Acusada de matar e congelar marido no freezer deixa prisão em Santa Catarina 1q2p41

Claudia Hoeckler, de 40 anos, acusada de ass o marido Valdemir Hoeckler, de 52 anos, e congelar o corpo em um freezer no interior de Lacerdópolis, no Meio-Oeste de Santa Catarina, teve a liberdade concedida em habeas corpus. O crime aconteceu em novembro de 2022.

Ela deixou o Presídio Regional Feminino de Chapecó, onde estava presa desde o fim de novembro de 2022, na quinta-feira (17). A defesa registrou o momento da soltura de Claudia e encontro com a filha, com quem ela não podia ter contato anteriormente devido às proibições do marido, conforme alegou a defesa. (Veja o vídeo abaixo).

O TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) informou em nota que a 1ª Câmara Criminal julgou o habeas corpus impetrado pela defesa da acusada.

“Os desembargadores decidiram, por unanimidade, substituir a prisão preventiva por medidas cautelares diversas consistentes em: comparecimento a todos os atos da ação penal, comparecimento mensal em juízo para justificar suas atividades e utilização de monitoramento eletrônico (tornozeleira), além de outras medidas que o juízo de origem entender necessárias”, comunicou o TJSC.

Segundo o advogado de Claudia, Marco Antônio Vasconcelos Alencar Junior, a defesa embasou o pedido de habeas corpus no fato da mulher não ter fugido; por ser vítima de violência doméstica; a soltura não colocar em risco a garantia da ordem pública; a liberdade dela não trazer prejuízo ao processo, uma vez que todas as testemunhas já foram ouvidas, além de não haver provas de que ela efetivamente conseguiu matar o marido.

“Ela confessou que agiu para matar, mas não existe comprovação de que realmente conseguiu isso. Ou seja, ele pode ter morrido de causas naturais, por exemplo”, pontua Alencar.

O advogado explica que agora Claudia aguardará em liberdade a decisão da Justiça se irá a julgamento ou será absolvida das acusações com base nas alegações da defesa e da acusação. Não há prazo para a decisão da Justiça.

Enquanto aguarda, Claudia permanecerá em Joaçaba com a família. “Nesse período terá que cumprir algumas ordens judiciais como comparecer a todos os atos do processo, ir ao Fórum uma vez por mês e por 90 dias não poderá deixar a cidade e nem frequentar o local do homicídio”, acrescentou o advogado.

A defesa ainda alega que tem provas, inclusive de conversas entre amigas, que mostram a preocupação delas com as recorrentes violências sofridas por Claudia. O material foi apresentado pela defesa à Justiça.

Claudia saiu do Presídio Feminino de Chapecó nesta quinta-feira (17). – Vídeo: Alencar & Martinazzo Advogados/Divulgação/ND

Relembre o crime: morte e corpo no freezer 4y4y2o

O corpo de Valdemir foi encontrado na noite do dia 19 de novembro de 2022. Ele estava desaparecido desde o dia 14, quando não apareceu para trabalhar. As buscas iniciaram no dia 15, nas redondezas do local onde teria desaparecido. Policiais militares, Corpo de Bombeiros, moradores e voluntários participaram das buscas.

No dia 18 de novembro a esposa da vítima foi até a Delegacia de Polícia Civil prestar depoimento. Segundo o delegado de Polícia Civil, responsável pelas investigações, Gilmar Bonamigo, algumas lacunas ficaram em aberto, sem respostas plausíveis.

“Em seu depoimento, a mulher de Valdemir consentiu e autorizou a realização de perícia no interior da sua casa para a noite do dia 19. No entanto, horas antes da perícia chegar ao local, a polícia tomou conhecimento de que a esposa da vítima havia fugido. Alguns moradores informaram que a casa havia sido trancada como nunca havia ocorrido antes”, disse o delegado.

Diante dos fatos, a polícia começou a acreditar que o corpo poderia estar ocultado na própria casa. Após iniciar as buscas, foi encontrado congelado no interior do freezer.

Confissão e pressão psicológica 65351p

Em entrevista ao canal no YouTube do roteirista Roberto Ribeiro, ex-apresentador do Programa Investigação Criminal, a mulher confessou o crime e deu detalhes de como matou o marido, bem como da vida do casal. Ela revelou que vivia uma pressão psicológica constante no casamento.

Claudia afirmou que decidiu tirar a vida do companheiro por não ar mais ser agredida, perseguida e humilhada pelo homem.

“Ele não me deixava fazer nada, simplesmente eu não tinha vida própria. Eu não podia sair com as amigas. Eu ia ao salão fazer o cabelo e tinha que sair com o cabelo molhado, porque ele estava me enchendo o saco por estar demorando. Tinha que correr contra o tempo, a minha vida sempre foi sob pressão”, afirmou Claudia.

Ainda segundo a mulher, Valdemir exigia que ela mandasse fotos e fizesse videochamada para confirmar onde estava quando tinha compromissos do trabalho à noite. “Não podia me arrumar para essas ocasiões, porque não eu ia tá me arrumando para outro (sic)”.

Já o delegado, considera que a entrevista de uma hora concedida por Claudia ao escritor e roteirista Beto Ribeiro, teve como objetivo inflamar a população. “Foi criada esta situação para promover comoção pública”, disse o delegado que investiga o caso em entrevista à Rádio Catarinense.

Claudia se entregou à polícia na tarde do dia 21 de novembro, um dia depois da entrevista. Durante depoimento na delegacia, a mulher, segundo o delegado, não mostrou nenhum tipo de arrependimento, e mostrava-se tranquila pelo fato de ser presa, disposta a cumprir a pena, pois depois deste período reclusa não teria mais ninguém que pudesse oferecer perigo.

Essa informação também foi revelada por Claudia na entrevista ao escritor Beto Ribeiro. “Vou estar presa, mas estou leve. Tive que tomar essa decisão, porque vi que era ele ou eu. Ele não ia me deixar em paz nunca”.

Acusada por três crimes 33ph

A mulher foi denunciada pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) pela morte do marido. A Promotoria de Justiça da Comarca de Capinzal pretende que a acusada seja submetida a júri popular por homicídio duplamente qualificado (asfixia e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

Segundo a denúncia, Claudia teria dopado o marido com medicamentos de rotina para que ele dormisse. Na sequência, amarrou pelos pés, pernas e braços até imobilizá-lo. Por fim, a mulher colocou uma sacola plástica na cabeça da vítima e apertou com pedaços de borracha para impedir a agem do ar, provocando sua morte. Depois, o corpo foi colocado no freezer.

“Ela agiu com brutalidade fora do comum e notável contraste com o mais elementar sentimento de piedade, submetendo a vítima a sofrimento desmedido e desnecessário, tudo sob absoluta ausência de qualquer sentimento humanitário”, diz a denúncia.