Chargista Angeli encerra carreira após diagnóstico de doença que afetou Bruce Willis

Anúncio do encerramento das suas atividades como chargista aconteceu nesta quarta-feira; 50 anos da obra de Angeli deverão ser celebrados em uma publicação da editora Companhia das Letras

O chargista Angeli, de 65 anos, anunciou, nesta quarta-feira (20), que está encerrando sua carreira após ser diagnosticado por afasia, doença neurodegenerativa que também afetou o ator Bruce Willis.

Chargista Angeli encerra legado na imprensa brasileira – Foto: Internet/Reprodução/NDChargista Angeli encerra legado na imprensa brasileira – Foto: Internet/Reprodução/ND

Conforme o Estadão, a notícia foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, do qual Angeli se aposenta, e confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Através do perfil oficial, o Galeria Angeli, foi divulgado um comunicado relatando motivos de saúde para divulgar sua aposentadoria. “Seguiremos celebrando a obra de Angeli em novas publicações e exposições”, diz o comunicado da Galeria Angeli.

Os 50 anos da obra de Angeli deverão ser celebrados em uma publicação da editora Companhia das Letras, prevista ainda para este ano, comandada por sua mulher, Carolina Guaycuru, e André Coti.

A ideia é agregar cerca de mil trabalhos, com as tirinhas publicadas em jornais e revistas, além das charges e ilustrações, em dois volumes.

Os personagens

O cartunista marcou uma geração com a turma do Chiclete com Banana. O verde Bob Cuspe era o verdadeiro anarquista, punk de periferia, que lascava uma boa cuspida em quem o irritava. Era fã das bandas Ramones, The Clash e Sex Pistols e virou animação em Bob Cuspe – Nós não gostamos de gente.

Os Skrotinhos eram os baixinhos mais sem trava na língua da turma e não perdoavam ninguém em suas piadas, fazendo parte do politicamente incorreto.

E a dupla Wood & Stock não era menos divertida ao fazer alusão aos hippies dos anos 60, perdidos no tempo.

Ainda tinha o machão Bibelô e a dupla política Meia Oito que tirava uma onda dos esquerdistas dessa geração.

De todos os personagens, ícone mesmo era a Rebordosa, com sua banheira memorável, copo de bebida na mão e um cigarro na boca. A heroína de Angeli, sempre de ressaca e envolvida em algum amor ageiro, foi criada em 1984 e se tornou uma das personagens mais populares e queridas dos quadrinhos no País. Tanto é que quando Angeli resolveu “matá-la” causou comoção entre os fãs.

“Angeli é fundamental, um sujeito que fez uma caminhada e uma trajetória únicas. Ele trouxe para a charge e para o cartum elementos dos quadrinhos, onde trabalhava personagens e cenas da vida cotidiana – urbana, principalmente”, diz Laerte. “Ele fundou uma linguagem pessoal”, completa.

Adolescente prodígio, o cartunista publicou seu primeiro desenho aos 14 anos na extinta revista Senhor. Em 1973, começaram as tirinhas da turma Chiclete com Bananal na Folha de S.Paulo.

Bruce Willis pausa carreira

A doença que acomete Angeli é a mesma do ator de Hollywood, Bruce Willis, 67, que em março ado anunciou também pausa em sua trabalho por justamente a afasia afetar as habilidades cognitivas.

No caso de Angeli, ainda não se sabe o que desencadeou a doença, que pode ter como causa mais frequente os AVCs, seja hemorrágico ou isquêmico.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, a afasia também pode ocorrer depois de um TCE (traumatismo cranioencefálico), um tumor cerebral, um aneurisma, infecções cerebrais ou alguns tipos de demência.

O tratamento abre a possibilidade de diminuição dos sintomas.

Entenda o que é afasia

Segundo artigo do Hospital Albert Einstein, o distúrbio altera a capacidade dos pacientes de se comunicar de forma adequada e pode afetar as seguintes funções: capacidade de falar ou se expressar verbalmente; compreensão da linguagem verbal; compreensão da linguagem escrita (leitura) e a capacidade de escrever.

Entre as causas da afasia estão várias doenças neurológicas, como o AVC (Acidente Vascular Cerebral). O distúrbio também pode se instalar de forma gradual se relacionado a tumores cerebrais ou a doenças degenerativas como o Alzheimer.

Outras causas de lesões cerebrais que podem levar às afasias são: abscessos cerebrais, traumas de crânio e esclerose múltipla. O tamanho da lesão cerebral e o tipo de doença de base determinam o grau de deficiência da linguagem.

Os sintomas podem ser percebidos pelo paciente, parentes ou pessoas próximas, sem nenhum treinamento formal, podendo se apresentar das seguintes formas: o paciente fala frases curtas ou incompletas, fala frases que não fazem sentido, troca uma palavra por outra ou troca fonemas por outros fonemas, essas trocas são conhecidas como parafasias semânticas ou fonéticas respectivamente, fala palavras incompreensíveis, não entende a conversa de outras pessoas, escreve frases que não fazem sentido.

O diagnóstico das afasias é eminentemente clínico, sendo o neurologista o profissional mais habilitado para este diagnóstico.

Tratamento

A doença de base deve ser definida e tratada adequadamente o mais rápido possível. Caso o quadro de afasia apresente instalação aguda ou súbita o paciente deve procurar imediatamente um pronto socorro especializado, pois, a causa pode ser um AVC.

Os AVCs devem ser tratados o mais precoce possível, pois, isso aumenta as chances do paciente evoluir sem sequelas.

Após iniciar o tratamento das doenças de base, o tratamento para as afasias deve ser feito com programas de reabilitação de linguagem que tem como seu principal pilar a fonoterapia.

Essa terapia envolve a prática de habilidades linguísticas e pode ensinar os pacientes a suprir deficiências com outras formas de s​e comunicar. Os membros da família frequentemente participam do processo de reabilitação, ajudando com a comunicação dos pacientes.

Pesquisador da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, o neurocientista brasileiro Marc Abreu desenvolveu equipamento capaz de conter o avanço de doenças degenerativas. Na manhã desta quarta-feira (20), ele falou sobre o aparelho no SC no Ar e disse que “existe luz no fim do túnel”.

Confira a entrevista completa e uma reportagem sobre o repórter André Tal que foi diagnosticado com a doença de Parkinson.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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