‘Não deveria usar cropped’: Influencer de Florianópolis desponta aos 64 anos e dribla desafios 6tz56

Ceres de Azevedo descobriu novas paixões depois dos 60 e mostra que não há limite de idade para a autorrealização e crescimento 11449

O processo de se reinventar durante o envelhecimento apareceu de surpresa na vida de Ceres de Azevedo, de 64 anos. Ela é influencer digital e possui um perfil voltado ao público feminino acima dos 50 anos.

A gaúcha que vive em Florianópolis há 30 anos apresenta um conteúdo focado em lifestyle, em que mostra de tudo um pouco: moda, decoração, beleza, gastronomia, atividade física e alimentação saudável.

Ela pratica atividades físicas, adora moda e gastronomia, além de cuidar do corpo e da pele, conteúdos que mostra em sua página na internet. Para Ceres, isso é fundamental para um envelhecimento saudável.

Atualmente com 27,5 mil seguidores, possui a descrição de que “a idade não nos limita”. Apesar dos altos e baixos ao longo da vida, a influencer afirma que sempre foi uma pessoa para frente.

Ceres de Azevedo é influencer e traz conteúdos sobre moda, atividade física e muito mais em sua página – Foto: Reprodução/InstagramCeres de Azevedo é influencer e traz conteúdos sobre moda, atividade física e muito mais em sua página – Foto: Reprodução/Instagram

No entanto, o sucesso de Ceres não ocorreu da noite para o dia. Foi com quase 60 anos que ela precisou se reinventar após descobrir uma doença, a espondilite anquilosante, que afeta a coluna vertebral e as articulações.

Por conta disso, não tinha mais condições físicas de trabalhar. Na época, trabalhava com gastronomia, área que ama, e chegou a abrir um café, o “Ceres Azevedo e Cia”. Com o negócio, ela produziu mais de 300 eventos entre jantares, festas de aniversário, casamentos, e publicou dois livros de culinária: “Cardápios para o Dia a Dia” e “Cardápios para Receber Amigos”.

Além de lidar com a doença, havia outro desafio: reinventar-se aos quase 60 anos:

“Eu pensei: o que eu vou fazer da minha vida agora? Eu vou ter que largar a profissão que eu tanto gosto, que eu pratico há anos?”, relembra.

Graduada em Publicidade e Propaganda, ainda jovem saiu da casa dos pais para crescer e ser independente, começou na área da Moda, migrou para a Gastronomia, e por fim juntou o que gosta e resolveu compartilhar na internet.

Após fechar o estabelecimento, Ceres precisou começar do zero. Por conta do incentivo dos filhos e de algumas mentorias, ela criou um perfil na web para compartilhar experiências e dicas para mulheres a partir dos 50 anos.

“No começo, muitas pessoas não acreditaram no meu potencial, principalmente por conta da idade”, explica.

O primeiro mito derrubado por Ceres foi o da incapacidade, já que teve de lidar com a tecnologia. Na época, quando iniciou, ela só tinha conhecimento em enviar e-mails.

A influencer então foi se aprimorando, derrubando a tese de que idosos não são capazes de adquirir conhecimento. Como mesmo descreve, os filhos deram o incentivo, porém a decisão de agarrar a oportunidade partiu dela.

“Precisamos acreditar em nós mesmos e começar aos poucos. Só depende da gente. Não pode achar que não consegue ou que não vai dar tempo, comece aos poucos. Não é parado assistindo TV que vai ocorrer”, incentiva.

Nem mesmo a doença, a pandemia e os comentários negativos pararam Ceres. Ela comenta sobre os vários momentos difíceis, o medo e a vontade de desistir.

Porém, ela seguiu em frente e hoje inspira mulheres nas redes sociais, inclusive a ver o envelhecimento de outra forma.

“Recebi vários comentários como ‘essa velha se acha’, ‘ridícula, está usando a roupa da filha’ ou ‘essa mulher não deveria usar cropped’. Mas as críticas não me abalam”, comenta.

Ceres também realiza mentorias sobre edição de vídeos e sugestões de conteúdo para aqueles que ainda não dominam a prática. Ela felicita-se em ler os comentários positivos e que faz a diferença para muitas pessoas.

Segundo a influencer, o objetivo não é colaborar com a transformação apenas das mulheres mais velhas, mas alcançar também as mais jovens para que normalizem o envelhecimento no futuro.

A influencer também acredita que vai precisar reinventar-se novamente e adquirir ainda mais conhecimento, no entanto, ela confia no potencial e afirma que não irá desistir.

“A vida não é só de conquistas, são de tropeços também, mas eles te levam para um caminho melhor”, afirma.

Para ela, a dor transforma o ser-humano e faz com que se arranje forças. Por isso, não sente medo do envelhecimento, nem de recomeçar, tampouco de ser ela mesma.

“Eu não troco os meus 60 anos pelos meus 30, porque hoje eu me reconheço. Antes eu vivia com muito medo e também queria ser um parâmetro para os outros. Hoje eu me libertei, sou a Ceres que sempre quis ser”, completa, animada.

Grupo promove encontros e debates entre idosos através do cinema 1q5u4v

É em uma sala alugada na Paróquia da Santíssima Trindade, no bairro Trindade, em Florianópolis, que a socióloga Mônica Joesting Siedler, de 67 anos, recebe turmas de idosos para um Cinedebate em Gerontologia – o estudo do envelhecimento.

