A malária, uma doença causada por um parasita que infecta um mosquito e através de sua picada, os seres humanos, não para de crescer no território yanomami. São tantos casos, que dos 123.151 casos de malária registrados no Brasil no ano ado, 11.530 eram do povo originário.
A doença é considerada tropical e relacionada às condições sanitárias e ao histórico de contato dessas populações indígenas com pessoas de fora de suas tribos.
O parasita é tão agressivo que se instala no fígado do corpo humano e ali se reproduz e a a afetar os glóbulos vermelhos que fazem parte do sangue humano. São os glóbulos vermelhos os responsáveis por transportar o oxigênio dos pulmões para os tecidos e pela retirada do gás carbônico para ser eliminado pelos pulmões.
A malária está presente nos locais com garimpo ilegal na terra indígena yanomami – Foto: Divulgação/Polícia Federal/ND
No entanto, não são apenas os indígenas que são afetados. Os garimpeiros ilegais, presentes na região, também são afetados. Para se ter uma ideia, os pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) identificaram no ano ado fatores que podem aumentar o risco de malária entre garimpeiros de ouro. Segundo os pesquisadores, a área avaliada apresenta os maiores índices de infecções por malária do Brasil desde o final da década de 80.
A mineração ilegal em terras indígenas da Amazônia Legal aumentou 1.217% nos últimos 35 anos. De 1985 para 2020, a área atingida pela atividade garimpeira ou de 7,45 quilômetros quadrados (km²) para 102,16 km².
De acordo com um estudo elaborado por pesquisadores do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da Universidade do Sul do Alabama, dos Estados Unidos, o número é assustador. Eles demonstram que quase todo o garimpo ilegal (95%) fica em apenas três terras indígenas: a Kayapó, a Munduruku e a Yanomami. Os resultados do trabalho foram publicados na revista Remote Sensing.
Qual a relação? 3z472d
O médico indigenista Henrique os, explica a relação do garimpo e da malária. Para ele, os garimpos estão diretamente ligados ao aumento da doença.
“O desmatamento e o garimpo se relacionam com a Malária e aumenta o número de mosquitos do gênero anopheles. Sendo assim, contribuem para o aumento do número de casos dessa doença”, fala.
Segundo o site InfoAmazonia, o desmatamento causado pelo garimpo e as piscinas de resíduos deixadas pela atividade alteram o ecossistema das regiões favorecendo o aumento do número de mosquitos. Além disso, os próprios garimpeiros acabam contaminados, colaborando para o crescimento e disseminação da doença. A informação é confirmada por Henrique os.
“Estudos mostram também que o desmatamento diminui a biodiversidade de mosquitos e elevaram a população do mosquito anopheles vetor da Malária. Isso porque o garimpo causa uma modificação ambiental que condiciona um ambiente propício para maior reprodução do mosquito transmissor de Malária”, esclarece.
Riscos da doença 2w2s1l
os explica que os riscos dessa doença aumentarem na Terra indígena yanomami são diversos.
“Isso implicaria no aumento da morbimortalidade infantil, materno-infantil e geral. Traz também casos de Malária grave com complicações. Além do desarranjo da ordem social e produtiva dos yanomami”, conta.
Entre 2014 e 2020, o número de enfermos por malária Falciparum cresceu 716 vezes nos indígenas Yanomami.
Hospital de campanha ‘entope’ de casos 5a5x2h
O hospital de campanha que a FAB (Força Aérea Brasileira) montou em Boa Vista para acolher os indígenas yanomami já fez mais de 300 atendimentos desde a semana ada, “a maioria de crianças”. O balanço foi apresentado nesta quarta-feira (1º) pela major Vandesteen, comandante da unidade.
“Tem muitos casos pneumonia, parasitose intestinal, malária e muitas doenças de pele”, disse a major.
Hospital de campanha já fez mais de 300 atendimentos – Foto: Fernando Frasão – Agência Brasil/Divulgação/NDSegundo a Agência Brasil, os casos mais graves entre crianças são encaminhados para o Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista, mantido pela prefeitura da capital de Roraima. Segundo o balanço mais recente, há 55 indígenas internados na unidade. Desses, 45 são crianças yanomami e sete estão na UTI (unidade de terapia intensiva).
Descaso 4y6n
Para o médico, o problema começou com o que chama de “descaso e incompetência” do governo, agravada nos últimos quatro anos. Isso aconteceu principalmente com a falta de investimentos em saúde.
Foto mostra criança Yanomami em desnutrição sendo atendida pelo SUS – Foto: Reprodução/@hekurari08/NDPara solucionar o problema, o profissional acredita que são necessárias políticas públicas de vigilância e fiscalização territoriais aliadas às políticas públicas de saúde dentro de um modelo de Atenção à Saúde Diferenciada. Nela, os profissionais levariam em conta, além da saúde, a cultura daquela população.
Os profissionais, também precisam ser treinados. Isso porque, aquela população tem assuntos, vivências e problemas diferenciados.
“Precisamos entender que esse é um processo histórico de colonização, que segue em curso até hoje e que há anos não são realizadas políticas públicas adequadas e suficientes”, finaliza.
