O homem preso em Florianópolis na última quinta-feira (16), acusado de ser um “falso médico” pelo CRM-SC (Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina), foi identificado como Guilherme Cordeiro Souza Santos, de 41 anos. Ele teria apresentado um diploma forjado para se registrar no órgão.
Segundo o CRM-SC, o “falso médico” apresentou um diploma forjado durante a tentativa de registro – Foto: @gui_bota/Instagram/NDApós audiência de custódia na sexta-feira (17), o suposto falso médico foi solto e está em liberdade. Ele segue publicando mensagens devocionais diariamente nas redes sociais, onde se apresenta como médico, consultor de imóveis e criador de conteúdo.
No último vídeo, publicado às 8h desta terça-feira (21), ele diz: “A Bíblia nos alerta sobre o perigo da inveja e da ambição egoísta. Essas atitudes geram confusão e afastam as pessoas do propósito de Deus”.
Guilherme Cordeiro é natural de Loanda, no Paraná, e mora atualmente em Itapema, Santa Catarina. O “falso médico” indica em seu perfil que frequentou a Universidad Central Del Paraguay de 2014 a 2021, além do centro universitário Uningá no Paraná.
Ele é casado há dez anos e tem dois filhos. A esposa Patricia Gomes do Nascimento Cordeiro também se apresenta como médica nas redes sociais, no entanto, seu nome não consta nos registros do CFM (Conselho Federal de Medicina).
O acusado de ser um falso médico participa do movimento “Legendários”, um grupo “que busca a transformação de homens, famílias e comunidades por meio de experiências que levam os homens a encontrar a melhor versão de si mesmos e seu novo potencial”.
“Devolvemos o herói a cada família, uma declaração que temos como Legendários, é de que somos homens inquebrantáveis diante do pecado, mas quebrantados diante de Deus”, afirma a página do movimento.
Como o CRM-SC desmascarou o ‘falso médico’? 3o4842
Denunciado como falso médico, ele foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos – Foto: Divulgação/CRM-SC/NDNo momento da inscrição, o CRM-SC identificou inconsistências nos documentos apresentados por Guilherme Cordeiro. Ele alegava ter se formado na Escola de Medicina Souza Marques do Rio de Janeiro, onde supostamente obteve registro no CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro).
O órgão entrou em contato com a faculdade, que esclareceu que o homem nunca estudou lá. O CREMERJ também negou que ele havia inscrição no estado.
Diante da confirmação da farsa, o CRM-SC acionou a Polícia Civil e o “falso médico” foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos. Ele deve responder criminalmente por tentar exercer a medicina de forma ilegal.
Acusado diz que ‘também foi enganado’ por diploma 3o3r6t
Chamado de “falso médico”, o acusado diz que houve problema na revalidação do diploma e pretende processar o CRM-SC – Foto: Guilherme Cordeiro/Facebook/NDAo ND Mais, Guilherme Cordeiro esclareceu que se formou em medicina no Paraguai e apresentou ao CRM-SC a revalidação do diploma, obtida no Rio de Janeiro. Ele declara que foi enganado por uma “revalidação simplificada”.
“O CRM postou ali que eu sou ‘falso médico’. E o que acontece? Eu sou médico formado no Paraguai. Então eu sou um médico estrangeiro, tenho diploma, todas as declarações jurídicas, colação de grau”, afirma.
“Nós também fomos enganados, na verdade, foi uma revalidação de diploma que veio a acontecer de forma errada. Não sei o que houve, mas estamos dando sequência com todas as pessoas envolvidas que me fizeram isso”, completa.
Ele afirmou que pretende entrar com uma ação contra o CRM-SC para que se retratem da acusação e o indenizem por danos morais. A advogada de Guilherme, Jennifer Coltro, reiterou que o acusado se formou no exterior e que aguarda registro no conselho.
“Informa-se, ainda, que diante da deturpação da notícia veiculada pelo CRM-SC, as medidas cabíveis para reparação civil dos danos estão sendo adotadas pela defesa de Guilherme Cordeiro Souza Santos, o qual não exerce a medicina no Brasil. Portanto, não se trata de falso médico, como indevidamente noticiado”, disse a defesa em nota.
A Polícia Civil prendeu o suspeito após a faculdade de medicina confirmar que o diploma era falso – Vídeo: Divulgação/CRM-SC/ND
O CRM-SC, por outro lado, informa que a Escola de Medicina Souza Marques do Rio de Janeiro sequer é credenciada para revalidar diplomas estrangeiros, dessa forma, concluiu que o documento era falsificado.
Em nota, o órgão ressaltou a importância da fiscalização rigorosa e constante das credenciais de profissionais de saúde.
“A luta contra fraudes desta natureza é fundamental, visando proteger toda a população. O Conselho tem intensificado suas medidas de fiscalização para coibir práticas fraudulentas e a atuação de não médicos”, afirmou Marcelo Lemos dos Reis, presidente do CRM-SC.
O órgão também alertou postos de saúde, clínicas e hospitais para que façam a conferência detalhada da habilitação dos médicos. Qualquer pessoa pode consultar o número do registro profissional no site do CRM-SC.
