O calor excessivo em Santa Catarina, que deve persistir pelo menos até a próxima semana, pode resultar em um aumento nos problemas cardiovasculares no estado. Isso ocorre porque, segundo o cardiologista e coordenador da Cardiologia Clínica do IHC (Imperial Hospital de Caridade), Daniel Mello, as altas temperaturas provocam consequências no coração.

Doenças cardíacas 2z1n38
De acordo com o médico, as altas temperaturas podem provocar uma subida brusca de temperatura corporal.
“Assim, desencadeia uma resposta cardiovascular e pode precipitar uma crise hipertensiva, que é a elevação súbita e grave da pressão arterial, causando dor no peito, falta de ar, dor de cabeça, sangramento nasal e até mesmo infarto ou AVC”, alerta o cardiologista.
Daniel explica que um dos efeitos do calor é a vasodilatação, um processo no qual os vasos sanguíneos se dilatam.
Isso leva à redução da resistência ao fluxo de sangue e, consequentemente, à diminuição da pressão arterial. Essa resposta fisiológica pode ser benéfica para pessoas que sofrem de pressão alta, pois ajuda a reduzir a pressão arterial elevada.
No entanto, a vasodilatação também pode ter efeitos adversos. Em alguns casos, pode levar à hipotensão, que é quando a pressão arterial fica anormalmente baixa.
De acordo com o profissional, a vasodilatação pode causar sintomas como tontura, fraqueza e até mesmo desmaios.
Desidratação 4b711d
Outro problema causado pelo calor é a desidratação, que ocorre quando o corpo perde mais líquido e sais minerais do que repõe, podendo levar à queda de pressão, ao cansaço excessivo e à alteração dos batimentos cardíacos.
Para evitar esses problemas, os hipertensos devem seguir orientações médicas, como tomar os medicamentos prescritos, evitar o consumo de sal, álcool e alimentos gordurosos, beber bastante água, consumir alimentos leves e ricos em água, como frutas, verduras e legumes, praticar exercícios físicos moderados e procurar ambientes frescos e ventilados.
O paciente não deve hesitar em buscar assistência médica se apresentar sintomas como pressão arterial muito alta ou muito baixa. Além disso é preciso se atentar aos seguintes sintomas:
- Dor no peito;
- Falta de ar ou palpitações;
- Dor de cabeça intensa;
- Sangramento nasal ou alteração da visão;
- Fraqueza, tontura ou desmaio;
- Febre, calafrios ou sudorese excessiva.
“Esses sintomas podem indicar uma crise hipertensiva, infarto, AVC ou insolação, que são situações graves e requerem atendimento médico imediato”, conclui o médico.
Médico reforça importância da hidratação – Foto: Unsplash/Divulgação/ND
Calor e AVC 2j3b47
A FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz) explica em seu estudo “clima e saúde” que o aumento da temperatura é, talvez, o efeito mais característico das mudanças climáticas.
A Fundação explica que as ondas de calor, especificamente, afetam os sistemas cardiovasculares e cerebrovasculares e que a exposição em longo prazo a altas temperaturas diminui a capacidade do corpo de ter uma temperatura constante, levando à insolação, síncope e exaustão ao calor.
Só para se ter uma ideia, em eventos como as ondas de calor, ocorrem o dobro de casos de AVC em relação às demais doenças cardiovasculares.
Para a FioCruz, além dos fatores de risco tidos como clássicos, o AVC também foi associado a fatores ambientais, como poluição do ar e eventos climáticos extremos.
Em relação à poluição atmosférica, os efeitos dessa exposição foram associados ao aumento do número de internações hospitalares.
Da mesma forma, o aumento de internações por essa causa foi associado a temperaturas extremas e também a eventos pós-traumáticos como os desastres naturais.