Mahsa Amini, de 22 anos, morreu na última sexta-feira (16) depois de ser detida pela polícia moral do Irã por “usar roupa inapropriada”. Ela teria deixado parte do cabelo visível sob o véu que usava.

De acordo com ativistas, a jovem foi agredida de maneira fatal na cabeça. As autoridades iranianas negaram, afirmando que ela teria morrido devido a uma parada cardíaca, e anunciaram a abertura de uma investigação. As informações são da AFP.
A notícia foi muito criticada por países e várias ONGs internacionais, gerando protestos da população, inclusive nos Estados Unidos. As manifestações por todo o Irã já resultaram em pelo menos 31 mortes, segundo a ONG de oposição IHR (Iran Human Rights). As autoridades iranianas negaram qualquer envolvimento na morte dos manifestantes.

Desde o início dos protestos, as conexões com a internet no país ficaram mais lentas e as autoridades bloquearam o o ao Instagram e ao WhatsApp.
A medida foi adotada por causa “das ações realizadas pelos contrarrevolucionários contra a segurança nacional por meio destas redes sociais”, informou a agência Fars.

Nos últimos dias, muitas iranianas saíram às ruas sem véu, aos gritos de “Liberdade!”, e queimaram o ório diante da polícia “porque não conseguem mais ar esse regime de loucos”, comentou uma iraniana de 44 anos que se apresentou sob o pseudônimo de Fereshteh.
As autoridades prenderam nesta quinta-feira (22) duas fotógrafas: Nilufar Hamedi, do jornal reformista Shargh, e Yalda Moayeri, que trabalha para a imprensa local, assim como o ativista reformista Mohamad Réza Jalaipur, informou a mídia local.
“Não ao véu, não ao turbante, sim à liberdade e à igualdade”, gritaram os manifestantes em Teerã, uma frase repetida em atos de solidariedade em Nova York e Istambul.

No Irã, os manifestantes incendiaram viaturas policiais e gritaram frases contra o governo, segundo a agência Irna. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo e realizou várias detenções.

Um órgão do governo iraniano convocou para esta sexta-feira (23) manifestações a favor do uso do véu em todo o país, segundo a agência Irna, e “em protesto contra as ações indecentes de alguns mercenários que incendiaram mesquitas e a sagrada bandeira iraniana “.
Masha não era ativista 1za58
A jovem Mahsa Amini,de 22 anos, foi detida pela polícia moral, responsável por aplicar e fazer cumprir o rigoroso código de vestimenta na República Islâmica.
“Foi a Teerã para visitar sua família. Podia ter sido eu, minha irmã, ou minhas primas”, disse à AFP Sara, de 48 anos, pseudônimo usado por motivos de segurança por uma professora iraniana na França.
“Ela nem era uma ativista, apenas uma jovem tão normal quanto eu”, completou.
Segundo Azadeh Kian, professor de sociologia da Universidade de Paris Cité e especialista em Irã, “o inédito nessas manifestações é que as mulheres estão em primeiro plano”.
“As mulheres participaram do movimento de 2009”, recorda ele, destacando, no entanto, que, desde 2017, “os movimentos de protesto tinham como reivindicações a crise econômica, o desemprego, o bloqueio político, etc… Mas desta vez se ouvem protestos não apenas contra a situação geral do país, mas também pelos direitos das mulheres. É uma mudança importante”, detalha.
Em muitos dos vídeos divulgados nas redes sociais, vê-se várias mulheres tirando o véu e deixando o cabelo exposto.
As mulheres, especialmente no Curdistão iraniano, “queimaram seus véus em protesto contra os fundamentos ideológicos do regime islâmico. É muito forte”, ressalta Kian.