A repercussão de um texto nas redes sociais revelando uma gestação perdida causou comoção e revolta nesta quarta-feira (31), em Timbó, no Vale do Itajaí. O atendimento médico que marcou o término de uma gestação de 35 semanas, com a morte do feto, foi confirmado pelo Hospital Oase (Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas) em nota oficial.

Tudo começou no dia 15 de abril, um sábado, por volta das 10h55, quando uma gestante procurou o hospital após não sentir o seu bebê se mexer ao acordar. O médico que a atendeu não identificou as movimentações do feto e requisitou um ultrassom.
Contudo, não havia profissional habilitado trabalhando naquele dia para fazer o procedimento. Devido a isso, a mulher ficou em observação no hospital. Com a espera, o quadro da paciente se agravou, começando a sentir fortes dores e apresentando grandes sangramentos.
“Mas como um hospital, referência em maternidade, não faz ultrassom no fim de semana? Questionado, o médico informou que o equipamento eles possuem, mas que não havia um radiologista ou qualquer outro profissional disponível para tal função (era um sábado) e que embora ele fosse médico, “não saberia interpretar tal exame”, deixando assim, minha irmã em observação”, desabafou a familiar .
A publicação ainda relata que o médico tentou transferir a paciente a outro hospital próximo, mas não conseguiu. O texto diz que a médica da outra instituição recomendou ao especialista do Hospital Oase a fazer o parto imediatamente, por se tratar de um caso emergencial.
O médico suspeitou que um descolamento de placenta poderia ter acontecido, inclusive levantando a hipótese da morte fetal. Outra situação abordada no texto era a possibilidade de a transferência a outro centro hospitalar colocar a paciente em risco de vida. A não realização do parto e também o não encaminhamento imediato da gestante são dois dos pontos questionados pela família.
Transferência foi feita para Blumenau 2v5to
Mais tarde, por volta das 14h30, foi possível fazer a transferência da paciente a um hospital de Blumenau, que aceitou receber a paciente e a encaminhou diretamente à sala de cirurgia. Após ser entubada, conforme a familiar, o parto emergencial foi feito, mas o feto estava morto.
Após isso, a irmã da mulher disse que a paciente ou dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), perdeu muito sangue e precisou receber bolsas de transfusão. Após mais de um mês, ela agora está em casa, recuperando-se da cirurgia e abalada por estar sem o bebê.
“Minha irmã tomava todo o cuidado possível, pois ainda se recuperava de um trauma, onde há dois anos minha sobrinha (…) faleceu alguns dias após o parto, depois de descobrirem uma formação incompleta do esôfago, que a levou para um quadro de infecção generalizada”, relatou, destacando o histórico da paciente que já ou por outras gestações.
Hospital abrirá sindicância sobre o caso 3ip5x
Em nota divulgada à imprensa, a istração do Hospital e Maternidade Oase confirma o acontecimento e se solidariza com a paciente. A instituição alega que não está autorizada a rear informações mais detalhadas devido à legislação em vigor. Confira:
“Resposta do Hospital e Maternidade Oase
A direção do Hospital e Maternidade Oase de Timbó respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei n° 13.709/2018, que foi promulgada para proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade, e a livre formação da personalidade de cada indivíduo, primeiramente se solidariza com a paciente em questão. Referente ao relatado através das mídias sociais informamos que: a paciente foi devidamente acolhida e atendida, no dia 15 de abril de 2023, dando entrada nesta unidade por volta das 10h55min.
Por se tratar de quadro compatível de gestação de alto risco, a paciente foi encaminhada ao Hospital Santo Antônio, de Blumenau, que é referência para estes casos em nossa região. Durante o período em que permaneceu internada neste nosocômio (pouco mais de três horas), a paciente recebeu todas as modalidades terapêuticas pertinentes até o momento do seu transporte (às 14h29min), que foi realizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), órgão responsável pela Regulação e Transporte deste casos. A paciente foi devidamente informada sobre o seu quadro clínico e da necessidade de transferência para o serviço de referência. A direção informa que foi aberto Sindicância Interna para apuração detalhada dos fatos. Reforçamos que o Hospital e Maternidade Oase, dentro de seu grau de complexidade, trabalha para garantir o melhor atendimento para todos que o procura.
Inquérito irá apurar possível negligência 614n1c
À reportagem do ND+, o delegado de Polícia Civil de Timbó, Ismael Gustavo Jacobus Marmitt, confirmou que um inquérito foi aberto sobre o caso.
A investigação se concentra em confirmar se houve ou não a suposta negligência apontada pela família, que requisitou o prontuário médico dos dois hospitais e formalizou a denúncia.
A documentação será incluída no procedimento e ará por análise. Nos próximos dias, a Polícia Civil poderá ouvir pessoas envolvidas para dar encaminhamento ao caso, inclusive a própria paciente.
Contudo, por estar ainda em fase anterior à instrução, que é a etapa inicial do processo, o delegado não reou detalhes sobre a linha de investigação que será adotada. O inquérito foi aberto no final da noite desta quarta-feira (31), por volta das 23h.