O Conexão ND Especial recebe os candidatos ao governo de Santa Catarina para uma sabatina, entre os dias 5 e 14 de setembro, na Record News. Nesta sexta-feira (9), os jornalistas do Grupo ND, Moacir Pereira e Karina Manarin, recebem Jorge Boeira (PDT).

Com duração de 30 minutos, as entrevistas serão exibidas no horário do programa Conexão ND, às 22h30, e depois disponibilizadas em todas as plataformas do Grupo ND. As sabatinas são apresentadas por Moacir Pereira com a participação de jornalistas convidados.
Moacir Pereira: Candidato, nós temos percebido que nessa campanha o senhor tem uma fixação por um tema considerado prioridade em todas as nações, a educação. O problema de Santa Catarina, observa-se em todos os municípios, o seguinte, equalizar a carência de mão de obra com o desemprego. O senhor tem alguma fórmula para essa situação?
Jorge Boeira: Olha, eu acho que eu sou resultado da educação. Eu venho de uma família simples, minha mãe terminou de criar quatro filhos, viúva e tinha o segundo ano primário e exigia que todos nós estudássemos, né? Tinha um barzinho, eu ajudava lá nas tarefas do do dia a dia: lavava copo, varria o chão e aos 20 anos de idade era professor na escola técnica federal, na Mauro Ramos, enquanto fazia o curso de Engenharia Mecânica. Formei-me e fui para o Sul do Estado, para Criciúma, onde depois de 40 anos nós temos três empresas que istro junto com a minha esposa, minha companheira de vida, e com as filhas. E hoje com o apoio de mais de mil colaboradores. Então eu sei a importância que foi para mim porque eu sou resultado da educação. E a educação que a gente tem que falar é uma educação que insira todo o cidadão, porque entendo que todos tem que crescer com igualdade de oportunidade. A Silvia, colega nossa do bairro da Juventude do município de Criciúma, que presta um trabalho fantástico. Ela sempre diz: “tem que dar a igualdade de condições na largada para que no momento da busca do mercado de trabalho tenha condições de igualdade também”. Então, eu entendo claramente que a situação que vive o Estado de Santa Catarina e, aliás, nenhum país pode prescindir da educação. Todos os países que se desenvolveram aplicaram muito em educação, ciência e tecnologia. Nós precisamos de uma creche em tempo integral para garantir que tanto o cidadão quanto a cidadã, o pai e a mãe possam trabalhar e buscar recursos para a sustentação econômica da família. Nós precisamos de escola em tempo integral, mas sobretudo precisamos no ensino médio, que o cidadão possa fazer o ensino profissionalizante, concomitantemente com as disciplinas do ensino médio.
Moacir Pereira: Isso vai resolver esse problema de falta de mão de obra, desemprego nos municípios?
Jorge Boeira: Além disso, nós precisamos garantir que esse cidadão tenha uma renda que garanta a permanência dele na escola, porque o ano ado nós tivemos uma evasão de um a cada quatro, é um índice muito alto. Eu imagino que é pela dificuldade que o cidadão tem de se manter na escola e precisa trabalhar para ajudar a família e outros que não tem expectativa, porque mesmo que termine em segundo grau, sabe que não vai poder fazer a faculdade porque não terá condições de pagar. E nós temos aqui um sistema Acafe, né? Só para finalizar que, construído pela sociedade catarinense sem apoio do Estado e que precisa nesse momento que o Estado apoie aquela ação. Portanto, se for necessário, nós vamos trabalhar para aumentar o artigo 170 para garantir que jovens egressos da escola pública tenham a oportunidade de fazer o curso que quiserem. Sociologia, pode fazer Direito, Matemática, Engenharia, Medicina. E eu acho que essa é a expectativa que a gente pode dar para esse cidadão egresso da escola pública.
Karina Manarin: Quando o senhor foi deputado, ainda nessa área educação, o senhor levantou uma bandeira de interiorização da UFSC. O senhor foi muito feliz na sua iniciativa. O senhor falou agora de escola técnica, falou do Sistema Acafe. Como fica o ensino público superior gratuito no seu governo? O senhor vai continuar tentando trazer para cá o campus da UFSC? O que o senhor planeja?
