Sabatina Voto+: Candidato ao governo de SC Odair Tramontin é o entrevistado nesta quarta 673x47

Conexão ND Especial recebe candidatos ao governo do Estado para sabatina 5o6l2f

O Conexão ND Especial recebe os candidatos ao governo de Santa Catarina para uma sabatina, entre os dias 5 e 14 de setembro, na Record News. Nesta quarta-feira (7), os jornalistas do Grupo ND, Moacir Pereira e Paulo Rolemberg, recebem Odair Tramontin (Novo).

Com duração de 30 minutos, as entrevistas serão exibidas no horário do programa Conexão ND, às 22h30, e depois disponibilizadas em todas as plataformas do Grupo ND. As sabatinas são apresentadas por Moacir Pereira com a participação de jornalistas convidados.

Odair Tramontin é o candidato ao governo de SC pelo partido Novo – Foto: Renata Pegoraro/NDOdair Tramontin é o candidato ao governo de SC pelo partido Novo – Foto: Renata Pegoraro/ND

Moacir Pereira: Hoje é um dia de histórico, que não mais se repetirá: 200 anos de Independência do Brasil. O que isso representa para o candidato e para o promotor?

Odair Tramontin: Representa muito, porque nós vivemos tempos escuros, né? Onde a liberdade tem sido muito atingida. A liberdade individual. E o partido Novo se sente muito à vontade porque é o partido da liberdade. O partido da liberdade individual, da liberdade econômica, enfim, da liberdade do indivíduo. Então, nós precisamos prestar muita atenção sobre o significado desse dia histórico.

Moacir Pereira: Quem está cortando a liberdade brasileira? Realmente é o ativismo judicial, são ministros do Supremo?

Odair Tramontin: De uma forma assustadora, né? Um tipo de intervenção que jamais tivemos, inclusive. Eu ouso dizer, Moacir, você que tem mais experiência que eu, que nem nos períodos escuros da ditadura tiveram coisas similares em relação ao cidadão comum, né? Então eu vejo com muita preocupação e é importante que a gente comece prestar atenção de uma forma mais acentuada, porque não podemos conviver com ativismo que viola de forma flagrante liberdades individuais, liberdades de imprensa, inclusive, enfim todas as liberdades e manifestações que é algo sagrado para nós.

Moacir Pereira: Como estudioso da área jurídica, histórica, o senhor acha que também está na hora de nós acabarmos com o complexo de vira-lata dos brasileiros? Muitos brasileiros, como dizia Nelson Rodrigues, e começar a valorizar um pouco mais a história dos nossos heróis da República?

Odair Tramontin: O Brasil trata muito mal os seus heróis, né? E uma demonstração disso, para mim, pessoalmente, por ser da área jurídica, o que está sendo feito com Sérgio Moro e aquela gurizada do Ministério Público da Lava-Jato, né? Eles se transformaram dos heróis nos bandidos, e os bandidos em mocinhos, né? E essa violência que se fez na casa do Sérgio Moro, semana ada, é algo absurdamente inaceitável. Então, é preciso que a gente seja alerta e comece tratar melhor as pessoas que fizeram e fazem bem para o Brasil.

Paulo Rolemberg: O senhor tem rodado o Estado e está vendo a situação das rodovias, principalmente as rodovias estaduais. O senhor pretende privatizá-las ou fazer uma concessão de toda a malha viária do Estado?

Odair Tramontin: Nós temos que fazer um programa urgente de recuperação, em especial a malha viária do Oeste, de onde eu sou e por onde eu fui. E eu tenho vindo com preocupação o governador Moisés dizendo que aportou muitos recursos na infraestrutura, e é um absurdo. Por quê? Um estudo da Fiesc diz que 65% das estradas estaduais estão em estado ruim ou péssimo. Então é preciso que, de uma forma urgente, se enfrente esse problema. Nós estamos pensando num modelo de concessão chamado shortline, que você faz uma concessão por um tempo menor e aí você tem mais agilidade. É uma forma de fiscalização melhor para que a manutenção seja de forma permanente. Ela não pode ser pontual, ser feita no grito, como se faz, precisa ter um planejamento. Vamos estudar isso. É prioridade absoluta, porque a logística de Santa Catarina está à beira do colapso, é essa a expressão. E eu digo isso porque eu andei, até agora, 19 mil quilômetros dirigindo o meu próprio carro, porque vale lembrar eu sou o candidato que não usa o fundão, e eles porque andam de helicóptero, aviões, talvez, não estejam conectados com essa realidade. Eu tenho muito presente isso e seguramente o enfrentamento do colapso da nossa infraestrutura será uma pauta prioritária no nosso governo.

