‘Restiamo a casa’: documentarista catarinense fala da vida em Roma com o coronavírus 3ck44

Juliana Kroeger, de Florianópolis, hoje mora na Itália e divide a experiência da quarentena italiana, medida extrema para a conter a doença que já está avançando também no Brasil 4m3b3y

* Juliana Kroeger é documentarista, doutora em Cinema e Artes Digitais pela Sapienza Università di Roma. Natural de Florianópolis, vive na Itália há 4 anos

Roma parece deserta, irreconhecível. Grande parte dos italianos inicialmente subestimou o coronavírus e o surto iniciado na China era aparentemente distante. Em poucos dias, o vírus já estava por aqui e se espalhou rapidamente no norte do país.

O Coliseu, em Roma, ponto turístico que recebe em torno de 8 milhões de turistas ao ano – Foto: Juliana Kroeger/Divulgação/NDO Coliseu, em Roma, ponto turístico que recebe em torno de 8 milhões de turistas ao ano – Foto: Juliana Kroeger/Divulgação/ND

Num piscar de olhos, chegou a todas as regiões da Itália e uma sequência de decretos do primeiro-ministro Giuseppe Conte foi progressivamente aplicando medidas restritivas, a ponto de bloquear a inteira nação.

A Itália está pagando um alto preço por ter demorado a agir de forma mais enérgica e somente a quarentena é capaz de frear o crescimento exponencial da epidemia. Mesmo tomando medidas inéditas na Europa, a resposta italiana foi mais lenta do que o avanço do coronavírus.

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O país está fechado e estamos todos isolados. A ordem é não sair e não ter contato nem mesmo com os parentes que vivem em outra casa. “Temos que pensar que toda e qualquer pessoa pode ser um possível contagiado”, dizia minha vizinha pela janela hoje (domingo) de manhã.

As janelas e sacadas, aliás, são o único local de socialização permitido. Deslocamentos são aceitos em casos de necessidade, como comprar alimentos, buscar tratamento de saúde de emergência ou ajudar um parente idoso em dificuldade. A maior parte das pessoas está trabalhando em home office, com exceção de quem atua na área da saúde, no ramo alimentício e nos serviços públicos essenciais.

Para se afastar da residência, é necessário levar no bolso uma “auto-certificação” que a justifique. O policiamento foi reforçado e, se o argumento apresentado para o deslocamento for falso, o infrator pode pegar até três meses de prisão.

A praça São Pedro também vazia. Nem na Segunda Guerra Mundial parques e praças ficaram s – Foto: Juliana Kroeger/Divulgação/NDA praça São Pedro também vazia. Nem na Segunda Guerra Mundial parques e praças ficaram s – Foto: Juliana Kroeger/Divulgação/ND

Nem na Segunda Guerra se fechou parques e igrejas 5m455f

Aqui em Roma, a reclusão forçada não teve adesão maciça imediata. Nos primeiros dias de quarentena, era possível notar redução de movimento nas ruas, mas as pessoas ainda eavam, se reuniam nas praças, enchiam bares e restaurantes, iam jantar na casa dos amigos.

Somente com o endurecimento dos bloqueios, a movimentação das pessoas foi substancialmente reduzida. Hoje, todos os estabelecimentos comerciais, à exceção daqueles que garantem as necessidades básicas, estão fechados. Nem parques e igrejas estão abertos, o que não aconteceu nem na Segunda Guerra. Até os funerais estão proibidos nestes nestes dias.

Sair de casa para comprar comida é um desafio. Dentro dos supermercados e mercearias, as pessoas cobrem o rosto como podem, com echarpes, lenços, toalhas. Basta alguém tossir para causar correria entre as gôndolas. Os italianos, em geral, não têm costume de estocar comida em casa.

