Inês Mota Prá e Aldo de Prá viveram juntos por 68 anos em Pedras Grandes no Sul de Santa Catarina. Com 90 e 92 anos, respectivamente, tinham um sítio no bairro Azambuja onde o marido era agricultor e a esposa cuidava da casa. Da união, nasceram dez filhos. No último dia 30, Inês adoeceu devido ao coronavírus.
A causa da morte foi descoberta dois dias depois, quando Aldo também começou os sintomas da Covid-19. Após testar positivo, ele foi internado e começou o tratamento com hidroxicloroquina, recebendo alta neste domingo (12).

O uso constante do fogão a lenha dentro de casa, habito que carregou durante toda a vida, levou Inês a desenvolver bronquite e uma mancha no pulmão, conta Ademir de Prá, o filho do meio.
Ademir desconfia que a mãe contraiu a Covid-19 no hospital. Foi Ademir que, no dia 11 de março, levou a mãe para ser internada no Hospital Nossa Senhora da Conceição devido a problemas nos rins. Ele também cuidou dela enquanto estava internada.
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Na semana seguinte ele começou a sentir os sintomas da Covid-19, ocasião em que a mãe havia recebido alta do hospital. Após percorrer os 30 km que separam Tubarão e o sítio da família, no último dia 20, o filho ficou distante dos pais, isolado.
O quadro da mãe começou a piorar nos dias seguintes, até que no dia 23 ela foi internada com falta de ar. No hospital, a mãe ficou isolada, sendo atendida pelos médicos com máscara e álcool gel. Devido a idade, ela não pode ser entubada, conta o filho.
No dia 30 ela faleceu, o teste confirmando a causa da morte foi concluído dois dias depois.
Pai ou doze dias internado 2y3g3v
Também apresentando os sintomas, o pai foi internado dois dias depois de perder a esposa, no Hospital São Sebastião, em Treze de Maio. Lá, os médicos começaram a ministrar o tratamento com hidroxicloroquina, adquirida pelo filho nas farmácias da cidade uma vez que o hospital não tinha o medicamento.
No dia 8 ele foi transferido, através de uma ambulância, para o hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, onde o hospital continuou o tratamento com o medicamento, com remédios da própria instituição. A alta veio no dia 12. Agora, Aldo continua o tratamento em casa, utilizando luva e máscara.
Durante este tempo, o pai teve que interromper o uso de antibióticos para os tratamentos contra o câncer de próstata e intestino que ele sofre.
“É muito importante que as pessoas se cuidem. Muita gente leva na brincadeira, mas na hora que a Covid-19 entra no corpo, a contaminação é muito rápida” conta Ademir. Para celebrar a alta do pai, o filho gravou um vídeo: