‘Onda’ de crise de ansiedade afeta crianças e adolescentes no Brasil; veja sintomas 432l26

Readaptação no 'pós-pandemia' traz novos desafios aos mais novos, que relatam taquicardia, dor de cabeça, sudorese e sentimentos de medo e aflição 5t2i33

A pandemia de Covid-19, para além dos efeitos físicos da própria doença e dos problemas colaterais, deixou outros tipos de sequela na população. Entre as crianças e os adolescentes que encaram a retomada das aulas presenciais, as crises de ansiedade e pânico, acompanhadas da sensação de aflição e medo, vem ganhando força no Brasil. As informações foram publicadas pelo jornal Estadão.

Casos de ansiedade vem sendo registrados pelo Brasil desde a chegada da Covid-19 – Foto: Freepik/Divulgação/NDCasos de ansiedade vem sendo registrados pelo Brasil desde a chegada da Covid-19 – Foto: Freepik/Divulgação/ND

Entre os casos mais conhecidos está a crise coletiva que se alastrou num colégio de Pernambuco, no mês de abril. Pelo menos 26 alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães, de Recife, precisaram de atendimento pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

O ‘efeito dominó’ iniciou após uma estudante ar mal e desmaiar, motivando o choro dos demais. “Sudorese, saturação baixa e taquicardia”, foram os sintomas relatados pelo corpo médico presente no caso. Não houve hospitalização.

Casos se alastram 54113m

O fenômeno também é registrado nos Estados Unidos. Com a demora no retorno às aulas e o tempo excessivo em frente às telas, há registros de crianças com fobias das interações sociais, sendo quase uma novidade para alguns.

É o caso de Tiago*, de 11 anos. Acostumado com a casa cheia de amigos no período pré-pandêmico, o menino diz à mãe que a pandemia o roubou a infância. Ela ainda tentou driblar o problema de isolamento do filho, lhe dando um videogame, mas agora a atenção do garoto é voltada apenas aos jogos. “Ele fica com coração acelerado e sente dor de cabeça”, conta.

Assim como Tiago, Rafael*, aos 7 anos, cursa o 2º ano do ensino fundamental em uma escola pública de São Paulo. Segundo a mãe, Paula*, reclamações como falta de ar e coração acelerado cresceram desde a volta ao ensino presencial. Além disso, dedos mordidos e fezes acompanhadas de sangue surgiram, indicando problemas gastrointestinais.

Para o professor de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e psiquiatra Rodrigo Bressan, o desafio é novo.

“Não voltamos para os mesmos lugares após a pandemia. Para os estudantes, é uma outra escola. O desafio é parecido com o do início da pandemia, de sair da zona de conforto. Da mesma forma que foi ansiogênico (capaz de produzir ansiedade) entrar na pandemia, sair também é”, diz.

A crise em números k3i1w

A ansiedade já pode ser traduzida em números, conforme aponta o estudo da Secretaria da Educação de São Paulo e o Instituto Ayrton Senna. Na avaliação, pelo menos sete entre dez estudantes da rede pública registraram sintomas de ansiedade e depressão em níveis altos durante a fase aguda da Covid-19.

De 642 mil alunos avaliados do 5º e 9º ano e do 3º ano do Ensino Médio, mais de 440 mil relataram problemas de saúde mental. “Há inúmeras variáveis envolvidas, pois se trata de um contexto multifatorial. Mas, a partir desse diagnóstico, a gente compreende que os estudantes estão precisando de ajuda”, diz Catarina Sette, especialista em educação integral do Instituto Ayrton Senna.

Já no Centro Educacional Pioneiro, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, os educadores já realizaram 210 atendimentos socioemocionais para os alunos do fundamental 2 (10 a 14 anos) em 2022.

“São questões que já existiam, mas percebemos que elas estão aparecendo em número maior”, afirma o coordenador pedagógico, Mario Fioranelli Neto, que atribui o aumento a uma desconexão do aluno com a escola no retorno das atividades presenciais.

Adaptação e atenção 4t5g5j

Para conter o avanço e os efeitos das crises, uma solução sugerida pelos profissionais é que escola e família trabalhem juntos na situação de cada jovem. Algumas escolas já criam rotinas diferenciadas, a fim de aprimorar o atendimento psicológico aos alunos. Semana de integração entre alunos, chamada de educadores físicos e recreadores para estimular atividades conjuntas e brincadeira em áreas abertas estão no cronograma.

“É uma maneira para que eles se desvinculem das telas dos celulares. A ideia é que as crianças recuperem as habilidades de brincar em grupos maiores”, explica a educadora Miriam Guimarães, coordenadora de Orientação Educacional do colégio.

Algumas escolas adotaram, ainda, mudanças para o período de provas, momento de maior tensão para os alunos, intercalando atividades como oficina e jogos em meios à aplicação de testes.

Nas escolas estaduais, os educadores pretendem aproximar alunos e professores dos profissionais de saúde mental. Ana Carla Crispim, especialista em educação integral do Instituto Ayrton Senna, destaca a necessidade de um trabalho intersetorial, entre os campos de saúde, educação e assistência social.

Pelo lado dos pais, é necessário que o sofrimento familiar seja levados às escolas. Além disso, o diálogo com os filhos, é indicado. A psicóloga Adriana Severine afirma que não se deve interrompê-los ou ficar olhando mensagens no celular durante o papo.

“Uma conversa olho no olho vai mostrar como os pais podem interferir, seja no medo do vírus ou na dificuldade de se relacionar”, diz.

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