Pesquisadores da Escola de Medicina Chobanian & Avedisian, da Universidade de Boston, e do Tufts Medical Center, nos Estados Unidos, analisaram o sistema imunológico de pessoas com mais de 100 anos para entender a longevidade humana.

Os cientistas descobriram que os centenários têm células imunes diferentes (em composição e atividade) dos demais e um sistema imunológico extremamente funcional, que permitiu que eles se adaptassem a diversas doenças. As informações são do R7.
“Nossos dados apoiam a hipótese de que os centenários têm fatores de proteção que permitem se recuperar de doenças e atingir idades extremas”, disse em comunicado a principal autora do trabalho, Tanya Karagiannis.
O estudo 19i4a
Para identificar, especificamente, quais células colaboraram com isso, o estudo sequenciou material genético de sete centenários – de 100 a 119 anos – e de dois jovens (44 e 34 anos) sem histórico de longevidade familiar.
Eles então dividiram esses dados em dois conjuntos e aplicaram técnicas computacionais avançadas para examinar as informações.
O grupo também avaliou a proporção de diferentes tipos de células e como elas mudam em função da idade (para entender se os centenários am pelos efeitos esperados para cada faixa etária).
Essa investigação mostrou que, de fato, pessoas com mais de 100 anos apresentam grande incidência de composições celulares específicas que tornam o seu sistema imunológico único – mais habilidoso para aprender a se adaptar e se reestabelecer após infecções.
“Os perfis imunológicos que observamos nos centenários confirmam uma longa história de exposição a infecções e capacidade de se recuperar delas e fornecem e à hipótese de que os centenários são enriquecidos por fatores protetores que aumentam sua capacidade de se recuperar de infecções”, disse a autora sênior do estudo, Paola Sebastiani.
Mais precisamente, os centenários têm, por exemplo, mais genes com alterações associadas à idade, como o STK17A, que está intimamente ligado à manutenção da saúde celular. Também contam com genes S100A4, conectados à longevidade e à regulação metabólica.
Genes exclusivos 4t2a3
A pesquisa identificou ainda 25 genes exclusivos dos centenários, em vários tipos de células. Alguns, por exemplo, ligados ao reconhecimento de antígenos (substância estranha ao organismo) e na ativação da resposta imune.
Essa composição única pode ser fruto de uma adaptação do sistema imunológico ou um mecanismo que compensa a perda de tipos de células imunes essenciais.
“Coletivamente, esses dados sugerem que os centenários abrigam sistemas imunológicos únicos e altamente funcionais que se adaptaram com sucesso a um histórico de danos, permitindo a obtenção de uma longevidade excepcional”, pontua o estudo.
Para os pesquisadores, esses achados relacionados à resistência imunológica podem se tornar um alvo para as iniciativas de envelhecimento saudável.