A última atualização da matriz de risco da Covid-19 em Santa Catarina trouxe notícias que podem ser consideradas boas, como o aumento do número de regiões fora do nível gravíssimo – o pior cenário da pandemia.
Porém, entre as regiões que seguem na situação máxima de alerta está o Médio Vale do Itajaí, que há um mês e meio permanece com a classificação de nível gravíssimo (vermelho).

Dentro do Mapa de Risco, a macrorregião do Vale do Itajaí é dividida em três: Foz do Rio Itajaí-Açu, Médio Vale do Itajaí e Alto Vale do Itajaí . A última, inclusive, foi uma das regiões que saiu do pior nível do mapa de risco, com melhora nos índices de Transmissibilidade e Monitoramento.
Em contrapartida, o Médio Vale se manteve no gravíssimo, com números altos nos índices que avaliam a quantidade de mortes e a ocupação das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).
A última vez que a região esteve fora do nível gravíssimo foi na atualização feita no dia 5 de junho. A reportagem do ND+ buscou especialistas para tentar entender os motivos que fazem o Médio Vale estar há seis semanas consecutivas no pior nível do mapa de risco.

Alta ocupação de UTI X óbitos 1iz61
Atualmente, o governo do Estado utiliza quatro critérios para elaborar a matriz de risco: Evento Sentinela (ocorrência de óbitos pela doença), Transmissibilidade (variação no número de confirmação positiva e casos infectantes), Monitoramento (percentual de positividade de exames RT-PCR do Lacen) e Capacidade de Atenção (ocupação de leitos de UTI Covid).
A última atualização do mapa de risco mostra quais são os piores índices do Médio Vale: Evento Sentinela (óbitos), com nota 3,5, e Capacidade de Atenção (UTIs), com a nota máxima, 4. Transmissibilidade e Monitoramento receberam a nota 3 e estão classificadas no risco grave, mas a média da região – 3,375 – mantém o nível no gravíssimo.
Veja abaixo as notas de todas as regiões: 3r575u

O infectologista Ricardo Freitas aponta que os dois critérios estão relacionados, por isso as notas acabam ficando muito próximas – e as consequências práticas também.
“A gente oscila aqui na região com uma taxa de ocupação de UTI em torno de 80% e uma coisa está ligada na outra. Uma taxa alta de ocupação de UTI faz com que a gente tenha óbitos, pois são pessoas com sintomas graves que estão internadas”, explica.
Como o Médio Vale está com os números menores nos índices de Transmissibilidade e Monitoramento, o infectologista acredita que é questão de tempo para que a região deixe o nível vermelho do mapa.
“Se mantivermos a transmissibilidade em um patamar controlado e a vacinação avançando, não teremos uma onda grande de novos casos, o que vai afetar na taxa de ocupação de leitos de UTI também”, diz.
Mudança na metodologia 68z3h
As cidades do Médio Vale do Itajaí questionam a metodologia utilizada pelo Estado para elaborar, principalmente, o índice de Monitoramento. Na última semana, a Ammvi (Associações de Municípios do Médio Vale do Itajaí) enviou um pedido à SES (Secretaria de Estado da Saúde) para modificar a metodologia.

Conforme explica Winnetou Krambeck, secretário de Saúde de Blumenau e vice-coordenador da CIR (Comissão Intergestores Regional de Saúde do Médio Vale), a SES hoje leva em conta os números de exames que vão ao Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), mas, para agilizar o processo, os municípios da região contratam laboratórios e realizando testes por conta própria e não utilizam o Lacen, o que afeta o percentual de positividade.
“A gente (Médio Vale do Itajaí) manda pouco teste pro Lacen, basicamente só os casos de pacientes internados, então a taxa de casos positivos é muito maior”, analisa Krambeck.
Outro fator apontado pelo secretário é o alto número de pessoas testadas pelo Médio Vale do Itajaí. “Aqui a pessoa chega com um sintoma e a gente já tá testando. Em outras cidades a testagem não acontece dessa forma e, assim, muitas pessoas positivas não acabam sendo identificadas”, alega.
Ocupação alta, mas estável r623m
Nesta terça-feira (20), de acordo com o de leitos SUS, 82,32% das vagas de UTI públicas da região estão ocupadas. Sobre a Capacidade de Atenção – ou seja, o índice de ocupação das UTIs – Winnetou Krambeck exalta a estabilidade dos números.
“Nas outras ondas, quando os casos aumentavam a ocupação nas UTIs também subia. Hoje nós vemos uma constância na porcentagem de ocupação e a tendência é de que caia”, afirma.
O secretário ainda ressaltou, sem indicar com números, que a vacinação já tem apresentado alguns efeitos e ajudado a conter casos mais graves, que podem aumentar a ocupação das UTIs.
“A vacina é um fator positivo. Ela cumpre exatamente o que se propôs, que foi diminuir o número de casos graves. Apesar de ainda termos um percentual baixo de segunda doses aplicadas, a vacina já pode sim ser considerada um fator protetor”, conclui.