Moacir Pereira: Sem concessão não tem alternativa para manutenção e melhoria das nossas rodovias?

Odair Tramontin: Eu acho que a manutenção das rodovias estaduais é possível ser feia com recurso do próprio Estado. Agora, as concessões precisam ser tratadas nas rodovias federais, em especial, a BR-282, que traz toda a megaprodução do agronegócio do Oeste; a 470 não pode continuar em o de tartaruga, mais de dez anos não chegou nem a Blumenau, que é a minha cidade. A 280 também não anda. Então, nós temos que usar a liderança do governador, e é isso que eu vou fazer. Nós temos que cobrar do governo federal e, se não for possível, nós temos que fazer estudo para fazer a estadualização com fim específico de concessão. Isso Romeu Zema já está fazendo em Minas Gerais e é um modelo que nós vamos tentar viabilizar, porque Santa Catarina não pode persistir, repito, porque estamos à beira do colapso logístico. Tanto que, em alguns setores que eu viajei, eu andei em algumas regiões, como Planalto Norte, em especial, dizem que a velocidade média de um caminhão situa-se em torno de 25 a 30 km/h. É a velocidade de uma carroça, então nós estamos à era da carroça. E o governo não pode aceitar a sexta economia do país, o sexto PIB, né? Com apenas 1,14% do território não pode continuar sendo maltratada assim.

Moacir Pereira: Imagino que o senhor nunca realizou uma jornada tão cansativa e tão estadualizada como atual na campanha, de acordo?

Odair Tramontin: Eu sou estadualizado, né? Eu sou oriundo do Sul, criado no Oeste, formado no Leste, moro no Norte. Então, Santa Catarina, para mim, é muito familiar. Mas eu andei de uma forma com mais afinco e de fato conheci melhor o Estado.

Moacir Pereira: E o que as pessoas conversaram com o senhor? Mais manifestaram como reivindicação maior para o candidato?

Odair Tramontin: Hoje é a infraestrutura. Desde um grande empresário, médio empresário, até o cidadão comum. O estado das nossas estradas é algo que atinge questão de vida ou morte, né? Hoje, por exemplo, a 470 é o corredor da morte. Então, as pessoas estão preocupadas. Juntamente com a saúde, porque nós temos hoje mais de cem mil pessoas em fila de espera e que não aguentam esse caos na saúde, sobretudo, em um momento em que o governo faz show do milhão: milhão para cá, milhão para lá e os catarinenses morrendo na fila de espera.

Paulo Rolemberg: O senhor diz no seu plano de governo que pretende criar um plano de demissão voluntária para os estatutários. Mas diante desse caos na saúde, o que fazer já que você propõe esse enxugamento do quadro?

Odair Tramontin: Exatamente isso. Por quê? Está demonstrado que a saúde prestada por gestão direta do Estado, pelo estado, custa um leito R$ 43 mil. Por istração através de OSS, R$ 32 mil reais e por hospitais filantrópicos, R$ 12 mil. Então, nós vamos intensificar a política hospitalar catarinense, que é uma boa ideia, mas tem poucos recursos, para investir nos hospitais filantrópicos. Santa Catarina tem experiências espetaculares, eu digo por que Blumenau, Hospital Santa Isabel, Hospital São José de Criciúma e tantos outros hospitais Estado afora, filantrópicos, que prestam excelentes serviços, capacidade instalada. É tradição na prestação dos serviços. Então, fica muito mais barato para o Estado do que manter a estrutura pública. É só olhar o custo. Repito. Da gestão direta e da gestão através dos hospitais filantrópicos. Só que o governador precisa ver isso com responsabilidade. Por quê? Porque já tem o custo. Então, é preciso que se estimule eventualmente o interesse pela demissão voluntária. É algo que a gente precisa construir com diálogo, com as forças, com os servidores, enfim, com todo o sistema de saúde.

Moacir Pereira: Esse número que o senhor está colocando aqui, para mim, são impactantes. E são reais, oficiais?

