O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se encontrar com o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, nesta sexta-feira (28) para discutir a revisão do tratado que define as normas da hidrelétrica de Itaipu.
Esse acordo prevê que regras devem ser revistas após 50 anos, ou seja, em 13 de agosto de 2023. Discussões de temas como a integração sul-americana, infraestrutura, defesa e Mercosul também estão previstas. As informações são do R7.

O que prevê o acordo? 156n30
Assinado em 1973, o acordo prevê que o Brasil tem direito de consumir 50% dos 14 mil gigawatts de potência da usina e de comprar cerca de 30% da energia a qual o Paraguai tem direito e não usa. Os paraguaios querem rever a regra em que somente o Brasil pode comprar a energia excedente. O país vizinho tem defendido mais autonomia, com a possibilidade de venda de energia para outros países, por exemplo, ou aumento da cobrança.
Em maio deste ano, o presidente da Itaipu Binacional, Enio Verri, comentou a revisão do acordo em uma audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. “Segundo dado que nós temos, o Paraguai vai levar de 8 a 10 anos para consumir integralmente a energia a que tem direito,” disse na ocasião.
“Por que é motivo de ruído? Porque se o Paraguai não consome toda a energia e tem que vender para o Brasil, qual preço da tarifa ele quer? A tarifa mais cara possível. E nós, que consumimos a tarifa, queremos o quê? A tarifa mais barata possível. Vocês não têm ideia como é para chegarmos ao acordo em uma tarifa, porque, se eles disserem não, é não”, completou Verri.
A usina de Itaipu forneceu, em 2022, cerca de 8,7% da energia consumida no Brasil e 86,4% do consumo paraguaio. São 20 unidades geradoras de 700 megawatts (MW) cada. É a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta, tendo produzido mais de 2,9 milhões de GWh desde o início de sua operação.
A revisão das regras financeiras do acordo ou a ser possível em fevereiro deste ano, quando a Itaipu Binacional anunciou o pagamento de US$ 115 milhões à Eletrobras e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com isso, a empresa quitou as últimas parcelas da dívida contraída com diversas fontes e cujo custo total está estimado em cerca de US$ 63,5 bilhões. Com a quitação do débito, em fevereiro deste ano, abriu-se espaço para a revisão do trecho do contrato que trata das bases financeiras da usina.
Os principais financiadores do empreendimento foram Eletrobras, BNDES, Finame, Banco do Brasil, além de instituições financeiras estrangeiras, como Citibank, Dresdner Bank, Deutsche Bank, Swiss Bank Corporation e JPMorgan. A Itaipu obteve os empréstimos, que tiveram a garantia do Tesouro Nacional brasileiro.
Outro trecho do acordo que deve ser revisto por Lula e Peña trata do pagamento de royalties pelo aproveitamento da água pertencente aos dois países. De 1985 até 2018, a empresa Itaipu pagou cerca de US$ 11 bilhões ao Brasil e ao Paraguai. No lado brasileiro, os recursos beneficiam 16 municípios, sendo 15 no Paraná e um no Mato Grosso do Sul. Os recursos são aplicados em educação, saúde, moradia e saneamento básico.
A usina de Itaipu 6qh1b
A energia elétrica é produzida da seguinte forma: nas usinas, a água que sai do reservatório é conduzida com muita pressão através de enormes tubos até a casa de força, onde estão instaladas as turbinas e os geradores que produzem eletricidade. A turbina é formada por uma série de pás fixadas em um eixo, que é ligado ao gerador.
A pressão da água produz um movimento giratório do eixo da turbina, que produz um campo eletromagnético dentro do gerador, produzindo a eletricidade. Ou seja, a potência hidráulica é transformada em potência mecânica quando a água faz a turbina girar, e, no gerador, que também gira acoplado mecanicamente à turbina. Com isso, a potência mecânica é transformada em energia elétrica.