A guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano nesta sexta-feira (24) e fez a Europa repensar a quantidade de recursos destinados à proteção nacional.
Embora ainda não haja detalhes sobre as áreas de defesa, várias nações europeias e integrantes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciaram planos para aumentar seus orçamentos voltados para a área. As informações são do site Poder360.

Segundo o professor de relações internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, “caiu por terra” a ideia de uma Europa que não teria mais confrontos armados após duas guerras mundiais no século ado.
“Se você olhar hoje, o orçamento de todos os países europeus em relação à questão militar aumentaram significativamente. A Europa está a os largos caminhando para o militarismo, para o investimento em armas de última geração, para o contingente militar. Ou seja, a invasão da Ucrânia elevou e muito as tensões dentro da Europa”, disse em entrevista ao Poder360.
Defesa da Alemanha a193c
O chanceler alemão Olaf Scholz anunciou que vai destinar mais de € 100 bilhões adicionais para a defesa do país. O líder afirmou ser necessário equipar as Forças Armadas alemãs com “equipamentos modernos” para que seja possível “parar belicistas” como o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Os gastos militares da Alemanha, representam, em média, 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Com o valor adicional, o custo do PIB vai aumentar para mais de 2%. A alta se alinha às diretrizes estabelecidas pela Otan em 2006.
De acordo com dados mais recentes disponibilizados pelo Banco Mundial, os países europeus que integram a Otan até 2021 que destinaram 2% ou mais de seu PIB para gastos com defesa são:
- Grécia – 3,9% do PIB;
- Croácia – 2,7% do PIB;
- Letônia – 2,3% do PIB;
- Estônia – 2,2% do PIB;
- Reino Unido – 2,2% do PIB;
- Polônia – 2,1% do PIB;
- Portugal – 2,1% do PIB;
- Lituânia – 2,0% do PIB;
- Romênia – 2,0% do PIB.
A questão, porém não se trata do aumento de gastos militares. A venda de armamentos a outros países também é uma questão chave na distribuição de recursos. “A Alemanha tem uma lei, que eles não vão cumprir, que era de não vender armas para países em conflito. O país quebrou essa regra”, disse Reginaldo Nasser.
O professor da PUC-SP se refere a Lei de Controle de Armas de Guerra, que foi assinada em novembro de 1990, durante a Guerra Fria, quando o país estava em processo de reunificação.
O governo alemão estabeleceu uma política restritiva sobre exportação de equipamentos militares, em especial a “países terceiros”, ou seja, nações que não integram a UE (União Europeia) ou a Otan.
A militarização da Europa 122e3q
Um levantamento da consultoria de gestão McKinsey mostra que os países da Otan podem gastar, no máximo, 488 bilhões de euros com defesa até 2026.
A empresa trabalha com três cenários diferentes na análise. O primeiro apresenta trajetória de gastos que teria se dado, caso a Rússia não tivesse invadido a Ucrânia.
Os outros dois consideram a guerra. O segundo indica um cenário onde países europeus optam por dar um financiamento baixo para a defesa. O terceiro trata-se de uma reposta ousada.
Resultados 3d1x3g
Os resultados indicam que mesmo que Rússia não tivesse aumentado as preocupações de segurança ao invadir a Ucrânia, os gastos europeus com defesa teriam subido de 296 bilhões de euros em 2021 para 337 bilhões em 2026 –um aumento de 14%.
Nessa hipótese que consideram um baixo impacto na invasão russa no financiamento da defesa, os gastos aumentam em 53% e chegam a 453 bilhões de euros em 2026.
Já em cenário que pressupõe resposta ousada de financiamento da defesa, os gastos aumentam 65% de 2021 a 2026, chegando a 488 bilhões de euros.