Odair Tramontin: Eu recebi lá do Hospital São José. As irmãs do Hospital São José, de Criciúma, que me apresentaram esses dados, eu já tinha indicativos e estou trazendo ao debate porque é impactante, né? É algo que choca, justamente porque o custo direto começa pela escala. Um hospital funciona 24 horas, né? O  hospital filantrópico com três turnos toca; o hospital público precisa de quatro. Então você já tem, só na folha de pagamento, 25% a mais. Então, por aí você já começa a ver a questão do custo, carga horária e todas as outras coisas. Mas não estou aqui dizendo que eles não trabalham. É que o modelo de gestão é que custa caro e é ineficiente.

Paulo Rolemberg: No seu plano de governo, o senhor diz que as lideranças, o secretariado serão escolhidos por uma seleção. Como lidar com isso e os acordos políticos? O senhor vai tentar governar sem a Alesc, já que o senhor sabe que tem acordos de secretarias e cargos.

Odair Tramontin: Se for pra fazer toma lá, dá cá, troca, troca, eu estou fora. Não quero ganhar a eleição. Eu quero ganhar a eleição se eu puder ser governador e não fazer essa colcha de retalhos que tradicionalmente se fez, esse partilhamento, essa negociação. Eu quero ser um governador, não chefe de departamento pessoal. Nós temos muito claro isso. E funciona. Nós temos um exemplo de ville onde se conseguiram duas coisas, né? Primeiro, ter eficiência. Em pouco mais de um ano e meio, o Adriano revolucionou ville, ville é outra cidade. Valorizou o servidor público, que dizem às vezes que o Partido Novo é contra o funcionário público, muito pelo contrário. É o partido que mais valoriza o servidor público porque profissionaliza a gestão. 65% dos cargos de assessoramento, direcionamento, enfim, os cargos comissionados de ville são de servidores públicos de carreira, pessoas preparadas. Então, qual é a visão do Partido Novo? Pessoas certas nos lugares certos. Profissionais na política e não políticos profissionais. Esse é o grande diferencial. Isso que nos credencia a nos apresentar aos catarinenses como uma política de um jeito novo. E que apresenta resultados, basta olhar Minas Gerais: em apenas três anos e meio recuperou-se o Estado, que era terra arrasada, deixado pelo PT, diga-se de agem, e ville, um município que estava atravancado, triste, villense sem autoestima. A gente vai para ville hoje, é um espetáculo, cresceu 10% no ano de 2021. Isso me credencia a me apresentar com esses exemplos que deram certo.

Odair Tramontin disse que a educação está à beira de um colapso de mão de obra qualificada – Foto: Reprodução/NDTVOdair Tramontin disse que a educação está à beira de um colapso de mão de obra qualificada – Foto: Reprodução/NDTV

Moacir Pereira: O seu partido é o Novo. O senhor vem com UM discurso realmente inovador em Santa Catarina, isso já se reflete nas manifestações do Estado. E o que o senhor, se fosse eleito governador, faria diferente do atual governador?

Odair Tramontin: Fazer gestão, né? O atual governador está fazendo política. Ele até começou com um viés de uma novidade, mas se abraçou ao MDB. O governador vive numa bolha, ele vive no palácio. Ontem até no debate que nós tivemos, ele fala — e é verdade, que Santa Catarina é um dos Estados mais seguros do Brasil — e alugou por R$ 30 mil dois carros blindados para sua segurança. Então, o governador perdeu a noção da vida como ela é, se encantou. Parece o Silvio Santos fazendo o show do Milhão, que é milhão para cá, milhão para lá, enquanto nós temos mais de cem mil catarinenses em fila de espera por uma cirurgia. Então, nós precisamos dar um choque de gestão, dar um ambiente de novidade e cuidar de Santa Catarina como ela merece. O Estado existe para saúde, educação, infraestrutura e segurança. A infraestrutura é um caos. A saúde está na UTI. A educação está com o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] estacionado há mais de dez anos. Então, nós precisamos investir em educação, por exemplo, porque estamos à beira de um colapso de mão de obra qualificada também. Então, o Estado de Santa Catarina precisa urgentemente de um choque de gestão. Precisa de um governador que venha e faça.

Paulo Rolemberg: O senhor acabou de falar no Ideb. Dentro do plano de governo, o senhor fala que vai dar incentivo àqueles municípios que tiveram o Ideb positivo, digamos dizer assim. E aqueles que não alcançarem, serão punidos? Não receberão? Qual seria esse incremento?

