De forma humanizada, assistente social de Florianópolis transforma atendimento na saúde mental 164x40

Atuando há 12 anos no Centro de Referência de Assistência Social Norte, na Ilha de Santa Catarina, Letícia Haeser lida de forma empática com dores e sentimentos dos que buscam por ajuda 1s576y

Todos os indivíduos merecem ser tratados como iguais e ter seus direitos assegurados pelas instituições públicas de saúde. Esse é o pensamento que move o trabalho de Letícia Sedano Haeser, que há dez anos rege o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Norte, em Florianópolis.

O local é uma área de acolhimento para pessoas que estão em situações de vulnerabilidades sociais ou que necessitam de apoio para lidar com os mais diversos transtornos mentais, que afetam diretamente a sua saúde e a de seus familiares.

Letícia, assistente social, atua há uma década na instituição, onde é querida por todos que atua junto e também por quem busca por ajuda – Foto: Yasmin Mior/NDLetícia, assistente social, atua há uma década na instituição, onde é querida por todos que atua junto e também por quem busca por ajuda – Foto: Yasmin Mior/ND

Formada em assistência social, Letícia, de 42 anos, conta que desde sua infância lida diretamente com pessoas que sofrem de problemas relacionados à saúde mental. “Minha mãe morreu quando nasci. Logo depois minha dinda começou a apresentar episódios esquizofrênicos”.

Ao contrário do que regem os estigmas sociais, a madrinha da assistente social não teve sua presença excluída do núcleo familiar por causa disso. “Meu pai fez questão de que ela me batizasse, e eu sempre convivi com ela tranquilamente. Ela cuidava de mim e nós brincávamos juntas”.

O comportamento da mulher, enquanto Letícia ainda era criança, era de extremo cuidado. “Tinha vezes que nós estávamos na sala de casa e ela começava a ter um episódio esquizofrênico, então ela pedia licença, ia para outro canto, e, quando estivesse bem, voltava”, conta.

Para Haeser, inclusive, se algum familiar comentasse que a madrinha possuía a doença, era motivo de briga. “Eu ficava brava e negava”. A situação só tomou novos rumos na adolescência da mulher, quando o comportamento de sua dinda mudou.

“Ela começou a se esquivar de mim. Foi então que comecei a compreender o que acontecia. Até então a minha ingenuidade de criança não deixava que eu percebesse, até porque para mim aquilo era muito normal, nunca foi uma preocupação”, fala.

“Talvez disso tenha resultado o interesse e a possibilidade de trabalhar com a convivência do sofrimento psíquico”, pondera Letícia.

A empatia como guia em seu serviço 4k4w2l

Por ter essa vivência no crescimento, Letícia acredita que desenvolveu uma empatia ainda maior do que as requisitadas pela área da saúde. É com brilho nos olhos que a assistente social conta sobre sua carreira, e é com orgulho que ela fala sobre o assunto.

“Trabalho há 18 anos como assistente social. Iniciei em Porto Alegre, fiz residência para me especializar em saúde coletiva e depois em saúde mental, com subsistemas para a saúde indígena”, conta. A mulher tem ainda uma breve agem de trabalho em manicômios.

Durante dois anos, Letícia atuou diretamente com pacientes deste tipo de instituição, com os quais aprendeu que a “loucura” pode ser incluída socialmente. “Isso não é feito, agora, por causa dos rótulos da sociedade. Tudo possui um rótulo, mas eles são humanos como todos”, comenta.

“O que difere é que as pessoas que apresentam condições mentais diferentes da maioria se expressam de maneiras que, para nós, podem não fazer sentido, mas para eles sim”, diz ela. “A gente deve é promover inclusão e entender que eles agem desta forma por serem assim. Eles precisam estar conosco, pertencer, para que esses rótulos sejam quebrados”, completa.

“Nós colocamos expectativas nas normas sociais, mas nós precisamos incluir, e não segregar”, finaliza. Com todos os aprendizados e uma bagagem emocional ainda maior, há 12 anos Letícia prestou concurso público e foi chamada para trabalhar em Santa Catarina. Desde então, vem atuando na proteção social básica.

