Marcos Antônio Pereira Gomes tem 34 anos, é paulista, e possui uma trajetória política incomum: de foragido da Polícia Federal ao quarto deputado federal mais votado por Santa Catarina com 71,4 mil votos, mesmo ainda utilizando uma tornozeleira eletrônica. Conhecido pela alcunha de Zé Trovão, o caminhoneiro concedeu entrevista ao colunista do Grupo ND, Paulo Alceu, no Conexão ND desta terça-feira (11).
Zé Trovão vai integrar a maior bancada partidária do Congresso: o Partido Liberal (PL), pelo qual foi eleito, terá 99 deputados federais e 14 senadores. O deputado federal eleito afirmou que começou apenas agora a “ter relação amigável” com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e prometeu “trabalho, honestidade, caráter e trabalhar pela família catarinense em Brasília”.
“A pessoa que entra em Brasília e se corrompe já era corrupta antes. Sempre andei pelo que é certo e justo, e vou levar isso à minha vida pública. O parlamentar é um escravo da lei”, afirma o futuro parlamentar, que promete defender os interesses dos motoristas de caminhão.
Zé Trovão foi preso em 2021 após pedir intervenção militar e pedir impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no contexto das manifestações políticas de 7 de setembro daquele ano. O caminhoneiro foi preso a pedido do ministro Alexandre de Moraes, que lhe impôs o uso da tornozeleira eletrônica e também bloqueou o o a suas redes sociais, onde conseguiu projeção entre apoiadores de Bolsonaro – chegou a ter mais de 40 mil seguidores no YouTube.
Depois de dois meses foragido nos EUA e México, Marcos Antônio Pereira Gomes retornou ao Brasil, apresentou-se à Polícia Federal e cumpriu pena em ville antes da autorização de aguardar a conclusão do inquérito em regime domiciliar. Atualmente, o político necessita de autorização judicial para viajar a Brasília e brinca a com a situação.
“Tem que carregar (a tornozeleira eletrônica) por 3 horas no próprio corpo. Dou mais atenção à tornozeleira do que à minha esposa. Tenho que pedir ao juiz para viajar a Brasília e meu advogado já pediu a retirada da tornozeleira”, afirma Trovão.
Eleito parlamentar, Zé Trovão mudou o discurso que exigia intervenção militar e agora se diz “um escravo da lei”. Ele nega todas as acusações, afirma sua inocência e diz que “jamais fiz algo que fosse antidemocrático, embora tenha ressaltado a leitura do livro “A Verdade Sufocada”, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI, condenado pela Justiça pela prática de tortura durante o governo militar no Brasil (64-85).
“O mandato é meu, o eleito fui eu, e não o partido. Eu faço parte do partido, quero estar junto com o partido desde que seja para beneficiar as pessoas, não em causa própria. O que é em prol da vida eu estou junto”, argumenta o parlamentar eleito, que acredita que “a máquina pública precisa ser enxugada, precisa de uma reforma”.
Por fim, Zé Trovão faz um apelo para que os eleitores não deixem de participar do processo democrático e compareçam às urnas no segundo turno. Apoiador de Bolsonaro, ele afirma que o rival, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), é o “maior bandido da história do País”.
“Tenho convicção de que vamos vencer o segundo turno. 30 milhões de brasileiros não foram votar. Mais de 1 milhão de catarinenses não foram às urnas. E quase perdemos as eleições para o maior criminoso de todos os tempos. O brasileiro quase entregou a presidência ao maior corrupto da história do País porque foi omisso. Cada voto é importante”.