No início deste mês, a blogueira de beleza Karen Bachini, que tem mais de 2,5 milhões de seguidores, postou um vídeo na internet chamado “Uma carta aberta para mim”, onde falava pela primeira vez publicamente sobre a condição que fez parte dos seus 31 anos de vida, a menopausa.

Como explicou a obstetra e uroginecologista Luisa Aguiar em entrevista para o ND+, normalmente a mulher nasce com um número de óvulos predeterminado para que menstrue da adolescência até próximo aos 50-52 anos.
Quando a menopausa ocorre antes dos 40 anos de idade, costuma-se identificar a FOP (Falência Ovariana Precoce), quando os ovários deixam de funcionar ainda em idade jovem.
A médica explica que a maioria dos casos é de causa idiopática – sem causa aparente -, mas em algumas ocasiões pode ser decorrente de quimioterapia, radioterapia ou de cirurgia ovariana, nos quais sabidamente a mulher precisará retirar os ovários.
“Nesses casos, é extremamente importante que a gente converse com a paciente sobre o congelamento de óvulos para a preservação da fertilidade visto que este é um grande problema na menopausa precoce”, diz Luisa.
Sintomas 1c2gw
Entre os principais sintomas estão ondas de calor, insônia, ressecamento vaginal, alteração de humor, alterações na pele e cabelo e diminuição da libido. Alguns hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos ajudam a reduzir os sintomas, além de colaborar com a proteção cardíaca e óssea da mulher.
A médica frisa a importância do diagnóstico correto, feito através de um exame laboratorial chamado FSH, que avalia a função da hipófise, relacionada à fertilidade.
“O tratamento é mandatório, pode e deve ser realizado com reposição hormonal (se não houver contraindicação), até porque muda a qualidade de vida das mulheres afetadas pelo processo da menopausa”, complementa.
Além do tratamento por TRH (Terapia de Reposição Hormonal), “ a orientação e avaliação da função sexual e psicológica são muito bem-vindas, bem como as discussões sobre maternidade, fertilização, ovodoação (uso de óvulos de outra mulher) e adoção. Apesar da associação com infertilidade existem situações de gestação espontânea em até 5 a 10% dos casos”.
O caso de Karen 3u6u1o
Em vídeo, a blogueira conta que não recorda se chegou a menstruar alguma vez na adolescência, e que, depois de muitos exames, descobriu que entrou no período de menopausa com 16 anos.
Narrando a sua trajetória, a blogueira se abre sobre o conservadorismo de sua família e como a condição despertou muitos questionamentos sobre sua sexualidade. Para Karen, a expectativa depositada pela família no fato de ela possuir um útero, se tornou um peso assim que descobriram a atrofia do órgão.
“Para onde o meu papel de mãe e cuidadora do lar iria? E isso foi uma das coisas mais difíceis. Como se o fato de eu não poder engravidar determinasse o quão mulher eu era. Eu senti que meu propósito tinha me sido tirado”, declarou a blogueira.
Karen relembra que na época a falta de informação foi um grande problema. Não era comum ter pessoas falando sobre o assunto, a terapia não era um recurso muito utilizado, e não haviam fóruns ou um vídeo com o qual ela poderia se identificar.
“Eu quis fazer esse vídeo por alguns motivos. Quando nós somos mais novos, tudo parece não ter solução, mas com a internet, é possível encontrar pessoas ando pelos mesmos casos. Depois de me consultar com uma ginecologista que me identifiquei, ela me explicou a importância da reposição hormonal e como eu poderia lidar com os meus problemas. O que me faz mulher não é a existência de um órgão reprodutor feminino, o que me faz mulher é como eu me sinto e me identifico ”, finalizou Bachini.