Na sexta-feira (16), a Secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto (Cidadania), visitou a redação integrada do Grupo ND. Deputada federal licenciada, Carmen foi nomeada Secretária pela governadora interina Daniela Reinehr (sem partido) e está no cargo desde o início de abril.

Há duas semanas na pasta, ela vem frisando que o principal desafio é o enfrentamento à pandemia. Por isso, na entrevista, a Secretária fala sobre os problemas com a empresa que gerencia o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Santa Catarina, a possibilidade de retorno do setor de eventos, a chegada de vacinas e dos kits intubação.
Ela também comentou a polêmica sobre a nebulização de hidroxicloroquina e ressaltou que não existem pesquisas sobre esse procedimento no país.
A entrevista 4p1a2w
ND: O contrato com a OZZ Saúde, que gerencia o Samu no estado, tem um histórico de problemas. Qual avaliação a senhora faz? O contrato precisa ser revisto?
Carmen Zanotto: Precisa ser revisto. Esta semana tivemos uma audiência pública na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), tratando exatamente dessa questão. Pedimos um levantamento, através da Secretaria, de todos os contratos terceirizados através de organizações sociais, para termos noção dos problemas com mais profundidade. É inissível correr o risco de transportar um paciente e não ter oxigênio.
ND: Existe alternativa no horizonte depois da audiência pública?
Carmen Zanotto: A audiência foi clara com relação a posição da SES (Secretaria de Estado da Saúde) dos pagamentos rigorosamente em dia versus a empresa dizendo que o valor contratado não é suficiente para dar conta da demanda.
Isso é jurídico e da forma jurídica – mas sempre lembrando que estamos tratando de vidas – precisa ser revisto, o mais rápido possível, para segurança de quem está trabalhando e da população.

O Samu foi implantado em Santa Catarina quando eu era secretária-adjunta e fomos o primeiro estado brasileiro a optar por um Samu estadualizado. Naquela época, entendíamos que não poderíamos ter regiões com mais ou menos estrutura de saúde.
ND: Os números da pandemia ainda são altos no Estado, mas está em debate a retomada de atividades para o setor de eventos. É o momento certo?
Carmen Zanotto: O Coes (Centro de Operações de Emergência em Saúde) tem o papel de ouvir as demandas da sociedade. Eu também estive com o segmento em reunião no Centro istrativo. Precisamos ouvir as demandas e buscar caminhos.

Mas este ainda é um momento crítico. Nenhum de nós tem o direito de facilitar em relação a essa pandemia. Ainda temos situações críticas, pacientes aguardando vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Não podemos adotar nenhuma decisão que coloque em risco a vida das pessoas. Mas a gente também não pode se furtar de ouvir os segmentos e buscar caminhos para os setores mais sofridos. De qualquer forma, é preciso manter os cuidados básicos: máscara, higiene das mãos, distanciamento e evitar aglomerações nos comércios e nas casas.
ND: Há perspectiva para chegada de mais vacinas?
Carmen Zanotto: A expectativa é que se receba doses de vacina todas as semanas. Nosso grande pedido é que a população que já foi chamada procure o centro de vacinação da cidade. Se tem dificuldades para deslocamento, comunique o serviço de saúde. Os municípios estão indo na casa das pessoas para vacinar. E a segunda dose é tão importante quanto a primeira.

O país como um todo tem uma baixa cobertura da D2. Não está faltando vacina em Santa Catarina, mas a gente precisa que cada um também faça a sua parte.
Ainda falta imunizar uma parte dos profissionais de saúde, em função do quantitativo que chegou. Estamos buscando saber quem ainda não foi imunizado e vamos comprovar que ainda temos 30 mil trabalhadores da saúde que ainda não foram imunizados.
Nas forças de segurança, iniciamos a vacinação há duas semanas. Recebemos 1.200 doses, por semana, para atender: Polícia Militar, Civil, Rodoviária, Federal, Bombeiros, Sistema prisional e Guardas Municipais.
ND: O Ministério da Saúde recebeu 2,3 milhões de medicamentos do Kit Intubação. Quanto vem para o Estado?
Carmen Zanotto: Na quinta-feira (15) chegou o relatório. Esses medicamentos que recebemos devem durar, no máximo, cinco dias. Será feita distribuição conforme a necessidade dos hospitais que alimentam o sistema de informação todas as sextas-feiras.
O consumo no país como um todo é muito alto, tudo que é produzido, rapidamente, vai para atendimento dos processos licitatórios, requisições istrativas do Ministério da Saúde e também para garantia dos contratos que a indústria ou distribuidor tem com a rede hospitalar, tanto filantrópica, quanto privada.

Essa aquisição é uma doação que veio da empresa Vale e também tem uma compra que o Ministério da Saúde está tentando fazer para suprir esses insumos.
ND: O Ministro da Saúde disse que é preciso protagonismo dos estados para a compra desses kit intubação. Disse que não basta os estados encaminharem ofício para o Ministério da Saúde.
Carmen Zanotto: É verdade. Na prática, é uma cadeia de responsabilidade. Os hospitais filantrópicos também fazem a compra desses insumos. Não estão comprando porque não conseguem que a indústria entregue.
Em relação aos contratos de licitações anteriores, emitimos as AF’s (Autorizações de Fornecimento) para garantir que as indústrias forneçam, mas você pede 80 mil ampolas de um item e recebe dez. É a capacidade da indústria.
ND: Entidades do estado se manifestaram sobre a nebulização de hidroxicloroquina. O Estado chegou a emitir algum alerta sobre o tema?
Carmen Zanotto: Recebemos na sexta-feira (16), um documento do Conselho Nacional de Ética e Pesquisa informando que não autorizaram nenhuma pesquisa clínica para esse tipo de tratamento.
Precisamos de cuidado, seguir orientação médica, mas também cuidar para que não se use medicamentos que não estão comprovados, como neste caso, que não tem pesquisa clínica no Brasil para esse tipo de tratamento em relação à pandemia.