Em novos protestos, manifestantes entram em confronto com a polícia no sul da China 182642

Grandes manifestações ocorrem em todo o país contra as restrições provocadas pela pandemia da Covid-19

Em novos protestos contra as restrições provocadas pela pandemia da Covid-19, manifestantes enfrentaram a polícia na cidade de Guangzhou, no sul da China, entre a noite de terça-feira e a manhã desta quarta (30), de acordo com testemunhas e vídeos divulgados nas redes sociais.

As autoridades chinesas enfrentam o maior movimento de protestos em todo o país desde as manifestações pró-democracia de 1989, que foram brutalmente reprimidas.

Manifestantes protestam contra a política de Covid zero na China – Foto: AFPTV/AFPManifestantes protestam contra a política de Covid zero na China – Foto: AFPTV/AFP

É neste contexto de tensão que Pequim receberá, nesta quarta-feira (30), a visita do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Ele deve se reunir na quinta (1º), com o presidente chinês, Xi Jinping.

Na terça (29), o principal órgão de segurança da China pediu a adoção de “medidas enérgicas”, após vários dias de manifestações.

No último fim de semana, explodiram protestos na capital do país, Pequim, e em outras cidades, como Xangai e Wuhan, e que pegaram desprevenido o poderoso sistema de segurança chinês.

Confrontos 43d3j

Embora as autoridades tenham apertado o cerco para impedir novas concentrações, houve novos confrontos nesta terça (29) entre manifestantes e a polícia em Guangzhou (Cantão), segundo testemunhas e vídeos publicados nas redes sociais e de autenticidade verificada pela AFP.

As imagens mostram policiais com trajes brancos de proteção integral e equipados com escudos, avançando em fileiras em uma rua do distrito de Haizhu, enquanto objetos de vidro eram jogados em sua direção.

Ouvem-se gritos dos manifestantes, enquanto barricadas azuis e laranjas são derrubadas. As imagens mostram, ainda, o momento da detenção de mais de dez homens, que são levados com as mãos algemadas.

Um morador de Guangzhou de sobrenome Chen disse à AFP que viu quase 100 policiais no vilarejo de Houjiao, no distrito de Haizhu, onde pelo menos três homens foram detidos na terça-feira à noite.

Vários bairro de Guangzhou suspenderam, nesta quarta à tarde, as restrições em algumas zonas confinadas, conforme anúncio das autoridades.

Estudantes universitários da cidade relataram que foram obrigados a deixar seus dormitórios terça à noite, ou seriam postos em quarentena, segundo publicações nas redes sociais.

Após os protestos nos campi universitários no fim de semana ado, um número cada vez maior de universidades declarou o início antecipado das férias, forçando os estudantes a voltarem para casa.

Incêndio em confinamento gerou indignação 1i4k5z

A onda de manifestações foi motivada pelo incêndio, na semana ada, em um prédio que estava em confinamento em Urumqi, na região de Xinjiang (noroeste do país).

O incêndio deixou dez mortos e gerou uma onda de indignação contra os confinamentos impostos no país pela pandemia.

Nas redes sociais, várias pessoas disseram que o socorro demorou a chegar, devido às restrições sanitárias, o que foi negado pelas autoridades.

Os protestos também tomaram um rumo político, com alguns manifestantes pedindo a renúncia do presidente Xi Jinping.

Em Pequim e Xangai, a forte presença policial desestimulou qualquer tentativa de manifestação. Na segunda e na terça-feira, houve, no entanto, concentrações esporádicas.

Na universidade mais antiga do território semiautônomo do sul de Hong Kong, um pequeno grupo de pessoas liderava uma multidão aos gritos de “me dê liberdade, ou me dê a morte!”.

“Não somos forças estrangeiras, somos cidadãos chineses. A China deve permitir que diferentes vozes sejam ouvidas”, declarou um manifestante.

Vacinação problemática 6f2g5k

Em Hangzhou, 170 quilômetros a sudoeste de Xangai, pequenas manifestações aconteceram na noite de segunda-feira, apesar da presença da polícia.

Uma testemunha disse que “cerca de 200” policiais e outros agentes da ordem cercaram os manifestantes, antes de colocá-los em uma van.

O rígido controle de informações por parte das autoridades e as restrições sanitárias às viagens dentro da China dificultam a avaliação do número total de manifestantes no país.

Mas uma revolta tão generalizada é incomum, dada a repressão a qualquer forma de oposição direta ao governo chinês.

Embora Pequim ainda mantenha sua rígida política de saúde, houve, nos últimos dias, alguns sinais de relaxamento.

As autoridades também prometeram acelerar a vacinação dos idosos. A taxa insuficiente de vacinação na China, principalmente neste grupo, é um dos argumentos do governo para manter suas medidas restritivas de deslocamento.

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