Odair Tramontin: Aqueles que não alcançarem nós temos que ficar colado neles, né? A gente precisa dar atenção sempre ao mais fraco, mas naturalmente precisa prestigiar aqueles que cumprem o dever de casa. Então, o nosso foco é na educação, e eu quero aproveitar essa oportunidade, é no ensino profissionalizante. Nós precisamos investir no ensino profissionalizante. O Brasil se perdeu muito em querer dar título de doutor, bacharel para lá, para cá. Hoje nós temos bacharéis trabalhando de balconista em auxiliar istrativo e faltando mão de obra qualificada. Só para se ter uma ideia, o setor de tecnologia, o pessoal da Acate me informou, tem cerca de 12 mil vagas. Salários a partir de R$ 4 mil e que não são ocupados porque não tem pessoas qualificadas. Então, a média mundial de ensino profissionalizante é cerca de 40%, no Brasil é 8%. Então, nós temos que aproveitar essa reforma do ensino médio, esse contraturno tem que ser aproveitado. O Adriano está em ville usando o sistema S, por exemplo, que tem uma tradição de ensino profissionalizante e o Estado, com um pouco de aporte, consegue reconectar o jovem ao mercado de trabalho, até porque tem levantamentos que dizem que cerca de 20% dos jovens estão abandonando o ensino médio. E em Minas Gerais, o Romeu Zema sempre fez um programa de profissionalização, cerca de 50 mil adolescentes sendo qualificados justamente para, primeiro, você dar oportunidade, você dar mobilidade social. Imagina o que representa para um jovem de classe baixa ser profissionalizado e um emprego dessa envergadura. Então, você faz, ao mesmo tempo, assistência social e perspectiva de vida, porque a educação tem que ser o ambiente de prosperidade, de oportunidade e eu bato muito nisso, porque eu sou produto de escola pública. Eu sou filho de agricultores, que cheguei a promotor de justiça, profissão universitária, estudei em escola pública. E a escola pública perdeu o foco. Hoje eles estão ensinando ideologia para que os nossos meninos quando crescerem vão ser do PT ou do PSOL. Para saber se são meninos ou meninas. Nós queremos focar na matemática, no português, porque o Brasil é um dos países que mais investe em educação no mundo, 6% do PIB, e nos exames do PISA nós estamos na rabeira, quase entre os últimos. Então, é preciso que se olhe com cuidado, com atenção, mas com foco no resultado, né? O governador disse no debate que aumentou R$ 1 bilhão a mais de investimentos na educação. Não, para nós, investir é importante, mas a gente precisa ver o resultado disso, nós temos que colar o Ideb. Inclusive, o Adriano fez lá em ville um programa que eu quero implantar no Estado, que é valorizar o professor pelo resultado, dar 14º, dar premiação, não só aumento de salário. Então, você precisa valorizar o professor, qualificar o professor e sobretudo trazer a escola para o século 21. A escola é analógica e o aluno é digital.

Moacir Pereira: O senhor tem uma larga experiência jurídica, judicial e também na área de segurança pública. Pelas andanças em Santa Catarina, o povo está satisfeito com a segurança?

Odair Tramontin: Não, não está satisfeito porque, apesar de nós termos um dos melhores índices do Brasil, tem muito a fazer. Mas aí eu quero falar com o telespectador para pedir uma atenção aos nossos deputados e pelo nosso senador. Nós precisamos repensar os nossos deputados, porque a segurança pública a pelo governo do Estado, na questão dos efetivos, na estrutura das polícias, mas sobretudo na mudança da legislação penal. Eu sou promotor de justiça, me sinto constrangido, por exemplo, de ver um presidiário, um ex-presidiário se candidatar a presidente da República. Então nós valorizamos muito os bandidos, os ladrões e maltratamos as vítimas. Nós precisamos focar numa legislação penal mais efetiva, mais consistente. Porque todos os dias se noticia, a polícia aborda e prende. Ou a pessoa com 40, ou com 50 boletins de ocorrência. Então, nós não podemos continuar enxugando gelo. São dois focos: um olhar na estrutura do Estado, que é a responsabilidade do governador: construir presídios, cuidar desse sistema como um todo. Mas nós temos que olhar para o Congresso Nacional, que é lá que as coisas acontecem e por isso que eu quero pedir para os telespectadores que prestem atenção no Partido Novo que o Partido Novo é o partido que mais defende, por exemplo, a prisão em segunda instância. Então nós temos que pegar o pé de chinelo aqui, mas temos que pegar a liderança da quadrilha lá em cima. Nós não podemos descuidar disso, não. Então, esse é o foco do Partido Novo, de fazer segurança pública com consistência e não para um discurso.