Via Merulana, em Roma, também vazia – Foto: Juliana Kroeger/Divulgação/NDVia Merulana, em Roma, também vazia – Foto: Juliana Kroeger/Divulgação/ND

Sistema de saúde no limite 206i20

Nas últimas semanas, porém, houve corrida aos supermercados. Há seguranças nas portas que controlam a entrada e as pessoas que estão na fila precisam manter um metro ou mais de distância umas das outras. Máscaras de proteção estão esgotadas das prateleiras.

São tempos sombrios, o sistema de saúde público está no limite. As vagas nas unidades de terapia intensiva estão terminando e os especialistas dizem que o pico da doença ainda não chegou. Restiamo a casa (fiquemos em casa) é a única opção para a Itália neste momento.

Cantoria e desenhos das crianças yj6h

Um bálsamo que corta o silêncio da cidade e faz a quarentena se tornar mais leve chega todos os dias às 18h, quando as pessoas abrem as janelas dos apartamentos para cantar e tocar instrumentos. A esperança também se mantém viva nos desenhos das crianças, que têm colorido as ruas e as redes sociais com a frase “andrà tutto bene”, vai ficar tudo bem. Um arco-íris que virou símbolo da Itália que não desiste.

Na Itália, crianças colorem rua e redes sociais para retomar a esperança, conta documentarista de SC t6n4j

As crianças têm colorido as ruas e as redes sociais com a frase “andrà tutto bene”, vai ficar tudo bem - Reprodução Rede Social/ND
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As crianças têm colorido as ruas e as redes sociais com a frase “andrà tutto bene”, vai ficar tudo bem - Reprodução Rede Social/ND
Cartazes das crianças são colocados nos edifícios na Itália - Reprodução Rede Social/ND
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Cartazes das crianças são colocados nos edifícios na Itália - Reprodução Rede Social/ND
Na Europa, a Itália é o pais com maior número de casos - Reprodução Rede Social/ND
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Na Europa, a Itália é o pais com maior número de casos - Reprodução Rede Social/ND
O arco-íris virou símbolo da Itália que não desiste - Reprodução Rede Social/ND
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O arco-íris virou símbolo da Itália que não desiste - Reprodução Rede Social/ND
“Andrà tutto bene”, vai ficar tudo bem, lembram as crianças - Reprodução Rede Social/ND
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“Andrà tutto bene”, vai ficar tudo bem, lembram as crianças - Reprodução Rede Social/ND
As crianças fazem os desenhos para os pais espalharem pelas redes sociais - Reprodução Rede Social/ND
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As crianças fazem os desenhos para os pais espalharem pelas redes sociais - Reprodução Rede Social/ND
Esperança e otimismo, estas são as mensagens - Reprodução Rede Social/ND
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Esperança e otimismo, estas são as mensagens - Reprodução Rede Social/ND
A Itália está em isolamento total - Reprodução Rede Social/ND
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A Itália está em isolamento total - Reprodução Rede Social/ND
As crianças colorem as ruas e as redes sociais com a frase “andrà tutto bene”, vai ficar tudo bem - Reprodução Rede Social/ND
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As crianças colorem as ruas e as redes sociais com a frase “andrà tutto bene”, vai ficar tudo bem - Reprodução Rede Social/ND
“Andrà tutto bene”, não esqueçam - Reprodução Rede Social/ND
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“Andrà tutto bene”, não esqueçam - Reprodução Rede Social/ND
Está em todos os lugares do país - Reprodução Rede Social/ND
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Está em todos os lugares do país - Reprodução Rede Social/ND
Cartazes e pinturas são produzidos pelas crianças em todo o país - Reprodução Rede Social/ND
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Cartazes e pinturas são produzidos pelas crianças em todo o país - Reprodução Rede Social/ND
Para as crianças e também os pais,, a quarentena é um dos grandes desafios - Reprodução Rede Social/ND
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Para as crianças e também os pais,, a quarentena é um dos grandes desafios - Reprodução Rede Social/ND
A rotina sem aula mudou a vida das famílias - Reprodução Rede Social/ND
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A rotina sem aula mudou a vida das famílias - Reprodução Rede Social/ND
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