Jorge Boeira: Olha, eu acho que nós temos que ampliar cada vez mais a oportunidade educacional, que o Estado esteja presente, tanto na UDESC quanto na Universidade Federal de Santa Catarina, mas sobretudo também apoiar o sistema Acafe que foi o grande gerador de educação e de riqueza para o Estado catarinense. Então, nós trabalharemos nas três direções e se for o caso, inclusive, de dar apoio também a iniciativa privada, que hoje deve representar 10 a 15% aproximadamente. Evidentemente, a partir do momento que aquelas universidades privadas tenham um determinado compromisso com o Estado, na lógica de qualidade de ensino.
Karina Manarin: Agora entrando um pouquinho mais na política e na sua história. O senhor começou no MDB, foi eleito pelo PT deputado, depois pelo PP, que é o oposto do PT, depois o senhor foi para o PSD, depois foi para PDT. Não sei se eu esqueci de algum, mas eu gostaria de saber o que o senhor procurava a cada vez que o senhor trocava de partido? O senhor já se encontrou agora no PDT?
Jorge Boeira: Desde o primeiro momento eu sou aquele cidadão que busca a construção dos sonhos e, desde acho que 2010, aproximadamente, eu já busco uma candidatura majoritária. Que fosse o senado ou candidatura de vice, ou candidatura de governador. E buscava, e fazia, evidentemente, essa discussão dentro dos partidos. Isso veio em 2014, 2018 e sempre fui aquele cidadão que quando se vê cerceado na realização do sonho, procura outro caminho, busca, constrói outra direção. E foi isso que eu fiz com esses movimentos, durante esse tempo, e que me permitiu estar aqui nesse momento disputando o governo do Estado como uma candidatura diferente das outras candidaturas que estão postas. Sem nenhum demérito a todas as outras.
Karina Manarin: Mas o que tem de diferente?
Jorge Boeira: Sem nenhum demérito as outras candidaturas, mas todos os outros candidatos se apresentam como políticos de carreira. Começaram vereador aos 19 anos e foi aos 50. Eu não, eu vim de dentro da indústria, saí da indústria há 45 dias e sou candidato a governador. É bem verdade que estive quatro mandatos enquanto deputado federal para cumprir a tarefa da interiorização da Universidade Federal de Santa Catarina, que ainda precisa complementar e finalizar o campus de ville, que enquanto governador vamos dar conta dessa tarefa. Agora a construção desse projeto vem de longa data e é isso que eu faço. Abrindo espaços para poder realizar o projeto que não é pessoal, que é um projeto coletivo, sendo uma mudança de lógica de gestão, sem aquela lógica da boquinha para os correligionários, os aliados, os amigos do poder.
Moacir Pereira: A sua candidatura surgiu praticamente na semana fatal das convenções da lei eleitoral e o PDT não tem uma grande estrutura. Os seus concorrentes têm uma estrutura maior, tem mais recurso, tem mais tempo na televisão, tem tudo, não é verdade? Eu queria saber o seguinte, o senhor está leve, né? Eu senti isso nos bastidores aqui. O que o motiva para disputar uma eleição tão difícil, diante das circunstâncias?
Jorge Boeira: Quando você entra numa eleição, você levanta algumas teses e a nossa tese é exatamente essa, que o perfil dos outros candidatos é de político profissional. Eu não sou político profissional, eu estive deputado federal, enquanto deputado fui sempre o deputado mais econômico, não só de Santa Catarina, mas do Brasil inteiro. Eu não alugava carro andava de Uber, de táxi, de carona, a pé em Brasília. Eu não alugava carro aqui também no Estado. As refeições que eu fazia eu não cobrava da sociedade, porque se eu não fosse deputado teria que pagar do mesmo jeito. Aqui no Estado eu usava o meu carro, botava o combustível, eu não cobrava porque eu não sabia se estava andando para mim ou para o mandato. E quando, em determinado momento, que a gente foi perceber que, com essas ações, característica minha, eu era o deputado mais econômico do Brasil. E quando terminou o mandato, eu renunciei à aposentadoria. E, além disso, no momento de fazer a mudança depositaram na minha conta mais um salário de deputado. Eu digo não, obrigado, não senhor não, eu só tenho uma mala para carregar, eu não vou, cobrar um salário de deputado e devolvia o dinheiro. É o salário da mudança. Eu devolvi porque eu tinha uma mala só para carregar. Eu não tenho gasto para mim. Foi uma alegria ter sido, foi uma honra ter sido deputado federal. Servi a sociedade, dar conta dessas tarefas, principalmente na educação.
