O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, abriu um inquérito contra o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha e seu ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres.

O objetivo da ação é apurar a conduta de ambos durante os atos de vandalismo registrados na sede do Três Poderes, em Brasília, no último domingo (8). A determinação foi um atendimento a um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Também serão alvos da investigação Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário interino de Segurança Pública do DF, e Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, que já está preso por ordem do ministro.
Moraes aponta omissão do governador afastado
No novo inquérito, o ministro apontou indícios de que teria havido omissão e conivência do mandatário distrital e de seus auxiliares em facilitar os crimes violentos cometidos em Brasília.
Moraes destacou o áudio de Fernando Oliveira, que comandava a SSP-DF no dia dos atentados, orientando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre como se daria a escolta policial deles até o centro da capital federal.
Outro fator é que o titular da SSP-DF, Anderson Torres, teria exonerado toda a cúpula de segurança do DF e depois ter viajado para os Estados Unidos, dias antes dos ataques. Moraes também ressaltou a notícia de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) teria alertado as autoridades distritais ainda no sábado anterior aos ataques sobre o risco de atos violentos, e ainda assim nada foi feito para impedir o vandalismo.
Acrescentou que a omissão das autoridades distritais é “estarrecedora” diante de uma verdadeira “tragédia anunciada”, uma vez que manifestações pregando a tomada do poder já ocorriam há semanas em frente a unidades militares.
Ao comentar a existência de uma possível organização criminosa, o ministro afirmou também que a “Democracia brasileira não será abalada, muito menos destruída, por criminosos terroristas. A defesa da Democracia e das Instituições é inegociável”. Usando palavras duras, Moraes rechaçou “a ignóbil política de apaziguamento” e afirmou que ninguém deverá ficar impune.
Sobre o fato de que governadores têm foro privilegiado no STJ (Superior Tribunal de Justiça), e não no Supremo, o ministro argumentou que os indícios apontam possível ação de Ibaneis junto com outras pessoas que devem ser investigadas no Supremo. Além do mais, houve crimes praticados na sede do STF, o que atrai a competência do tribunal, escreveu ele.
Afastamentos
Ibaneis Rocha foi afastado de suas funções pelo próprio Moraes, ainda na madrugada de segunda (9), horas depois do atos violentos. Torres, por sua vez, é alvo de ordem de prisão expedida pelo ministro. O ex-secretário encontra-se fora do país, nos Estados Unidos. Segundo sua defesa, ele deve se entregar nos próximos dias.
Segundo a Agência Brasil, as defesas dos alvos da investigação são contatadas.