Moacir Pereira: Agora os quadrilheiros estão soltos depois da Lava Jato, hein? E aí?

Odair Tramontin: Foi o que eu disse. Os bandidos viraram mocinho e os mocinhos viraram bandido. É o eleitor que vai decidir. Aí o catarinense tem que ter lucidez e separar o joio do trigo. Nós temos que dar uma olhada, prestar muita atenção nisso.

Paulo Rolemberg: Por falar em presídio, o senhor é a favor da parceria público-privada de entregar os presídios na mão da iniciativa privada?

Odair Tramontin: Perfeitamente, no mínimo uma coexistência. Eu tenho exemplos espetaculares, né? Lá na nossa pequena Indaial, nossa querida Indaial, que eu trabalhei tantos anos, tem um presídio espetacular lá que as pessoas trabalham, fora o seu pecúlio, quando sai, sai com sua reserva, ajudam suas famílias e, ao mesmo tempo, vão se reeducando. Então, é extremamente importante, mas nessa questão dos presídios, algo que eu como promotor vejo com muita atenção, é que nós temos que começar tratar diferente o criminoso eventual do criminoso profissional. A gente precisa rever essas questões, porque os presídios viram um barril de pólvora e uma escola do crime. Então, a gente precisa qualificar um pouco melhor a gestão dos presídios.

Moacir Pereira: O senhor tem sentido o problema das BR em Santa Catarina. Claro que não é um problema do governo do Estado, mas o governador pode ter uma atuação forte junto ao governo federal, principalmente. Por exemplo, onde o senhor mora? Vamos falar da 471, 101: Brusque, Itajaí e ville também. O que o senhor tem sentido nessas viagens?

Odair Tramontin: Uma tragédia. Para vir de Blumenau a Florianópolis, 140 quilômetros mais ou menos, a previsão é três horas e meia, três horas, esses dias eu demorei quatro horas. É um caos. Você imagina o quanto que representa isso para nossa economia? Os nossos portos, nessa faixa aqui. E aí o custo da logística é cruel na competitividade internacional. Então, se você analisar o custo da logística no mundo é cerca de 8%. A média brasileira é 11%. Em Santa Catarina o custo da logística é 14%. Isso significa que nós estamos sendo cruelmente tratados de forma desproporcional. Então, o governador não tem que ficar brigando com o presidente. O governador tem que ser um líder. Ele tem que representar o Estado. Ele tem que se unir com a bancada. E não pedir, não implorar como temos feito, tem que exigir do governo Federal maior atenção.

Moacir Pereira: Concretamente, a alternativa na sua avaliação, se eleito governador, seria a constituição da terceira faixa, seria a construção de uma nova rodovia? Qual é a opção?

Odair Tramontin: A opção é, que eu já vinha pensando e soube que existe estudo, é fazer uma rodovia alternativa. Paralela à 101, porque fazer a 101 é muito caro, muita desapropriação. Tem que fazer, mais ou menos, saindo da região de ville e até pelo menos o contorno Norte, quem sabe Paulo Lopes, mas feito através de concessão. Porque se esperar pelo governo federal aí nós vamos entrar em colapso muito antes do tempo.

Paulo Rolemberg: O senhor tem estudado em relação à privatização e à concessão de serviços públicos. Quais seriam essas empresas? Celesc, Casan, o senhor tem um estudo sobre isso?

Odair Tramontin: A gente precisa primeiro tomar pé da situação, né? O Partido Novo não tem problema nenhum com privatização, pelo contrário, nós defendemos as privatizações. A Casan vai ter que ser olhada com muita atenção, por quê? Porque nós temos um marco do saneamento e que estabeleceu prazo, né? Até 2033. Então, a Casan até agora ficava jogando para cá, jogando para lá, na conversa. Agora vai ter que mostrar resultado. E qual é o problema da Casan? Se ela não cumprir esse marco de saneamento terão que ser feitos concessões para a iniciativa privada. E aí não pode sobrar para o Estado o esqueleto. Nós que olhar com responsabilidade. Eu me sensibilizo com o servidor da Casan, a gente presta atenção, mas eu tenho que ser governador do Estado. A gente tem que olhar a floresta e não as árvores. Então é esse modelo de gestão, de liderança, de alguém que se preocupa com os problemas, é preciso que se implante numa nova política de verdade.