Karina Manarin: Pegando esse gancho, o senhor ficou nos primeiros colocados no ranking dos deputados que menos gastavam lá na Câmara dos Deputados. Como o senhor pretende trazer isso para o governo do Estado? Que tipo de economia se faz aqui?
Jorge Boeira: Ah, mas esse é o meu jeito, Karina, essa é a minha forma. Essa é a minha forma de ser, é desse jeito que eu vou governar Santa Catarina.
Moacir Pereira: O que o senhor mudaria objetivamente desse jeito de governar?
Jorge Boeira: Sim, eu acho que agora nós vamos entrar na questão central. O Estado de Santa Catarina, na verdade vem andando de lado. Parece que a gente rema, rema, rema e o Estado só boia. Os catarinenses construíram um Estado com uma produção diversificada, distribuída por todo o território catarinense e que parece que o sentimento é de abandono nesse momento, porque a gente não consegue mais progredir, o trabalhador não consegue melhorar de vida, porque o Estado se sente abandonado.
Karina Manarin: Mas o senhor enquanto empresário se sente abandonado também em Santa Catarina?
Jorge Boeira: Cada um de nós tem que fazer por nós mesmos, se a gente não fizer por nós mesmos, o Estado não ajuda em nada. Toda minha vida a construção que fiz foi só por conta, assim como todos os catarinenses, não é o meu caso. O Estado não ajuda em nada, e essa é a verdade e o sentimento, principalmente, do empresariado e do trabalhador também, porque ele não tem a creche para o filho, ele não tem a escola em tempo integral, ele não tem oportunidade educacional, não tem oportunidade de fazer uma universidade como qualquer outra. Então é esse o sentimento de abandono, o cidadão que está doente ou tem o pai, a mãe, o filho, o irmão, a irmã na fila de espera da cirurgia e não pode fazer nada e acaba morrendo na fila, esse é o sentimento de abandono que existe em relação aos catarinenses. E por isso mesmo o meu sentimento, isso não é desse governo, isso já vem de décadas, evidentemente, e talvez tenha se tornado um problema maior, nesse momento, por conta dessa maré montante que está vindo de todos os problemas que a gente tem tido no Estado. Me parece muito claro e, talvez, se eu for eleito, pode ser que eu também não consiga dar conta disso sozinho. Está no momento de nós chamarmos a participação, o apoio e a fiscalização da sociedade civil organizada.
Karina Manarin: De que forma?
Jorge Boeira: Eu acho que trazer praticamente todas as entidades, a Facisc, a Fiesc, a Fecomércio, os trabalhadores, os clubes de serviço, assim como foi construído lá em Rio do Sul, que tem uma entidade ligada à sociedade civil organizada, que istra o hospital regional e é lucrativo. O Hospital São José de Jaraguá do Sul também é a mesma situação. O próprio bairro da Juventude é um exemplo disso, no município de Criciúma, e que a gente acompanha. Então, tem que trazer a sociedade civil organizada, o apoio da sociedade e, principalmente, dessas entidades com uma estrutura do Estado inteiro. E eu dou um exemplo disso, por exemplo, a lei 8.666, que é a lei da das licitações, ela exige a participação e a fiscalização de um grupo, três ou quatro pessoas que vão fiscalizar. Normalmente, essas pessoas que vão participar junto daquele processo licitatório são pessoas da confiança ou dominadas pelo próprio governo. Então, tem que ter o apoio da sociedade civil e esse grupo é que vai, no final daquele processo licitatório, é esse grupo que vai validar. A partir disso, eu não tenho dúvida que a gente vai ter uma economia muito maior já nas próprias compras e na própria estrutura governamental. Quero falar também. só para finalizar esse tema. Por exemplo, poucos dias atrás houve no município de Cocal do Sul, um professor que molestava sexualmente, abusava sexualmente de crianças, 8, 9, 10 anos. O governo não tem condições, e eu não estou culpando o governo atual, mas tem que ter uma estrutura de acompanhamento do dia a dia de todas as escolas e o diretor não pode ser aquela indicação do governo do Estado por uma lógica política, para depois ter o apoio político daquela diretora. Não, eu acho que sociedade é que tem que escolher aquela diretora. Assim como na educação, isso deve ser na rede pública de saúde. Tem que ter o controle social. Porque acho que o governo, Moacir, o governo que não quer o apoio, a participação e a fiscalização da sociedade, ele quer apoderar daquilo que é público.

