A luz acesa no bar e a garrafa de cerveja deixada em cima da mesa mostram os rastros de uma chacina que chocou o município de Campo Erê, no Extremo-Oeste de Santa Catarina. Na varanda da casa onde duas, das quatro pessoas, foram assassinadas, também é possível ver calçados revirados, roupas jogadas, manchas de sangue pelo chão e marcas de tiros nos tijolos.

A pacata comunidade de 12 de novembro viveu momentos de terror na noite do último sábado (21), quando dois homens alvejaram um bar e uma casa. Ao todo, nove pessoas foram atingidas e quatro morreram.
Carlos Delfino dos Santos, 63 anos, natural de Saudades; Emídia dos Santos, 53 anos, natural de Campo Erê; Marinalva dos Santos, 18 anos, filha de Emídia; e Ana Cláudia Schultz, 35 anos, natural de Saltinho, foram as vítimas do crime. Carlos e Emídia eram pais de Marinalva, mas a relação entre a família e Ana Cláudia não foi revelada.
O crime ocorreu por volta das 21h30 quando dois irmãos, de 32 e 38 anos, chegaram atirando. Eles desceram por uma estrada até a casa, localizada a 40 metros do bar, e lá mataram um homem e uma mulher. Depois, voltaram ao bar, onde mataram mãe e filha. Ao todo, nove pessoas foram atingidas.
Segundo a PM (Polícia Militar), outros três homens de 26, 41 e 51 anos estavam feridos, sendo que dois não quiseram atendimento médico e um precisou ser levado ao hospital da cidade para avaliação de saúde. Duas mulheres também foram vítimas do ataque, mas a polícia não informou se elas ficaram feridas.

Problemas familiares 3g3uj
Os dois suspeitos pelos assassinatos estão presos. O homem de 38 anos foi preso no sábado, já o de 32 anos se entregou à Polícia Civil de Saltinho na manhã desta segunda-feira (23).
Conforme o delegado de Polícia Civil, Whilherm Negrão, o homem confessou, em interrogatório, a autoria dos crimes e disse que desde a data dos homicídios estava escondido numa mata.

Na madrugada desta segunda, o homem foi até sua casa, na fazenda onde trabalhava, localizada na Linha Scopel, no interior do município de Saltinho, e pediu ao seu patrão para que o acompanhasse até o Grupamento da Polícia Militar, no Centro da cidade.
No local, foi cumprido o mandado de prisão preventiva, que já havia sido feito pela Polícia Civil logo após a chacina. O homem apresentou uma espingarda, calibre 12 GA que, segundo ele, teria sido a utilizada nos crimes.
Com ela, foram entregues sete munições do mesmo calibre. O delegado explica que a prisão provisória é temporária e, por se tratar de crime hediondo, terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período. Além disso, pode ser decretada a prisão preventiva.
Segundo Negrão, o homem confessou a autoria. Ele disse que a motivação foram questões familiares, as quais não foram detalhadas pelo delegado. Ele também alegou que antes de atirar foi atacado por uma das pessoas que depois acabou sendo morta. Argumentou, ainda, que agiu em legítima defesa.
Ao final do depoimento à Polícia Civil, o homem manifestou arrependimento. Após ser interrogado, foi encaminhado à UPA (Unidade Prisional Avançada) de São José do Cedro. As investigações prosseguem para esclarecimento dos fatos.
A audiência de custódia do acusado pelos disparos foi agendada para 14h desta terça-feira (24).
Vizinho ouviu tiros 14f6w
“Fui pegar uma caixa de cerveja no freezer e quando coloquei a chave na porta [do mercado] para abrir escutei o tiroteio. Me assustei, porque aqui, que a gente soubesse, ninguém tinha inimizade”. O relato é do comerciante Gonçalves da Silva, que ouviu os tiros da chacina.
O comerciante tem um mercado ao lado do bar e da casa onde tudo aconteceu. Ao todo, nove pessoas foram atingidas, segundo a polícia. Ele conta os momentos de tensão que viveu. Pouco antes do tiroteio iniciar, ele estava no bar jogando truco, mas resolveu ir para casa.

“Parece que alguma coisa me avisou. Tive um sentido espiritual de sair e vim para casa. Talvez, pudesse ter sido atingido também (sic)“, comenta Gonçalves.
Ele era vizinho das vítimas e afirma que todos eram boas pessoas. A convivência era harmônica e, muitas vezes, eram os primeiros clientes do dia no mercado. Ao ouvir os tiros, pediu para que a esposa não saísse de casa e ambos se esconderam com medo de uma bala perdida.
“Foi assustador. Foi bastante tiro, de revólver, de 12. Nunca vimos uma coisa dessas”, afirma.
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Chacina deixou quatro pessoas mortas em Campo Erê. – Vídeo: Willian Ricardo/ND