Graduada em Ciências Sociais pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas), especialista em Gerontologia pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e mestre em Enfermagem pela mesma universidade, desde jovem Mônica apreciou conversar com idosos e debater sobre o envelhecimento.

Mônica Siedler tem 67 anos, é especialista em gerontologia e realiza o Cinedebate desde 2000 – Foto: Lara Hinkel/NDMônica Siedler tem 67 anos, é especialista em gerontologia e realiza o Cinedebate desde 2000 – Foto: Lara Hinkel/ND

Há 35 anos ela estuda e trabalha na área, e há mais de 20 anos traz o cinema como uma porta de entrada para debates e reflexões entre idosos.

Todas as quintas-feiras ela reúne a turma para assistir filmes que abordam temas do cotidiano, como preconceito, envelhecimento e autoestima.

“Eles assistem o filme, e uma semana depois, para ativar a memória, nós conversamos sobre. Sempre trago filmes que debatem e nunca aqueles que não trazem esperança, já que não podemos diminuí-la”, declara.

A gerontologista explica que o projeto ajuda a mostrar ao idoso de que ele não é o único que está ando pelos desafios, conflitos e inseguranças.

“Pergunto qual tema, qual assunto, qual filme desejam explorar. Eu trabalho o personagem do filme como reflexão de pensamento sobre a situação delas. Trabalho com o acolhimento ”, completa.

Espaço para amizades e conhecimento 2le15

O espaço também permite com que laços de amizade e de parceria sejam realizados, como bem descreve a carioca Carmen Lúcia Vieira, de 73 anos.

“A pessoa tem sempre que se manter em atividade para socializar. Essa troca é muito importante, você encontra pessoas com gostos em comum, se sente em casa”, comenta, com lágrimas nos olhos.

Carmen Lúcia possui 73 anos e também é frequentadora do Cinedebate – Foto: Lara Hinkel/NDCarmen Lúcia possui 73 anos e também é frequentadora do Cinedebate – Foto: Lara Hinkel/ND

É pensando dessa forma que Carmen sempre se mantém ativa. Graduada em Letras-Inglês, foi professora voluntária no NETI/UNAPI (Universidade Aberta para Pessoas Idosas), da UFSC, de 2008 até 2015, espaço em que conheceu Mônica.

Além disso, Carmen aprecia frequentar centros culturais, cozinhar, ir à praia e a prática de exercícios. Ainda, estuda francês e faz aula de música na UNAPI. Ela busca conhecimentos sobre compositores clássicos.

Também gosta sempre de se manter atualizada, já que tem netos adolescentes.

Questionada em como ter um envelhecimento saudável, ela reforça a importância de exercícios físicos e de nunca parar, seja a mente ou o corpo.

“Participar de grupos e estudar funciona como uma terapia para mim, por isso é importante manter o corpo e a mente em movimento”, afirma.

Para Carmen, a aposentadoria foi um grande desafio, já que foi um momento em que geralmente as pessoas “permanecem paradas, sem socializar”, como assim descreve.

“Não tenho medo de envelhecer desde que seja com qualidade. Autonomia é tudo. Por isso eu nunca fico parada. Nunca. Nem mesmo paro para assistir televisão”, completa.

Serviço: 1k4b5u

  • O Cinedebate ocorre todas as manhãs de quintas-feiras, na Paróquia Santíssima Trindade, localizada na Praça Santos Dumont, no bairro Trindade, em Florianópolis. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected].
  • A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), por meio do NETI – UNAPI (Universidade Aberta para as Pessoas Idosas), oferece cursos gratuitos nas áreas de línguas, arte, cultura, tecnologia, saúde, psicologia e bem-estar com frequência semanal, dentre outras. Grupos como o Centro de Estudos do NETI, Coral Vozes da Ilha, Grupo de Encontros Culturais (GEC), Abelhinhas Artesãs, Grupo Renascer (com ensaios e apresentações de dança), Hora da História, Grupo de Teatro Estamos Aí, Grupo 5 de maio e o btegraNETI. O NETI/UNAPI também possui workshops e oficinas, além de ter atendimentos para pessoas com Alzheimer e Parkinson. Também oferece EJA (Educação de Jovens e Adultos) e CEJA (Centro de Educação de Jovens e Adultos). Para entrar em contato com o NETI/UNAPI, estão disponíveis o telefone (48) 3721-6198 e o e-mail [email protected]. O horário de funcionamento é das 08 horas até meio-dia, e das 13 horas até 17h horas.
  • A UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina) possui o Grupo de Estudos da Terceira Idade – Geti, implantado no CEFID (Centro de Ciências da Saúde e do Esporte), desde 1989, de forma gratuita.  Dentre as atividades oferecidas, estão coral, dança, caminhada com exercícios funcionais, ginástica, futebol adaptado, hidroginástica, musculação, natação, pilates e vôlei adaptado, para pessoas a partir dos 60 anos. Possui também o projeto Saúde Sem Queda para prevenir a queda em idosos, além da produção de jogos de equilíbrio. Para quem deseja se inscrever, é necessário entrar em contato pelo telefone (48) 3664-8659 ou pelo e-mail [email protected]. Maiores informações também estão disponíveis pelo site udesc.br/cefid/geti.
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