As últimas horas de Lázaro Barbosa, conhecido como ‘serial killer de Brasília’, foram readas durante reportagem exibida na noite deste domingo (4). A carta encontrada com ele no dia que foi pego em Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal, pode revelar detalhes de um crime que deu errado.

Investigadores acreditam que ele pode ter se referido à chacina na chácara da família Vidal, em Ceilândia, onde uma das vítimas informou parentes sobre a invasão do criminoso.
“O cara tava armado e, antes de eu conseguir enquadrar a vítima, ainda conseguiu avisar uma pessoa, que quando eu vi já foi só os tiros (sic)”, escreveu. As informações foram exibidas no programa Fantástico, da TV Globo.
A delegada da Polícia Civil de Goiás, Rafaela Azzi, que investiga os crimes de Lázaro, afirmou à reportagem que Elmi Caetano Evangelista, de 73 anos, fazendeiro preso por possível apoio na fuga do criminoso ao abrigá-lo em casa de sua propriedade, pode ter sido o mandante da chacina no DF.
“Considerando que havia um laço anterior, que Lázaro já era conhecido pelo proprietário [Elmi] e na entrevista [depoimento à polícia] o proprietário fala que aquela família devia um dinheiro a ele, nós não descartamos a hipótese de que ele tenha, realmente, usado Lázaro para cobrar a dívida e, não recebendo, matar aquelas pessoas“, conta a delegada.
Questionada, a defesa de Elmi repudiou as suspeitas e nega envolvimento na morte da família em Ceilândia. Na carta, Lázaro ainda diz que precisa recarregar a arma de fogo. A polícia apura quem seria o destinatário do pedido de ajuda.
“Já tive dois confrontos […]. Tô zerado de munição”, escreveu ele. Em seguida, ofereceu dinheiro pelo apoio: “Pra pegar pra mim, eu vou te adiantar 500 reais” .
A carta estava no bolso do casaco que Lázaro vestia quando foi encontrado. Com ele, também estavam R$ 4 mil em dinheiro, que os investigadores tentam identificar quem deu.
O crime b713l
Lázaro matou o empresário Cláudio Vidal, de 48 anos, e os dois filhos dele, Gustavo Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Vidal, de 15, na chácara da família, em 9 de junho. As vítimas foram encontradas com marcas de tiros e facadas.
A mulher de Cláudio e mãe dos jovens, Cleonice Marques, de 43 anos, foi sequestrada pelo suspeito e encontrada morta três dias depois. O assassino ainda é culpado de estuprar Cleonice, segundo o delegado-chefe da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O/Ceilândia), Raphael Seixas.

A matriarca da família Vidal levou um tiro na cabeça e teve a orelha cortada, ainda viva, segundo laudo da Polícia Civil do DF (PCDF). A bala e a orelha não foram encontradas.
O laudo indica que Cleonice pode ter sido morta entre os dias 9 e 11 de junho. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata perto da BR-070.
De acordo com ele, a autoria da chacina da família Vidal atribuída a Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, foi determinada pelas digitais do criminoso encontradas na face interna de uma porta de vidro na chácara do Incra 9, em Ceilândia. Não há vestígios de outras pessoas.
Lázaro morreu em confronto com a polícia no dia 28 de junho, no 20º dia de buscas. Segundo o boletim de ocorrências, foram disparados 125 tiros, dos quais quase 40 o atingiram, segundo a Secretaria de Saúde de Águas Lindas de Goiás.