Moacir Pereira: Tenho dito e repetido que Santa Catarina é o mais rico mosaico brasileiro do, ponto de vista econômico, empresarial, racial, diversas origens, cultura extraordinária, folclórica e gastronomia, arte, coral. E temos debatido muito pouco sobre cultura agora nesse início de campanha. O que o partido propõe para valorizar e enriquecer ainda mais a cultura catarinense?

Odair Tramontin: O Partido Novo não interfere, né? Nós somos da iniciativa privada, nós entendemos que o mercado tem que resolver. A questão da cultura tem que ser olhada de uma forma um pouco diferente. Mas o Estado tem que criar o ambiente adequado para que as forças culturais se desenvolvam, sendo um facilitador, um aglutinador, né? Esse é propósito. Eu venho do Vale do Itajaí, uma rica cultura germânica. Você vai para o Sul do estado, Oeste de Santa Catarina, de onde eu venho, então é preciso que se olhe com cuidado, mas sobretudo, essas leis de incentivo para os megaprodutores como tem sido a Lei Rouanet, ela tem que ser aplicada para aquelas pessoas de fato que precisam daquele pontapé inicial, daquela ajuda, daquele incentivo.

Paulo Rolemberg: Falando em cultura, o turismo em Santa Catarina equivale a 12% do PIB do Estado. O que o senhor pretende fazer? O que o senhor tem de proposta, já que temos um Estado tão rico no turismo.

Moacir Pereira: E completando, nós não temos mais nem folheteria em Santa Catarina para divulgar as nossas potencialidades turísticas.

Odair Tramontin: É subaproveitado, né? Eu esses dias estava no Sul e falava lá sobre o potencial das nossas serras catarinenses. A gente precisa explorar. A Serra do Rio do Rastro é o lugar que eu mais gosto no mundo. Eu acho espetacular. E subaproveitado. Não tem nada. Agora, há pouco tempo, que tem um café lá em cima, né? Então é preciso ar isso para iniciativa privada, né? Incentivar isso. Qual é o papel do estado? O papel do estado é o incentivador, é o aglutinador. Eu sou do Vale, repito isso com muito orgulho. E nós temos lá o primeiro circuito catarinense brasileiro de bicicleta que, aliás, eu já fiz. São 294 quilômetros pelo Vale. E vem gente do Brasil inteiro, lotam as pousadas. A Páscoa de Pomerode é Páscoa que enche os olhos, né? Tudo feito pela iniciativa privada. Então o poder público tem que ser esse aglutinador, incentivar, porque o turismo não existe de forma localizada, ele precisa ser integrado. Então, nós precisamos manter o turista o maior tempo possível. Santa Catarina tem o que mostrar para manter o turista aqui por muito tempo.

Odair Tramontin fala sobre os investimentos na área do turismo na Serra do Rio do Rastro – Foto: Reprodução/NDTVOdair Tramontin fala sobre os investimentos na área do turismo na Serra do Rio do Rastro – Foto: Reprodução/NDTV

Moacir Pereira: Candidato Odair Tramontin, bate bola: sim ou não? A favor ou contra? Foro privilegiado?

Odair Tramontin: Não, né? O Brasil não pode continuar convivendo com isso.

Moacir Pereira: O senhor já falou, mas vamos repetir: prisão em segunda instância?

Odair Tramontin: Absolutamente favorável. Para ontem.

Paulo Rolemberg: Redução da maioridade penal.

Odair Tramontin: Sempre a favor. Sou a favor. Sou a favor. Inclusive para 14, não para 16 anos como se prega aí.

Moacir Pereira: Saidinha das prisões.

Odair Tramontin: Está louco? Os caras matam a mulher e sai no Dia das Mães. Isso não existe para mim.

Moacir Pereira: Fim da reeleição.

Odair Tramontin: Favorável com mandato de cinco anos.

Moacir Pereira: Estabilidade dos servidores públicos.

Odair Tramontin: Tem que relativizar

Paulo Rolemberg: Os privilégios dos servidores públicos.

Odair Tramontin: Tem que cortar.

Moacir Pereira: Ponto facultativo.

Odair Tramontin: Não pode.

Moacir Pereira: A política de duodécimos para os poderes, está correta ou precisa ser revista?