Moacir Pereira: O senhor tem circulado muito em Santa Catarina, como os outros candidatos. O que o senhor observa do cidadão catarinense, o que ele mais reclama do governo do Estado?
Jorge Boeira: Abandono.
Moacir Pereira: Em que áreas?
Jorge Boeira: Todas.
Moacir Pereira: Como?
Jorge Boeira: Vamos raciocinar, o nosso eixo Leste, Oeste. Nós temos no Oeste de Santa Catarina o maior complexo agroindustrial do mundo. São 55 mil associados, cooperativas que são as maiores do país: Aurora, a Cooperalfa, Cooperdia, Coopercampos. E nós temos na outra extremidade os portos de Itapoá, Itajaí, Navegantes e nesse trecho nós temos a 282 e 470. Completamente intrafegável. A 470, você fica parado em Gaspar uma hora, uma hora e meia.
Moacir Pereira: E já tive essa experiência agora o seguinte, como governador você não vai ver esse problema, porque você é federal. O que o senhor imagina para solucionar essa dramática realidade?
Jorge Boeira: Exatamente. E aí é que nós temos que considerar que nós somos um ente subnacional. Eu serei governador do Estado. E como governador do Estado, tu tem que construir uma boa relação com o governo federal. E quero ser mais. E não vou fazer críticas aqui ao atual governador, pelo fato de ter colocado R$ 460 milhões do orçamento do Estado em rodovias federais, porque para o catarinense não interessa se são rodovias federais ou estaduais. O catarinense quer condições de trafegabilidade e de mobilidade. E foram R$ 460 milhões. Casualmente, a dívida do Estado com a União é R$ 460 milhões anualmente. Eu diria assim, não, não tem problema. Eu vou colocar os recursos aqui nessas rodovias federais, mas pode descontar da minha dívida lá. Porque isso é dinheiro da sociedade, é dinheiro que a gente tira da saúde, da educação. Qual é o tema todo que nós temos que discutir aqui? É desenvolvimento econômico, se não tiver desenvolvimento econômico, se não tiver arrecadação, nós não vamos conseguir fazer política pública na área da saúde, da educação, da segurança pública, da assistência social. Precisa ter crescimento econômico. Então, é nisso que a gente tem que apostar.
Moacir Pereira: Além do abandono, o senhor identificou outro problema na área da saúde, educação?
Jorge Boeira: Sim, sem dúvida. Manutenção, se você pegar o Hospital Regional de São José, o ano ado ficou quatro horas parado porque houve excesso de tensão na rede. A rede elétrica entrou em pane e o cidadão sendo ventilado manualmente. O ar condicionado do hospital regional lá do município de Araranguá está numa área de fungos que pode levar lá para a UTI, se não tiver um bom sistema de filtragem. Então esse abandono. A última enchente em Rio do Sul foi porque é bomba da barragem de Ituporanga não funcionou. Então, são essas coisas que são difíceis de a gente entender, que a gente não faz nem mesmo uma manutenção preventiva daquilo que é público. E somente com o apoio da sociedade, o governo vai conseguir fazer e não é sentado aqui no Palácio da Agronômica que a gente vai conseguir dar conta de todas essas tarefas.
Karina Manarin: Candidato, eu perguntei ao senhor qual é o seu projeto para melhorar e enxugar a máquina pública. O senhor me falou em istrar com a sociedade, mas eu não entendi bem como isso vai agilizar a otimizar a máquina e economizar. Porque sempre se fala numa reforma istrativa. qual é o seu plano?
Jorge Boeira: É a fiscalização, em princípio. Aquelas estruturas que respondem ao Estado, ou seja, que não conseguem dar conta da sua tarefa. Exemplo que vou trazer aqui é a Secretaria de Articulação Nacional, finalidade nenhuma praticamente.
Moacir Pereira: É de Brasília?
Jorge Boeira: Sim.
Moacir Pereira: Por quê?
Jorge Boeira: Não, não tem finalidade nenhuma. Qual é a atividade que aquele secretário faz? Ninguém sabe. Eu acho que qualquer deputado, qualquer um dos nossos deputados ou o fórum parlamentar, não vai dar conta dessas tarefas ou o cidadão hoje daqui de Florianópolis pode marcar com o ministro que ele quiser. E é muito mais fácil o governador fazer uma ligação para o ministro e marcar uma audiência do que um secretário da Articulação Nacional que vai ar lá por outros caminhos. Não tenho dúvida disso, fecharia em primeiro momento. Só isso já significam R$ 4,6 milhões no orçamento desse ano do governo do Estado. E R$ 4,6 milhões dá para a gente realizar muitas tarefas, tanto na saúde quanto na educação.
Karina Manarin: Falando em orçamento do governo do Estado. O atual governo está fazendo convênios com vários municípios, para várias obras, inclusive lá no Sul, ontem foi assinado um convênio de R$ 225 milhões para a duplicação daquela rodovia Cocal do Sul, Urussanga. Nós sabemos que R$ 225 milhões, nós estamos praticamente em outubro, ele não vai conseguir fazer esse ree. A obra vai ser começada. O senhor, enquanto governador, termina essas obras, assume compromisso com isso?
Jorge Boeira: Certamente, eu acho que as obras não podem ter conclusão de continuidade porque saiu um governo e entra outro. O Estado é uma convenção, as pessoas vivem no município, ali que elas constroem as suas relações afetivas, constroem família, as suas relações sociais, financeiras e econômicas e de trabalho. Eu, eleito governador, vou dar continuidade a todas essas obras.
Moacir Pereira: Candidato, o senhor sabe que o problema da saúde é um dos mais graves de Santa Catarina e do Brasil. E uma das causas, pelo que se observa dos seus concorrentes, é o seguinte, é a tabela do SUS não é reajustada. O senhor que teve um contato forte em Brasília, por que vivemos esse drama e ninguém resolve esse problema?
Jorge Boeira: O melhor sistema de saúde do mundo é o SUS. Agora não tem dinheiro para pagar a conta. Essa é a verdade. Portanto, o Estado tem que agir também, principalmente, naquelas situações mais difíceis. O Estado aqui tem que dar a sua contribuição. Os hospitais filantrópicos têm, eu acho que um dos problemas também devem estar relacionado à eficiência. Então, nós temos que dar uma espécie de incentivo.
Moacir Pereira: Subsídios?
Jorge Boeira: Não, incentivo. Eu acho que essa é a palavra. Incentivo à eficiência dos hospitais. Conforme a eficiência, se melhora a eficiência, vai ter um ganho acima daquilo que é previsto na tabela do SUS. Agora, nós temos que cobrar a eficiência também desses hospitais porque nós não damos única e simplesmente ficar reando recursos aos hospitais, enquanto eles têm que aumentar a eficiência deles.
Moacir Pereira: Se eu entendi, o senhor governador não aplicaria nos hospitais de Santa Catarina a tabela do SUS que é federal. O senhor faria uma ampliação dos valores dessas tabelas.
Jorge Boeira: Mas o governo do Estado não tem autonomia para alterar a tabela do SUS. E o que nós estamos propondo para os hospitais filantrópicos, porque os hospitais estaduais, o governo já tem que rear os recursos. Para os hospitais filantrópicos nós darmos uma participação no resultado a partir da eficiência de cada hospital.
Karina Manarin: O hospital filantrópico é o que se tem de melhor hoje? O senhor mantém os hospitais filantrópicos? Por que nós percebemos que o governo tem evitado assumir hospitais, né? Que o hospital filantrópico tem feito um papel essencial na saúde.
