As denúncias de que o dono de uma creche em Itapema teria abusado sexualmente de pelo menos 19 crianças não são as primeiras. No final de 2019, uma família foi à polícia denunciar que o homem havia tocado em uma menina de apenas 4 anos.
No entanto, após um ano de exames de corpo de delito, depoimentos à polícia e consultas psicológicas, o caso foi arquivado pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) por falta de provas, em março desde ano.

Menos de três meses depois do arquivamento, no entanto, outras 19 famílias vieram a público denunciar novamente o dono da creche por abuso sexual contra as crianças matriculadas.
“Uma sensação horrível, indescritível”, conta a mãe da menina que teria sido abusada em 2019. O pai da menina, inclusive, chegou a ser ouvido por estar ameaçando o dono da creche.
“Essa situação minha foi de revolta. Senti revolta, nojo”, conta o pai. Ele conta que foi chamado para depor por ter ameaçado o suspeito, mas só foi ouvido sobre a suspeita de abuso em janeiro de 2021.
Mesmo depois do arquivamento da denúncia, os pais não desistiram e aram a entrar em contato com responsáveis pelas crianças ainda matriculadas na recreação infantil.
Foi a partir daí que novas denúncias surgiram. Agora, o suspeito já tem 19 denúncias contra ele registradas na Delegacia de Polícia Civil de Itapema.
A polícia segue investigando. As crianças, os responsáveis por elas e outras duas funcionárias da escolinha já foram ouvidas.
O Judiciário concedeu um mandato de prisão contra o suspeito, que tem 25 anos. No entanto, ele fugiu e segue foragido.

Força-tarefa de psicólogos 2h1tr
Para auxiliar nas investigações, uma força-tarefa de psicólogos policiais civis chegou a Itapema na quarta-feira (19), para além de auxiliar nas investigações, prestar e às vítimas e familiares que relataram casos de abuso sexual infantil.
Como identificar vítimas de abuso sexual 6c1a59
De acordo com Manoel Mafra, diretor do Núcleo de Prevenção às Drogas e à Pedofilia em Camboriú, existem maneiras diferentes de abordar o tema para cada faixa etária. Além disso, ele afirma que a melhor forma de prevenir é falar, em casa, sobre o tema.
Segundo ele, 90% dos abusadores são pessoas conhecidas das crianças. Por isso, é importante que as crianças saibam diferenciar carinho de abuso.
“Os responsáveis precisam se juntar e falar sobre isso, que ninguém pode tocar nelas, quais são as partes [do corpo] proibidas, e o que ela deve fazer quando isso acontecer”, explica. Para ele, a conversa, em casa, é a melhor forma de prevenir e de identificar casos de abuso sexual.
Depois das denúncias, profissionais especializados vão ouvir as crianças vítimas do abuso, para dar os encaminhamentos necessários.

Cartilha nacional b325f
A Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do governo federal atualizou a cartilha com informações sobre abuso sexual. Nela constam informações como os conceitos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, mitos e verdades sobre esses crimes, métodos do agressor e perfil das vítimas.
“O conhecimento sobre a rede de proteção dos menores de idade também é muito importante para estabelecer o vínculo entre o Estado e a sociedade para o enfrentamento dos casos”, afirma o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha.