Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, cientistas ao redor do mundo têm trabalhado incansavelmente no desenvolvimento de vacinas capazes de imunizar contra o vírus.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a corrida pela vacina envolve pelo menos 165 projetos em todo o mundo, sendo que 28 desses estudos já estão em fase de testes em pessoas — etapa final para que haja produção em massa.

Pelo menos quatro vacinas estão sendo testadas em voluntários no Brasil. São elas: Oxford, Sinovac, BioNTech/Pfizer e Ad26.COV2.S. A última teve a liberação junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovada nesta terça-feira (18) para testes clínicos.
Ainda não há data para o início dos testes, mas a previsão é de que 7 mil pessoas de sete estados participem — Bahia, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e São Paulo.
Para atestar a eficácia de uma vacina é necessário uma série de etapas de modo que se verifique sua segurança.
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A primeira etapa é a da pesquisa que avalia as possibilidades para a composição de uma vacina. Há diferentes processos que podem ser feitos com vírus inativado ou com o uso de RNA mensageiro.
Após a definição do processo de composição da vacina, são feitos os testes pré-clínicos em animais. Eles são imunizados e colocados em contato com o agente causador da doença — que neste caso é o coronavírus.
A última etapa é a de testes clínicos em que a vacina é testada em humanos. Essa fase é dividida em três momentos com gradual aumento de público testado. Monitora-se, então, a eficácia, a segurança e os possíveis efeitos colaterais.
Quando a vacina chegar ao Brasil? 1r44f
O governo brasileiro e até mesmo alguns estados firmaram parcerias com laboratórios estrangeiros para que além dos testes, o país receba doses da vacina. É o caso da vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca.
No Brasil, a vacina que usa tecnologia inglesa é produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O Ministério da Saúde assinou um acordo com os responsáveis que prevê a compra antecipada de insumos para a produção nacional de 30 milhões de doses.
O acordo propõe ainda que, caso haja a comprovação da eficácia da vacina o país irá adquirir materiais para R$ 70 milhões de doses.
Já a vacina da chinesa Sinovac está em fase três de testes clínicos no Brasil. A empresa responsável fez uma parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. A expectativa do governador do estado, João Dória (PSDB-SP), é que a vacina esteja disponível em janeiro do ano que vem.
O governo do Paraná anunciou que já tem R$ 200 milhões reservados para a compra de vacinas contra a Covid-19. Na última semana o governador, Ratinho Júnior (PSD-PR), fechou uma parceria de cooperação técnica e científica com a China para iniciar a testagem e a produção de vacina contra vírus no Estado, por meio do Tear (Instituto de Tecnologia do Paraná).
O Estado estrutura ainda um acordo diplomático com a Rússia para fornecimento da vacina produzida pelo país. Em 11 de agosto, o país europeu anunciou uma vacina contra o vírus. Sua eficácia, porém, é questionada pela falta de estudos sobre os testes feitos na segunda e terceiras etapas de estudo.
Como Santa Catarina está no meio disso? 352e5w
A reportagem questionou a SES (Secretaria de Estado da Saúde) se há alguma conversa ou projeto para que testes clínicos de vacinas estrangeiras sejam feitos com voluntários catarinenses. Também foi questionada a viabilidade para a produção de vacinas com tecnologia de fora em Santa Catarina.
Por meio da assessoria, a secretaria respondeu apenas que não há tal questão para a compra de vacinas.
Pesquisadores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) iniciaram o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus. O projeto coordenado pelos doutores André Báfica e Daniel Mansur, tem como base a vacina BCG, que protege contra a tuberculose.
A proposta é aproveitar a plataforma vacinal da BCG (uma vacina antiga e segura) para o novo coronavírus através da expressão de proteínas que induzam uma resposta imune efetiva contra o SARS-CoV-2 por mais tempo.
“Um dos achados recentes na literatura (médica) é que as respostas imunes contra este vírus também envolvem linfócitos T, por exemplo, CD4 e CD8. Com a BCG recombinante, hipotetizamos que haverá indução deste tipo de resposta. Se isso for verdade, pensando lá no futuro, teríamos na mesma injeção uma vacina dupla, contra a tuberculose e contra a Covid-19, que as crianças tomam quando ainda estão no hospital. Claramente isto está muito longe. Estamos na parte inicial, desenhando os alvos do ponto de vista molecular”, explica Báfica.
O projeto teve financiamento aprovado em chamada do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e recebeu R$ 1,7 milhões para a contratação de bolsistas de desenvolvimento tecnológico para apoio aos grupos de pesquisa. Ainda não há prazo para a conclusão do trabalho.