Odair Tramontin: Não, ela tem que ser revista, né? É como se fosse um pai que tem muitos filhos e trata muito bem alguns e outros não. Claro, respeitando a autonomia, a independência, o funcionamento, tem que ser analisado com responsabilidade, com cuidado, cuidado, mas é preciso enfrentar esse tema.

Paulo Rolemberg: Mudança no calendário eleitoral a cada quatro anos?

Odair Tramontin: É muita eleição, uma eleição, um ano sim, um ano não, isso é prejuízo, isso cansa o eleitor, eleições diretas, de cabo a rabo.

Moacir Pereira: Redução dos partidos políticos.

Odair Tramontin: O partido político não pode ser um negócio como é hoje, essas matrizes absolutamente inaceitáveis. Tem que ter redução.

Paulo Rolemberg: Privatizações.

Odair Tramontin: Favorável.

Moacir Pereira: Fundo eleitoral e fundo partidário.

Odair Tramontin: Não me fala isso. Eu sou o único candidato que não usa fundo eleitoral, faz a campanha do S: da sola, da saliva, do suor e dos seguidores.

Moacir Pereira: Quais são os riscos que nós corremos hoje na educação pública com essa ideologização total?

Odair Tramontin: Isso atenta contra a própria família, contra os valores da sociedade. A gente precisa repensar isso com muito cuidado. Quero pedir para os professores: vamos ensinar português, vamos ensinar matemática. Vamos ensinar valores.

Paulo Rolemberg: Falando mais uma vez da educação. O senhor tem projeto para implantação de escolas técnicas, profissionais, o senhor já falou nessa entrevista, mas qual o plano para isso?

Odair Tramontin: Não, não precisa criar a escola, nós temos uma capacidade instalada, eficiente e que funciona do sistema S, tem escolas, por exemplo, em Criciúma, espetacular. Os guris inventaram até uma bicicleta de madeira. É tecnologia. Então nós precisamos. Se você montar escolas técnicas precisa contratar os professores, que você contrata para 50 anos um professor né? E daqui a pouco professor já não demanda mais aquela especialidade. Então, nós temos que usar o dinamismo da rede privada, que é mais eficiente, mais barata e entrega resultados mais rápidos.

Moacir Pereira: O senhor tem tido pouco tempo, mas o último livro que o senhor leu e recomenda?

Odair Tramontin: É o Contrailuminismo, que realmente nós discutimos essa questão da escuridão, das novas perspectivas e da liberdade.

Moacir Pereira: O último filme.

Odair Tramontin: Aí eu já nem lembro, faz tanto tempo. Mas se tu quiser saber o meu filme preferido é As Pontes de Madison. Um filme espetacular lá dos anos 90 e que vale uma reflexão sobre as encruzilhadas da vida. Porque nós estamos o tempo todo tomando decisões e é importante que a gente pense sobre as encruzilhadas da vida.

Moacir Pereira: Música. Não está faltando muita música, muitas bandas de rock, enfim, nas escolas públicas e privadas de Santa Catarina?

Odair Tramontin: São os novos tempos, né? Os jovens têm outras tendências e tal. Eu acho que a música é um processo natural, né? Eu sou bastante eclético porque eu sou lá do Oeste, que a gente gosta lá de música gaúcha, gosta um pouco de música clássica, enfim, sou meio geral. Eu acho que é um processo natural. Não é ser saudosista, mas decaiu um pouco a respeito da qualidade dos últimos tempos.

Moacir Pereira: Candidato, temos ainda cinquenta segundos para as suas considerações finais ou a sua despedida.

Odair Tramontin: Eu queria pedir ao catarinense que atenção no Partido Novo, prestasse atenção na trajetória do candidato. Quero aqui mencionar Ricardo Althoff, um empresário bem-sucedido do Sul do Estado como meu candidato a vice. O Barbosa, médico aqui de Florianópolis, nosso candidato a senador, os nossos deputados federais, e prestasse atenção no que significa o Partido Novo. Olhe para ville o que nós fizemos. Uma istração de profissionais da política ao invés de políticos profissionais, de qualificação e de resultados. Nós precisamos refazer a política de Santa Catarina, mas uma novidade com consistência. E essa novidade se chama Partido Novo, Odair Tramontin 30, que pede para o catarinense o voto no dia 2 de outubro e agradeço essa oportunidade, dizendo para o eleitor que se não está contente, tem que mudar. E a gente não consegue resultados diferentes fazendo as coisas do mesmo jeito.

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