Dia destes ouvi um pregador espírita falando para pessoas que se diziam ansiosas, insones, nervosas, estressadas, depressivas mesmo… Pessoas que diziam já ter tentado de tudo e… nada, nenhum efeito. Essas pessoas que acabam, mais cedo ou mais tarde, estendendo a mão para comprimidos vendidos “criminosamente” de modo livre e aparentemente sem efeitos colaterais. Não existe esse comprimido, não existe, não caia na conversa mole de quem quer que seja, não seja tonta, tonto. – “Ah, mas o meu médico disse…”. Não disse nada, e se disse não dê ouvidos. É muito fácil cair na arapuca dos ansiolíticos, facílimo, quero ver você sair da dependência (gerada em poucos dias) com a mesma facilidade, quero ver.
Mas voltando ao pregador espírita, ele disse, a certa altura de sua fala, que quando nos achamos aborrecidos pelo dia a dia que nos cerca, o melhor remédio, a saída mais imediata é – “apreciar melhor a paisagem…”. Eu o entendi na hora, aliás, essa tem sido a minha pregação aqui, no rádio, na tevê, nas palestras…
Apreciar a paisagem se confunde com a gratidão que devemos ter à vida ou ao nosso Deus, tenha ele o nome que tiver. Gratidão resulta da consciência muito clara dos bens de que gozamos sem nos dar conta. Saúde, família, trabalho, liberdade, amigos… por aí. O mais é secundário, complementar. O diacho é que muita gente vê a “paisagem” com olhos cansados, vê com óculos escuros… Quando mudamos o modo de ver a paisagem da nossa vida, um dia de chuva não será um dia ruim, como dizem muitos meteorologistas na televisão.
O convívio do casamento, por exemplo, não raro, nos faz ar batidos pelas virtudes de quem vive conosco, ele ou ela. Um pouco mais de atenção nos levará a reconhecer formidáveis virtudes do parceiro/a. E assim com tudo. Ficar achando que a paisagem da vida só vale a pena viajando pelo mundo é estupidez refinada. Conheço pessoas com aportes tão cheios que fico constrangido, todavia… essas pessoas abrem a boca e se revelam vazias. As viagens não as tiraram da patinação no lodo. Reconhecer o que temos e não viver chorando pelo que não temos, é o primeiro o para ver de modo diferente a hoje enjoada paisagem… Uma possibilidade de todos, uma conquista de poucos. Dito isso, deixe-me abrir a janela…
FAZER
Fazer qualquer um faz, seja o que for. Fazer bem-feito é outra questão. E não basta saber fazer, é preciso querer fazer e fazer bem-feito. Quem assim se orientar no trabalho dificilmente será demitido. Pelo contrário, será notado e valorizado, afinal, quem não quer um bom “produtor”? O diacho é que muitos só descobrem isso quando estão no olho da rua.
FALTA DIZER
O sujeito ia à minha frente, na calçada do Beira-Mar Shopping, em Florianópolis. De repente, pôs a mão no bolso, tirou um pedaço de papel, olhou-o bem e o amassou. Ato contínuo, jogou o papel amassado num canto da calçada. Um troglodita desses depois reclama da cidade suja. Suja pelos sujismundos como ele.