Jorge Boeira: Não tenho dúvida disso, Karina. Tanto é que a gente está aqui fazendo a discussão de trazer a sociedade civil organizada para auxiliar o governo. O governo não pode assumir mais hospitais, mas pelo contrário, nós temos que caminhar, sim, na direção dos hospitais filantrópicos que prestam um trabalho excelente. Agora nós temos que também, por outro lado, ficar acompanhando o trabalho de cada um na lógica da eficiência.
Moacir Pereira: Agora o seguinte, o senhor tem batido muito no exemplo do Hospital de Rio do Sul, que tem uma istração comunitária lá com empresário, liderança. Até na sua cidade em Criciúma, o São José tem um grande déficit, o Hospital Regional de Chapecó, que é o mesmo sistema, a istração da comunidade está em R$ 50 milhões de débitos. Onde é que está a solução para esse problema?
Jorge Boeira: Olha, eu preciso te dizer, Moacir, eu não sou especialista em área de saúde. Não é a minha convivência do dia a dia. Esses temas da gestão, propriamente dita, enquanto governador, o compromisso que eu assumo é me dedicar ao tema e não vou terceirizar a responsabilidade da gestão da área da saúde. Embora tenha o secretário, é um assunto que eu vou me debruçar.
Moacir Pereira: Mas o exemplo é Rio do Sul na sua opinião?
Jorge Boeira: Na minha opinião, de tudo aquilo que eu andei e caminhei pelo Estado de Santa Catarina. O exemplo de Rio do Sul para mim, foi muito claro e foi surpreendente, inclusive.
Karina Manarin: E o que Rio do Sul faz de diferente?
Moacir Pereira: Boa gestão, boa istração.
Jorge Boeira: Mas não quer dizer que os outros não tenham. É Por isso que a gente precisa ver esse tema com maior profundidade. Como o Hospital Regional de Rio do Sul é superavitário e outros hospitais não são, enquanto o Hospital Regional de Rio do Sul atende 96% pelo SUS. Foi a primeira pergunta que eu fiz. Tá, mas quanto atende pelo SUS? Pelo SUS, 96%. Pode ser também, Moacir, que tem o tema da alta complexidade. A tabela do SUS, da alta complexidade paga, se não me engano, pelo menos enquanto eu era deputado, os valores são compatíveis, digamos assim.
Moacir Pereira: Bate-bola para encerrar a nossa entrevista com o candidato do PDT ao governo de Santa Catarina. Foro Privilegiado.
Jorge Boeira: Contra.
Karina Manarin: Saidinha das prisões.
Jorge Boeira: Também contra.
Moacir Pereira: Prisão de segunda instância.
Jorge Boeira: A favor.
Karina Manarin: Duodécimos.
Jorge Boeira: Precisa fazer a discussão. Esse é o custo da democracia. Agora não pode ser 21,88% do orçamento do estado de Santa Catarina. E essa discussão, de fato, a gente tem que fazer.
Moacir Pereira: Fim da reeleição.
Jorge Boeira: A favor.
Karina Manarin: Redução de partidos.
Jorge Boeira: A redução dos partidos vai acontecer naturalmente e por conta das cláusulas de barreira e o fim das coligações proporcionais.
Moacir Pereira: Fim do ponto facultativo para servidor público.
Jorge Boeira: Eu preciso aprofundar no tema. Desconheço.
Karina Manarin: Fim dos suplentes para o Senado.
Jorge Boeira: Favorável.
Moacir Pereira: Redução da maioridade penal, porque a bandidagem do tráfico usa os menores para praticar crimes.
Jorge Boeira: É preciso fazer uma discussão com maior profundidade porque, em princípio, não. E não acho que seja isso que vai resolver a criminalidade.
Karina Manarin: Estabilidade dos servidores públicos.
Jorge Boeira: O servidor público tem que ter um diferencial em relação ao da iniciativa privada, e é isso que ele tem: a estabilidade. Até porque, muitas vezes, o salário não é tão compensador quanto da iniciativa privada.
Moacir Pereira: Fundo partidário eleitoral.
