Conhecida há milênios, a planta de nome científico Cannabis Sativa já foi utilizada para os mais diversos fins. Desde o tratamento de dores, em crises de epilepsia, no tratamento contra convulsões e outras doenças, até a produção de tecidos, cordas, cosméticos e até alimento a partir da semente. Seu nome popular, maconha, é repleto de estereótipos, crenças e dúvidas.
Proibida no Brasil desde 1830, a erva nunca perdeu a sua popularidade. Pelo contrário, mesmo com toda a proibição, campanhas contra às drogas, ações policiais, fiscalização, apreensões de mercadorias, mortes no combate ao tráfico, bem como o encarceramento por venda da droga, o uso da maconha continua existindo.

Diferentes usos e efeitos da maconha 6x2q3x
Além do uso recreativo, diferentes partes e extratos da maconha têm sido aplicadas no tratamento medicinal de inúmeras doenças como: fibromialgia, epilepsia, esclerose múltipla, Alzheimer, mal de Parkinson, redução de dores, recuperação de processos cirúrgicos, tratamento de ansiedade, insônia, depressão, convulsões, tonturas e enjoos no tratamento de câncer, quadros do espectro autista, síndrome de Drevet e outros.
As novas descobertas e evidências científicas em todo o mundo comprovam as propriedades medicinais da planta para o tratamento de 150 patologias. Estima-se que mais de 70 milhões de brasileiros poderiam ser beneficiados com o uso da cannabis no tratamento de doenças, redução de dores e melhoria da qualidade de vida.

Apesar disso, ela não deve ser considerada uma planta milagrosa, sagrada ou como uma panaceia. “Não podemos banalizar o uso da maconha, ou tratar como se não houvesse riscos. Assim como qualquer outra substância, até mesmo a água, o uso da maconha pode fazer mal, gerar dependência e desencadear alguns problemas” alerta o professor e médico Tadeu Lemos, do departamento de Farmacologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que também é Especialista em Dependência Química.
O fumo da maconha pode afetar a coordenação motora, causar lentidão, ou ainda, gerar dependência — doença relacionada a inúmeros fatores, contexto social, questões psicológicas e genéticas. Contudo, não há registros de nenhum óbito no mundo causado pelo consumo, intoxicação ou overdose de maconha — diferente de outras drogas e remédios liberados para consumo, que geram outros efeitos adversos mais graves.
Conforme o Relatório de 2022 do CiaTox-SC (Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina), foram registrados 18 óbitos e mais de 7 mil casos de intoxicação ou envenenamento com medicamentos no Estado.
Uso medicinal da maconha ainda é 3fu16
No Brasil, desde 2015, é permitido o consumo de produtos à base da cannabis com prescrição médica. A liberação foi uma conquista do movimento de mães que lutaram pelo direito ao tratamento médico de crianças com autismo e outras condições.
No entanto, hoje apenas 1% dos profissionais prescrevem o uso dos produtos à base da cannabis. Isso porque os médicos e dentistas precisam de especializações na área, já que a formação tradicional não contempla os estudos sobre o tema.
Outro desafio para ar de forma legal os produtos à base de cannabis no tratamento de doenças, está na proibição da produção nacional. Atualmente, estão disponíveis mais de 20 produtos importados nas farmácias, tornando o valor ível apenas para uma camada da população. Um óleo com os princípios ativos extraídos da planta, seja de CBD (Canabidiol) ou THC (Tetrahidrocanabidioil), pode custar de R$300 até R$4000.

Nesse cenário, associações que buscam promover o o popular, educação e atendimentos médicos especializados, são uma alternativa importante para quem deseja buscar tratamentos à base da cannabis. Há também a possibilidade de obter um Habeas Corpus (HCs) para o plantio da maconha e produção do óleo caseiro para o tratamento de doenças.
Os pacientes podem entrar com um processo legal, após ter uma prescrição e laudo médico do uso da substância, bem como uma autorização da ANVISA para a importância do óleo e demonstração dos aspectos que justifiquem o plantio.