No auge de seus 537 mil moradores, cifra que dobra durante a temporada, Florianópolis dispõe apenas de quatro fonoaudiólogos para atender gratuitamente toda a sua população. A informação foi confirmada pela istração municipal e diz respeito a profissionais que integram o quadro do SUS (Sistema Único de Saúde).

A falta de profissionais chamou a atenção da 9ª Promotoria de Justiça do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), que solicitou esclarecimentos à prefeitura e deu prazo — expirado no último dia 24 — para que o prefeito, Topázio Neto (PSD) sinalizasse sobre a possibilidade de contratar, ao menos, mais sete profissionais da área.
Em 14 de dezembro, o promotor Aurélio Giacomelli da Silva estipulou 10 dias para que Topázio respondesse sobre a ampliação do quadro de profissionais do Município. O documento da requisição do MP já foi inclusive assinado pelo prefeito.

O que diz a Prefeitura de Florianópolis? 2gh1u
Questionada, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, afirma que “estuda alternativas para a ampliação da oferta dos serviços no próximo ano, sendo o chamamento de concurso público uma das possibilidades para atenção à demanda”.
Ainda, a istração alega que “tem buscado, durante todo o ano vigente, alternativas para atenção às demandas de média e alta complexidade no município, com destaque para a ampliação da rede de atendimento com a Policlínica da Mulher e da Criança e o novo Complexo Integrado de Saúde”.
Quadro insuficiente 4x2ot
Conforme documento obtido pelo portal ND Mais, embora haja cinco profissionais no município, uma encontra-se em licença maternidade, com previsão de retorno em aproximadamente seis meses.
A prefeitura ite que possui apenas quatro fonoaudiólogos, mas justifica que realiza cerca de 900 consultas mensais. O número, contudo, ainda é insuficiente, de acordo com documento do Ministério Público.
Confira a nota da prefeitura 6i2k58
“A Secretaria Municipal de Saúde possui capacidade para atendimento de cerca de 900 consultas fonoaudiológicas por mês. Além destes, o município também realiza atendimentos fonoaudiólogos através da contratualização de serviços, especialmente para o que concerne a linha de cuidado da alta complexidade de saúde auditiva e em linhas de cuidado específicas, tais como para diagnóstico e acompanhamento de crianças com transtorno de aprendizagem.
A Secretaria compreende que as demandas em saúde são crescentes e que a reorganização da assistência em saúde tem sido uma prioridade no município, que neste ano implantou a Policlínica da Mulher e da Criança, lançou o projeto Floripa Mais Saúde – que ampliará atendimentos e equipes na Atenção Primária – e o Complexo Integrado em Saúde com previsão de abertura em 2024.”
A fila de espera 1a2z5q
A escassez de fonoaudiólogos em Florianópolis está impactando severamente o o a tratamentos, conforme revela recente levantamento com base em documentos públicos. A situação se agrava com uma lista interna, não divulgada, que eleva ainda mais a demanda.
Segundo informações obtidas pelo Ministério Público, a lista de espera atual inclui 1378 pacientes com idades de 0 a 14 anos, aguardando a primeira consulta em Fonoaudiologia na capital catarinense. O contraste entre a crescente demanda e a disponibilidade limitada de profissionais entra em conflito com o Decreto Estadual nº 1.168, de 2017, o qual, segundo o MPSC, preconiza a transparência nas listas de espera.
Os pacientes, após aguardarem considerável período pela primeira consulta, enfrentam novamente demoras para tratamento continuado, contrariando as diretrizes do decreto. A concentração de atendimentos em locais específicos, devido à carência de fonoaudiólogos, resulta em deslocamentos substanciais para pacientes de diferentes regiões, como do Norte para o Sul da Ilha e vice-versa.
Números ideais 3v3fz
De acordo com diretrizes do SUS, para avaliar a adequação de profissionais no Sistema Único de Saúde, é necessário estabelecer uma quantidade ideal com base na população.
A proposta de distribuição do SUS sugere um fonoaudiólogo para cada 10 mil pessoas na atenção primária, como nos postos de saúde, um para cada 50 mil na atenção secundária, que engloba serviços especializados como policlínicas, e um para cada 100 mil no nível terciário de saúde, abrangendo instituições hospitalares de maior complexidade.
Aplicados tais parâmetros, a estimativa para Florianópolis indicaria a necessidade de ao menos 50 fonoaudiólogos na atenção primária, 10 na secundária e cinco na terciária para uma prestação eficaz de serviços à população.
Municípios vizinhos mais preparados 5e3h16
Em contrapartida, municípios vizinhos como Palhoça e São José ostentam mais do que o dobro de profissionais em relação a Florianópolis, mesmo apresentando menor contingente populacional.
Palhoça, por exemplo, conta com 14 fonoaudiólogos, representando um profissional para cada 16 mil habitantes. Já São José dispõe de 8, o que equivale a um profissional para cada 33 mil habitantes. Em termos comparativos, Florianópolis atualmente possui um fonoaudiólogo para cada 127 mil habitantes.
Qual a importância de fonoaudiólogos no SUS? 1x3u51
Segundo o site oficial do Ministério da Saúde, os fonoaudiólogos desempenham um papel crucial na avaliação e tratamento de distúrbios relacionados à comunicação, como problemas na fala, linguagem, voz e audição.
A atuação se estende também às intervenções em distúrbios de deglutição, prevenção de complicações de saúde associadas à alimentação, reabilitação auditiva para aqueles com perda auditiva e e no desenvolvimento cognitivo e acadêmico de crianças com distúrbios de linguagem e fala.
Os fonoaudiólogos também desempenham um papel preventivo e de promoção da saúde, conscientizando sobre práticas saudáveis de comunicação e cuidados auditivos. A integração com uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos, é essencial para uma abordagem abrangente no cuidado ao paciente.
Em resumo, segundo o Ministério da Saúde, a presença adequada de fonoaudiólogos no SUS é crucial para garantir que a população tenha o a serviços essenciais relacionados à comunicação e à audição, contribuindo para uma abordagem inclusiva no cuidado à saúde pública.