Cinco pessoas foram presas, preventivamente, por envolvimento no suposto esquema de espionagem ilegal na estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A ofensiva foi desencadeada pela Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (11).

Além dos pedidos de prisão preventiva, também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, nas cidades de Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP), além do Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O que diz a Polícia Federal n924
Segundo a investigação, os alvos da ofensiva faziam parte de uma organização criminosa que realizava o monitoramento ilegal de autoridades públicas. Segundo a Polícia Federal, o grupo também utilizava os sistemas da Abin para produzir notícias falsas.
O inquérito também aponta que a organização criminosa ou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para fazer a espionagem. Perfis falsos também teriam sido criados pelos integrantes do suposto esquema.
“Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também ou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, afirmou a corporação, por meio de nota.
Os envolvidos são investigados por organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
Como funcionava o esquema de espionagem na Abin q4469
O uso irregular de um sistema da Abin para monitorar autoridades brasileiras, jornalistas e advogados, começou a ser investigado em 2023. Conforme a investigação, o software FirstMile permitia o monitoramento de milhares de pessoas e, em dois anos e meio, mais de 60 mil os teriam sido feitos a ele.
Segundo a Polícia Federal, bastava digitar o número do celular da pessoa a ser monitorada para acionar o sistema de geolocalização e ter o às informações. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos.
Entre os indivíduos monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais, além de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Outras fases da operação 6f1xk
A operação Última Milha, da Polícia Federal, investiga o suposto uso ilegal da estrutura da Abin para espionagem ilegal de adversários políticos da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O esquema teria funcionado na gestão do ex-diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, hoje deputado federal.
No dia 30 de janeiro deste ano, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos:
- Rio de Janeiro (RJ) — 5 mandados;
- Angra dos Reis (RJ), onde estava a família, incluindo Jair Bolsonaro — 1 mandado;
- Brasília (DF) — 1 mandado;
- Formosa (GO) — 1 mandado;
- Salvador (BA) — 1 mandado.
As mensagens obtidas pela Polícia Federal apontam que “o núcleo político [do esquema] possivelmente se valia de Ramagem para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas”.
Em 25 de janeiro deste ano, endereços ligados a Ramagem foram alvos de busca e apreensão. Na data, os agentes estiveram no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados e no aparamento funcional dele, ambos em Brasília.
À época, as investigações apontaram indícios de que Ramagem continuou recebendo informações de dentro da Abin, mesmo após ter deixado o comando da instituição.
*Com informações do R7.