Estamos vivendo uma nova revolução sexual feminina? Aqui, te convido a pensar sobre como alguns movimentos feministas impactaram na saúde e nas decisões sexuais das mulheres na contemporaneidade.
Ao pensarmos nas trajetórias e conquistas de uma forma bem resumida, esses movimentos revelaram as condições sociais, políticas e históricas que limitavam a liberdade e a autonomia das mulheres e que impunham, sobretudo, uma opressão ao prazer feminino.

O feminismo trouxe a crítica à maternidade como único lugar de realização das mulheres, mostrou a importância de lutarem por identidade e de exigirem respeito aos seus corpos e individualidades, e como elas podem ser protagonistas de suas vidas, incluindo a sexual, independente de orientação e identidade de gênero.
A segunda onda do feminismo, que historicamente aconteceu na década de 1960, difundiu, ainda, um olhar mais crítico aos modelos de família nuclear como uma instituição imutável. Revelou novas configurações familiares, relações de poder, recortes de raça. Criou novos espaços de fala para mulheres (contextos universitários e de trabalho) e evidenciou a emergência de feminismos não hegemônicos (feministas negras e lésbicas).
Perceba que são lutas que permanecem evidentes ainda hoje.
E entre tantas conquistas, uma das mais importantes, com certeza, foi a descoberta da pílula anticoncepcional. Críticas a parte, a pílula possibilitou mais liberdade sexual às mulheres, uma vez que dissociou o ato sexual erótico e prazeroso do ato meramente reprodutor.
Vejam: saímos de um sexo reprodutivo para um sexo erótico.
E o que a saúde sexual da mulher contemporânea tem com isso? O que o feminismo tem com isso? Bom, a perspectiva feminista associa o autoconhecimento à liberdade de escolha e ao direito ao prazer.
A garantia do o às informações científicas, um dos 16 direitos sexuais que compõem a Declaração dos Direitos Sexuais elaborada pela Associação Mundial para Saúde Sexual*, as mulheres hoje podem ter compreensão do próprio corpo, sua saúde e seus prazeres, e rever, por meio de conhecimento e da terapia da sexualidade, os mitos que interferem diretamente nas suas vivências sexuais.
Assim, é a partir do Século XX, quando a Sexologia (ciência que estuda o comportamento e a saúde sexual) avança em seus estudos, que o orgasmo feminino a a ser (re)conhecido como prazer sexual. Logo, a mulher a a ser vista como agente e sujeito do seu prazer.
Com isso, o foco machista de que a sexualidade feminina seria definida a partir da sexualidade masculina e que o corpo da mulher existe apenas para dar prazer ao homem começam a cair por terra. As mulheres repensam o ato de fingir o orgasmo, de transar sem vontade e de fazer sexo para agradar apenas o outro.
Diante de tanto, estaríamos vivendo uma nova revolução sexual feminina?
Eu vejo em meus atendimentos clínicos em Psicologia e Sexologia no consultório e na plataforma Sexo sem Dúvida, que muitas mulheres estão mais atentas ao seu bem-estar, cuidando da saúde mental e protagonizando suas escolhas sexuais. Isso responde a pergunta do início do texto.
E você, mulher, como tem se percebido sexualmente?
* Declaração dos Direitos Sexuais – WAS (Associação Mundial pela Saúde Sexual) http://www.worldsexology.org/resources/declaration-of-sexual-rights/