Nesta quinta-feira, 30 de agosto, é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla. A doença crônica afeta mais mulheres do que homens e pode causar problemas de visão, equilíbrio, controle muscular e outras funções básicas do corpo.

A esclerose múltipla é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central e afeta principalmente o cérebro, a medula espinhal e os nervos ópticos. O transtorno é crônico e autoimune, ou seja, as células de defesa atacam o próprio sistema nervoso central.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 40 mil pessoas vivem com a doença no Brasil. A maioria dos pacientes é diagnosticada entre as idades de 20 a 40 anos, sendo a ocorrência da doença entre duas a três vezes maior em mulheres do que em homens.
Esclerose múltipla é mais comum entre mulheres 4p1r2s
Segundo o médico geneticista Alexandre Lucidi, uma das razões para a doença acometer mais mulheres são os hormônios reprodutivos. Ele explica que, antes da puberdade, meninos e meninas tendem a desenvolver esclerose múltipla na mesma proporção.
“À medida que meninos e meninas entram na adolescência e na idade adulta, quando os corpos masculino e feminino produzem hormônios diferentes, as mulheres começam a ter EM (Esclerose Múltipla) em taxas mais altas do que os homens”, complementa.
Os sintomas iniciais da doença são considerados sutis e transitórios, podem ocorrer a qualquer momento durante uma semana. Entre eles estão turvações da visão e pequenas alterações no controle da urina.
Ao longo do tempo, os sintomas podem desenvolver para fraqueza, formigamento ou entorpecimento nas pernas ou de um lado do corpo, visão dupla, temores e até desequilíbrio.

Doença ganhou notoriedade após diagnóstico de atrizes 5jg4
A doença ganhou mais visibilidade no Brasil após duas atrizes compartilharem o diagnóstico em redes sociais. Cláudia Rodrigues luta contra a doença desde 2000. Já Guta Stresser recebeu o diagnóstico aos 49 anos de idade, em 2022.
As causas da esclerose múltipla 241r5h
Até hoje os médicos não sabem exatamente o que provoca a doença. Os genes, que são os materiais genéticos herdados dos pais, podem influenciar, mas não são a única causa.
“O sistema imunológico fica descontrolado e começa a danificar o sistema nervoso central. Os cientistas pensam que, para algumas pessoas, os genes podem fazer com que seu sistema imunológico interaja com algo de alguma forma para causar a doença”, esclarece o médico.
Entre as possíveis causas da doença estão fatores ambientais, como tabagismo, baixos níveis de vitamina D e obesidade na infância, que demonstraram aumentar o risco de esclerose múltipla.
“Por exemplo, a taxa de EM na população geral é de cerca de 1 em 1.000. Mas, se você tem um pai com esclerose múltipla, suas chances aumentam para 1 em 50. Se ambos os pais têm esclerose múltipla, seu risco aumenta ainda mais para cerca de 1 em 8”, explica Lucidi.
Alimentação como aliada na prevenção 5s5q4j
A obesidade também pode ser um fator de risco para a doença porque a gordura abdominal causa inflamações no corpo. Por isso, manter bons hábitos alimentares e um estilo de vida saudável podem influenciar os sintomas da esclerose múltipla.
Apesar de dietas não poderem curar a doença, há pesquisas que sugerem que mudanças na alimentação ajudam a reduzir o processo inflamatório, retardar a progressão da perda da bainha de mielina e melhorar a propagação dos impulsos nervosos.
“O que aumenta a inflamação são as dietas hipercalóricas, por alto teor de sal, gordura animal, carne vermelha, bebidas açucaradas, frituras, pouca fibra e falta de exercício físico”, explica a nutricionista Nathália Guimarães.
Dieta deve ser rica em antioxidantes 4zn32

A nutricionista ressalta que uma dieta amigável deve focar em alimentos anti-inflamatórios, ser rica em antioxidantes devido ao estresse oxidativo sempre presente nesses indivíduos e deve também ser focada em restaurar a microbiota intestinal.
“É importante focar em uma alimentação minimamente processada, rica em vegetais, verduras e frutas, que possuem antioxidantes, polifenóis e anti-inflamatórios. Também são recomendadas boas fontes de ômega 3, como nozes e sementes de linhaça”, complementa Guimarães.
Além disso, muitos pacientes apresentam deficiências de magnésio, vitamina A, vitaminas do complexo B como um todo – principalmente B12 – e vitamina D, que, quando adequada, ajuda a modular a autoimunidade presente.
A vitamina A ajuda no desenvolvimento de neurônios; a deficiência de B12 favorece o processo de perda da bainha de mielina; e deficiência de magnésio, b6 e b9 (folato) comprometem a produção de neurotransmissores importantes.
Existem alguns grupos alimentares que pessoas com esclerose devem limitar para ajudar a gerenciar os sintomas. Eles incluem alimentos ultraprocessados, carboidratos refinados, gorduras trans e bebidas adoçadas com açúcar, por exemplo.
A importância da atividade física 3b2s2w

A prática de atividades físicas tem efeito benéfico no tratamento de doenças crônicas degenerativas, como a esclerose múltipla. As principais vantagens são o aumento da força e resistência muscular, redução da fadiga, melhora do humor e aumento da aptidão cardiorrespiratória.
Apesar de ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, exercícios de alta intensidade devem ser evitados para minimizar recaídas e fadiga excessiva, segundo a mestre em Ciências da Educação Física, Ingrid Dias.
“O nível de desempenho desses pacientes ainda é muito baixo. É importante que a rotina de prática faça parte dos programas de reabilitação, principalmente para minimizar os comprometimentos da capacidade funcional”, explica Dias.