Jorge Boeira: Contra, votei contra
Karina Manarin: O que falta na cultura em Santa Catarina?
Jorge Boeira: Não é um tema que eu tenho acúmulo e profundidade na discussão sobre a cultura porque eu venho da indústria. Preciso ser bastante honesto, venho da indústria, mas entendo que todas as nossas tradições dos povos europeus, de matrizes africana, dos nossos povos ancestrais, a sua forma de pensar, de agir, de dançar, de cantar suas religiosidades manifestadas das diferentes maneiras e que toda essa religiosidade leva à humildade, caridade. Isso a gente tem que preservar.
Moacir Pereira: Uma das atividades que mais gera empregos no Brasil e no mundo, na área de serviço, é de turismo. A atividade essencialmente privada. O que o governo deve fazer para melhorar o turismo em Santa Catarina?
Jorge Boeira: Estrutura. Nós precisamos dar condição de mobilidade para o turista. O cidadão só vai investir se tiver estradas que ele consiga mobilidade, ter o. Então, essa é a função do Estado, não só no turismo, mas na agricultura, na indústria. O Estado precisa da porta para fora, da porteira da propriedade rural para fora, do portão da fábrica para fora, o Estado não tem cumprido a sua parte. Nós estamos falando hoje aqui em Santa Catarina, indústria 4.0, todas a as nossas propriedades rurais já agregaram tecnologia e agregam valor ao produto e o nosso comércio, toda área de tecnologia da informação já aplicou e tem uma velocidade completamente diferente. Nós temos um Estado que anda numa velocidade 5G e o Estado analógico.
Karina Manarin: Privatização das estatais?
Jorge Boeira: Não, sou contra, principalmente da água. Vamos fazer a discussão da água, porque a água é um bem público, é essencial para sociedade, eu não posso fazer essa discussão de privatizar a água. E, além disso, a Casan tem uma proposta de equilibrar o preço para todos os catarinenses. É claro que tem aqueles municípios menores que são deficitários, mas os maiores são os superavitários, portanto é a garantia. E essa é a regulação do Estado com relação ao fornecimento da água e a energia elétrica a pela mesma lógica. Hoje nós temos em regiões do Oeste que não tem energia trifásica para o cidadão construir um aviário. Evidentemente, que a gente viu na telefonia, que aquelas regiões que são lucrativas tem sido aplicado bastante, mas naquelas regiões mais remotas com muita dificuldade. Isso vai acontecer na energia se nós privatizarmos.
Moacir Pereira: E um minuto, se for possível, o senhor que tem experiência parlamentar. Por que a reforma tributária não saiu?
Jorge Boeira: Eu acho que em um minuto eu não consigo. Mas tem um tema central da reforma tributária que é a federalização da legislação do ICMS. Primeiro, os estados menores que usam os incentivos fiscais para atrair empresas não têm interesse, porque a legislação vai ser federal, e cada um faz a sua legislação, no sentido de atrair a empresa. Então os estados menos industrializados não têm interesse. Os estados mais industrializados têm, porque o objetivo disso é acabar com a guerra fiscal. Isso em uma ponta. Na outra extremidade, na verdade, o imposto não tem que ser na origem. O imposto tem que ser no destino. Não é a produção que tem que pagar. É o consumo que tem que que pagar. E aí os estrados maiores e mais produtivos não querem. Porque o imposto sai de uma ponta e vem e vem para outra. Então, a disputa dentro do Congresso Nacional eu acho muito boa a sua pergunta, porque isso eu por quatro mandatos, pelo menos duas vezes a entrar a reforma tributária para discutir e nunca avançava, exatamente porque tem o conflito entre os estados.
Moacir Pereira: 20 segundos para a sua despedida ou considerações finais.
Jorge Boeira: Eu quero dizer e complementar aquela sua frase inicialmente: eu estou muito feliz com esse momento da minha vida, discutir os grandes temas do Estado de Santa Catarina, conhecer as pessoas, ser recebido com carinho e iremos até o dia 2 dando a maior a energia e com a maior alegria. Obrigado a todos aqueles que têm nos recebido no dia a dia nas suas casas, nas ruas e levarei essas lembranças eternamente no meu coração. Obrigado