Um grupo com aproximadamente 20 mulheres, familiares de presos, realiza uma manifestação, na tarde desta segunda-feira (8), em frente à penitenciária da Agronômica, em Florianópolis. Elas querem ter de volta o direito às visitas íntimas aos seus familiares e outras questões relativas à dignidade dos detentos.

Segundo uma das familiares dos presos, o grupo protesta por diversas questões, não somente por visita íntima. Elas querem direito à visita social e comida digna, por exemplo. Além das mulheres dos presos, algumas mães também participam do protesto.
A PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina) acompanha a manifestação dos familiares de presos, que é pacífica. A polícia não está autorizando interrupções na via, ou seja, o trânsito flui normalmente na Rua Delminda da Silveira, nº 900, local da manifestação.
Segundo o comandante do 4º BPM, Tenente-Coronel Dhiogo Cidral, que cobre a região central de Florianópolis, a polícia conversou com o grupo e quando elas tentam fechar a via, os policiais intervêm. Ele também disse que o grupo pretende pernoitar no local.
“O DEAP [Departamento de istração Prisional] recebeu uma comitiva delas para conversar sobre o fato. O caso é que o sistema prisional está seguindo a portaria da SES (Secretaria de Estado da Saúde) e por isso o recebimento de visitas está interrompido”, explicou Cidral.
Grupo fez manifestação semelhante em dezembro 2z3p5w
Segundo a voluntária da Associação Gente da Gente, Claudia Lopes, essa manifestação não tem ligação com o protesto do dia 15 de dezembro de 2020, quando familiares de presos protestaram com pauta ainda mais ampla.

A Associação Gente da Gente tem sede no Estreito, região continental de Florianópolis, e ajuda familiares de detentos a requerer seus direitos. Segundo Claudia, no entanto, a questão da visita íntima dificilmente será atendida neste momento.
“Essa manifestação, tive informação por outras famílias, é por visita íntima, mas sabemos que não vai acontecer, porque não é possível contato, enquanto não houver vacina”, disse Claudia.
Reunião com autoridades do sistema prisional 1g2l6i
Ainda de acordo com Claudia Lopes, o grupo de mulheres familiares de presos aguarda a remarcação de uma conversa com o Deap. Em documento enviado ao órgão, as detentas fazem uma série de solicitações.
Elas querem, entre outras questões, descobrir o que está acontecendo com a comida dos detentos que, depois de sair da cozinha, estraga.
Além disso, buscam respostas para o funcionamento dos ventiladores na prisão e do rádio que transmite o “Programa do presidiário”, onde eles ouvem recados.
Outra demanda importante para os familiares dos detentos diz respeito à comunicação. Elas querem o retorno das cartas digitais, pois, segundo elas, o formato traz mais facilidade e a resposta vem mais rápido.
Em tempos de pandemia e com visitas íntimas proibidas, outra briga das familiares dos presos é a realização das chamadas por vídeo com duração de 15 minutos. As detentas reclamam que, nem sempre, o tempo é respeitado.
Contraponto do DEAP 3w2258
Em nota, a SAP (Secretaria de istração Prisional e Socioeducativa) reiterou que as medidas adotadas no combate à pandemia no âmbito dos sistemas prisional e socioeducativo atendem critérios técnicos e construídos através do intenso e constante diálogo com as autoridades sanitárias.
De acordo com a SAP, a suspensão das visitas sociais e íntimas não é uma medida arbitrária. Para o órgão, uma análise dos números da pandemia nos sistemas prisional e socioeducativo comprova a eficácia das medidas.
Ainda segundo a nota, o sistema prisional catarinense tem 19 casos ativos da Covid-19, sendo 10 internos e nove servidores. O sistema prisional de SC tem cerca de 28 mil pessoas, considerando internos, servidores, funcionários e prestadores de serviços.
Contato virtual b2j68
A SAP informou, também, que está disponibilizando toda a sua estrutura nas unidades, em equipamentos, rede e serviços para atender de forma compensatória ao contato e à comunicação entre internos e seus familiares, com disponibilização de e-mails.
Também há visitas virtuais por videochamadas ou ligações telefônicas, para os casos de familiares que não dispõem de o à internet.
“Ao todo, foram realizadas 93.585 mil visitas virtuais e 109.240 e-mails trocados entre internos e familiares”, informou a SAP.
A nota também aborda outra solicitação dos familiares dos detentos: a imunização dos mesmo para a Covid-19: quanto à solicitação para que os internos tenham prioridade, a SAP esclarece que esta decisão faz parte do PNI (Plano Nacional de Imunização) do Governo Federal, elaborado a partir de uma análise técnica que considera riscos e vulnerabilidades.