lugansk (leste), assim como em Kherson e Zaporizhzhia (sul), começaram às 5H00 GMT (2H00 de Brasília), informaram as agências de notícias russas.

– Críticas da China – 6p6o3s

Os referendos, que terão duração de cinco dias, aumentam a tensão de uma semana marcada pela mobilização de 300.000 reservistas anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin, que também ameaçou utilizar o arsenal nuclear para proteger o território de seu país.

Estava previsto para que centenas de colégios eleitorais nos quatro territórios fossem abertos, assim como outros na Rússia, para que os deslocados também pudessem votar.

“Esperamos que, após o referendo, parem de nos bombardear e tenhamos paz e ordem”, declarou à AFP Vladimir Shutov, da região de Lugansk e que foi votar na representação de Donetsk em Moscou.

Em Moscou, São Petersburgo e outras cidades, as autoridades organizaram manifestações de apoio aos referendos com bandeiras e cartazes.

“Esses referendos são um o rumo à paz”, disse Viktor Suvorov, de 40 anos, que participou da manifestação em Moscou.

Mas a Rússia parece isolada em seu objetivo.

A China, sua aliada mais próxima desde o início da guerra, criticou Moscou de maneira velada ao garantir que “é preciso respeitar a soberania e a integridade territorial de todos os países”.

Além disso, o chanceler chinês, Wang Yi, se reuniu nesta sexta-feira em Nova York com o colega ucraniano, Dmitro Kuleba.

– Avanços militares da Ucrânia – 5a3o1n

Os referendos recordam a consulta organizada em 2014 na península da Crimeia, anexada à Rússia depois de uma votação considera fraudulenta pelas potências ocidentais.

Uma hipotética integração à Rússia das quatro regiões, que os analistas consideram algo certo, implicaria que Moscou, seguindo sua doutrina, poderia utilizar suas armas atômicas para defendê-las da contraofensiva iniciada pela Ucrânia no leste e sul do país.

Putin afirmou que protegeria o território russo por “todos os meios” cabíveis, enquanto o ex-presidente e atual número dois do Conselho de Segurança do país, Dmitri Medvedev, indicou que isso poderia envolver o uso de “armas nucleares estratégicas”.

No início do mês, as forças ucranianas recuperaram a maior parte da região de Kharkiv (nordeste), uma contraofensiva que permitiu a Kiev retomar centenas de cidades e localidades que aram meses sob controle russo.

Nesta sexta-feira, o exército ucraniano anunciou a libertação da cidade de Yatskivka, em Donetsk, no leste. Também revelou um avanço ao sul de Bajmut (leste), que os russos tentam tomar, sem sucesso, há meses.

Em Odessa, importante porto do Mar Negro, uma ataque russo com um drone iraniano matou uma pessoa, segundo as autoridades locais.

O porta-voz do presidente Volodimir Zelensky denunciou o apoio a Moscou de Teerã, cujas entregas de armas “vão contra a integridade territorial” da Ucrânia.

– Convocação obrigatória – 6y663l

Moscou iniciou na quinta-feira a convocação obrigatória, depois que Putin anunciou a mobilização de 300.000 reservistas para reforçar o esforço de guerra.

O exército russo informou que pelo menos 10.000 pessoas se apresentaram como voluntárias para o combate nas 24 horas posteriores ao anúncio de Putin.

Porém, muitos homens também estão fugindo da Rússia antes que sejam forçados ao alistamento, em particular para as ex-repúblicas soviéticas que permitem a entrada sem visto.

A Finlândia decidiu adotar medidas para limitar “significativamente” a entrada de cidadãos russos em seu território, enquanto os países bálticos e a Polônia já bloqueiam a entrada há semanas.

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