Instituição está localizada na Rodovia Virgílio Várzea, no Norte da Ilha – Foto: Google Street View/Reprodução/NDInstituição está localizada na Rodovia Virgílio Várzea, no Norte da Ilha – Foto: Google Street View/Reprodução/ND

“O Cras é um lugar de referência, de escuta e acolhimento. É onde as pessoas que necessitam são asseguradas pela assistência social. A gente lida com sentimentos, com pessoas que buscam tratar questões doloridas em seus círculos sociais e que por vezes não sabem como”, diz.

“Como nós temos esse ambiente de escuta, os sujeitos acabam vinculando o Cras a uma rede de apoio. Há pessoas que vêm aqui diariamente, outras semanalmente, às vezes uma vez por mês. Nós atendemos com horário marcado, mas sabemos que há situações em que isso não se aplica, então aqui eles possuem espaço”.

Na instituição, que, apesar das papeladas pelas mesas, tem a forma de um lar, Letícia é querida pelos colegas e por quem busca assistência. Apesar de estar na coordenadoria, também faz questão de atuar na linha de frente.

Busca por apoio 2f4s5w

De acordo com o psicólogo no Serviço de Atenção Psicológica da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Erikson Kaszubowski, “se a pessoa percebe alguma mudança relevante em seu bem-estar psicológico, o ideal é buscar um profissional da área da saúde para avaliação”.

“Uma primeira saída é buscar o atendimento na rede pública, pela Unidade Básica de Saúde de referência, pois o médico da família poderá fazer uma primeira avaliação e encaminhar para serviços pertinentes”, indica o também doutor em psicologia.

A partir disso, um diagnóstico de psicopatologias é feito para identificar possíveis sintomas relacionados às queixas.

“Trabalhamos com a singularidade de cada sujeito e os modos de sofrimento apresentados, dessa forma, isso implica em uma construção diagnóstica”, reforça a psicanalista Beatris Cristina Badia. “Isso quer dizer que caso a caso, analisando os sintomas apresentados, o contexto de vida naquele momento, a relação daquele sujeito com seu próprio sofrimento, as questões que são suscitadas, além dos impactos que isso causa no seu cotidiano, é que será possível uma construção diagnóstica”.

Erikson explica ainda que cada psicopatologia apresenta seu próprio conjunto de sintomas. “No transtorno depressivo maior, por exemplo, é comum o relato de humor entristecido a maior parte do tempo, falta de energia, mudança nos hábitos de sono, irritabilidade e dificuldade de concentração”.

“No transtorno de ansiedade generalizada, os principais sintomas são preocupação excessiva e desproporcional, ruminação e indecisão, dificuldade em se concentrar, irritabilidade, taquicardia, sudorese e tremores”, explica. “É justamente pela grande variedade de quadros e sintomas que o diagnóstico precisa ser conduzido por um profissional”, frisa Erikson.

Quando a psicopatologia interfere em tarefas básicas 5f5e63

De acordo com o psicólogo, as patologias psíquicas podem sim ser incapacitantes, dificultando a vida laboral e a manutenção de tarefas cotidianas. “Por esse motivo, é crucial seu diagnóstico e tratamento, pois os efeitos negativos das psicopatologias podem gerar círculos viciosos de agravamento nas condições psicossociais”, lembra.

Por causa disso, “é crucial que uma psicopatologia diagnosticada seja adequadamente tratada. Atualmente, o tratamento para a maioria das psicopatologias envolve medicamentos e psicoterapia, muitas vezes empregados conjuntamente”.

“O fortalecimento da rede de apoio também é um fator de proteção importante, especialmente em casos mais agravados”, ressalta o psicólogo. O pensamento é partilhado também por Beatris, que trabalha como psicóloga social na arela da Cidadania, um serviço de acolhimento para pessoas em situação de rua em Florianópolis.

“A família, amigos e pessoas próximas ocupam um papel muito importante nesse sentido, já que são os primeiros que podem dar esse espaço para que isso seja exposto e até mesmo possibilitam para que essa pessoa elabore a necessidade de buscar ajuda profissional”.

Serviços de acolhimento disponíveis em Florianópolis 6o5g2a

Na plataforma online da Prefeitura de Florianópolis é possível conferir uma lista de serviços oferecidos pelo órgão às pessoas que estão ando por momentos de vulnerabilidade social. A seguir, confira quais são e clique nos links para entender melhor sobre cada modalidade:

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