
O MPF (Ministério Público Federal) denunciou Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como ‘Colômbia’, como mandante do assassinato de Bruno e Dom, há exatamente três anos em uma emboscada na região do Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas.
Conforme a denúncia, apresentada nesta quinta-feira (5), o crime teve motivação torpe e não deu chance de defesa às vítimas. ‘Colômbia’ está preso e é investigado por pesca ilegal, contrabando e tráfico de drogas. O processo corre em segredo de Justiça.
A denúncia é assinada pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal. Caberá à subseção Judiciária Federal de Tabatinga (AM) aceitar ou não a denúncia.
Segundo inquérito da Polícia Federal, as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips foi encomendada porque o trabalho de Bruno, que treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território, e de Dom, que documentava a Amazônia, estava causando prejuízo financeiro ao esquema de pesca clandestina na região.
Quem é ‘Colômbia’, denunciado como mandante do crime 534n3z
Conforme apurado pela Polícia Federal, Ruben Dario da Silva Villar é peruano e se apresentava como empresário aos moradores da cidade de Benjamin Constant, no interior do Amazonas. Apesar de morar na localidade, o traficante também tinha uma casa no município de Islândia, em seu paós de origem.

A investigação revelou que o mandante do assassinato de Bruno e Dom chefiava uma quadrilha de pesca ilegal na terra indígena do Vale do Javari, região em que o indigenista e o jornalista vinham atuando. A área fica na fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru.
Segundo a PF, além do envolvimento com tráfico de drogas, Villar pagava contas de pescadores que atuam ilegalmente na região. Criminosos, a mando dele, escondiam cocaína em carregamentos de peixe. Colômbia está preso desde 2024 e chegou a ser solto, mas foi novamente capturado. Após meses de investigação, a PF identificou diversos indícios da participação do traficante.
Relembre o assassinato de Bruno e Dom 9604n
O indigenista e o jornalista desapareceram no dia 5 de junho de 2022, durante uma viagem à Amazônia. Os restos mortais só foram encontrados dez dias depois. A perícia concluiu que eles foram assassinados a tiros, esquartejados, queimados e enterrados no Vale do Javari.
Em julho de 2022, o MPF denunciou três pessoas pelo assassinato de Bruno e Dom: Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, “Dos Santos”, e Jefferson da Silva Lima, “Pelado da Dinha”. A denúncia apontou os crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A justiça aceitou a denúncia do MPF em outubro de 2023.
Três pescadores foram presos na fase inicial da investigação. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados; o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como ‘Dos Santos’; e Jeferson da Silva Lima, o ‘Pelado da Dinha’. Todos teriam participado diretamente do crime e serão levados a júri popular.
Um segurança particular do traficante foi preso em dezembro de 2023. E Jânio Freitas de Souza, seu principal comparsa, detido pela Polícia Federal em janeiro por envolvimento no assassinato de Bruno e Dom.

Autoridades também vinham sendo investigadas, em um inquérito separado, por suspeita de omissão na fiscalização e segurança dos indígenas no Vale do Javari. A Polícia Federal chegou a indiciar o ex-presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Marcelo Xavier, que comandou o órgão no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
*Com informações do Estadão Conteúdo.